Clipping Banco Central (2020-08-11)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Correio Braziliense/Nacional - Política
terça-feira, 11 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

dependendo de quem for capaz de manter o
partido unido e tecer uma aliança ampla.


Novas bases
Bolsonaro está descobrindo as vantagens da
governabilidade, depois de quase pôr seu
governo a perder numa trajetória suicida de
confronto com os demais Poderes, ameaçando
as instituições da democracia representativa.
Por muito pouco não pautou o seu próprio
afastamento pelo Congresso. Parece que os
militares que ocupam o centro do poder no
Palácio do Planalto finalmente conseguiram
levar o governo a um ponto de equilíbrio
institucional, na medida em que Bolsonaro
colhe os frutos do pacote de medidas de
emergência aprovadas pelo Congresso para
combater os efeitos dramáticos da crise. Esse
é outro elemento que explica os novos rumos
adotados. Está havendo uma mudança de
composição na base social de apoio ao
governo: ao mesmo tempo em que perde apoio
da classe média, cresce o prestígio de
Bolsonaro com a população mais pobre do
país, principalmente do Norte e Nordeste.


De um lado, o caso Fabrício Queiroz, ex-
assessor parlamentar do senador Flávio
Bolsonaro (Republicanos-RJ), seu filho, e
amigo do presidente da República, afasta cada
vez mais a bandeira da ética do atual governo
e, consequentemente, uma grande parcela da
classe média. Blindado pela Constituição,
Bolsonaro não pode ser investigado, mas a
primeira-dama Michelle Bolsonaro pode. Além
disso, o ex-ministro da Justiça Sergio Moro é
identificado como o grande protagonista da
Lava-Jato; seus adversários, dentro e fora do
governo, não conseguem desconstruir essa
imagem. Em contrapartida, a aliança com o
Centrão juntou a fome com a vontade de
comer: o inesperado apoio popular conquistado
com a migração das parcelas mais pobres da
população do Bolsa Família para o abono


emergencial e a aliança com os políticos
patrimonialistas do Norte e Nordeste, que
sempre souberam manipular as carências
populares dessas regiões.

Toda calmaria, porém, precede a tempestade.
O cenário da economia para o segundo
semestre e 2021 não é nada bom. Com uma
dívida interna de R$ 6,1 trilhões, que equivale a
85,5% do PIB, a dívida pública deve saltar de
75,8% para mais de 100% em 2022. A disputa
em torno da manutenção ou não do "teto de
gastos", apontada pela maioria dos
economistas como condição para "achatar a
curva" da dívida, está instalada dentro do
próprio governo, entre a equipe econômica e os
ministros militares, e no Congresso. A linha que
separa um governo conservador do populismo
de direita está sob forte pressão, exacerbada
ainda mais pela aproximação das eleições
municipais. Os dados estão sendo lançados.

"A disputa em torno da manutenção ou não do
"teto de gastos", apontada como condição para
achatar a curva da dívida pública, está
instalada dentro do governo e no Congresso"

Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas
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