Clipping Banco Central (2020-08-11)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Correio Braziliense/Nacional - Economia
terça-feira, 11 de agosto de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central

Sem complemento, teto morrerá


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É chocante que as pessoas não tenham
percebido a brutal deterioração nas contas
públicas causada pela forte subida dos gastos
com a Previdência dos servidores de 2011 para
cá, diante do rápido envelhecimento do
contingente de ativos e outros motivos
relevantes. Isso aconteceu tanto na União como
nos estados e municípios. E, na verdade, essa
situação continuará se deteriorando até quando
se tomar alguma providência efetiva para
corrigir a raiz do problema.

As estatísticas oficiais estão aí para comprovar
esse resultado indesejável. Primeiro, os deficits
correntes dos Regimes Próprios (RPPS)
explodiram. Nos estados, entre 2006 e 2011,
oscilavam entre R$ 22 bilhões e R$ 25 bilhões.

Dali em diante, só cresceram, atingindo R$
101,9 bilhões em 2018, em estimativa
preliminar. Por conta disso, os deficits
orçamentários estaduais totais (maiores que os
calculados pelo Banco Central, por serem
apurados ainda com gastos autorizados e não
com os transitados no caixa), que oscilavam em
torno de zero, subiram para a média anual de
R$ 18 bilhões nos mandatos precedentes (2015-
18). Daí, mesmo contrariando a Lei de
Responsabilidade Fiscal, foram deixados
atrasados, de cerca de R$ 100 bilhões, para os
atuais mandatários administrarem. Sem apoio
da União, calotes são impetrados em
fornecedores e dirigentes se sujeitam a
punições severas. É puro caos.

Já na União, que tem a vantagem de poder
emitir moeda para financiar seus deficits totais,
o deficit anual do RPPS acaba de se mostrar de
magnitude comparável ao do conjunto dos
estados: R$ 78,8 bilhões em 2019. Daí a rápida
reviravolta dos resultados primários
superavitários (excedentes de receitas sobre
gastos não financeiros), observados até 2013 e
que haviam atingido o pico de R$ 93 bilhões em
2011, para deficits acima de R$ 100 bilhões
desde então. Ou seja, os chamados gastos
obrigatórios da União (que incluem os deficits
dos RPPS) vêm, aos poucos, imprensando os
gastos discricionários na parede, a ponto de
estes, dado o famoso“teto dos gastos”, se
situarem em níveis incapazes de assegurar
investimentos públicos mínimos e gastos
mínimos também como chamado custeio da
máquina.

É duplamente chocante, então, que tantas
autoridades e personagens ilustres se
posicionem, sem entrar nos detalhes de
qualquer coisa, em uma defesa pura, simples e
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