Clipping Banco Central (2020-08-11)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


O Estado de S. Paulo/Nacional - Espaço Aberto
terça-feira, 11 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

caminho. Na ciência não pulamos etapas e não
temos atalhos, mesmo que o caminho seja
longo. A ciência comprovou a eficácia das
máscaras e o efeito positivo do distanciamento
social para a redução da pressão no sistema
de saúde. Avanços nos testes diagnósticos e
estudos epidemiológicos permitem o
mapeamento mais preciso da expansão da
doença. Novos medicamentos estão sendo
testados e a tão necessária vacina está a
caminho.


Nesse período, a ciência brasileira mostrou o
seu enorme potencial e sua prontidão. Por
décadas vivemos o debate de financiamento
em pesquisa, que é escasso e intermitente. A
comunidade científica pôs-se à frente desses
desa- fios. Isso foi possível pela excelência dos
cientistas brasileiros, que investiram na causa
do conhecimento e na formação de brilhantes
jovens pesquisadores. Há também que
reconhecer a importância dos órgãos
reguladores, que foram céleres e sensatos em
suas decisões. Mas, principalmente,
reconhecer a força da colaboração.


Hoje, projetos colaborativos se sobrepõem às
iniciativas isoladas. A parceria entre grupos,
instituições acadêmicas e privadas trouxe
oportunidades e soluções até então raras. Essa
rede permitiu colaborações entre instituições
que, embora possam parecer concorrentes,
têm a preocupação genuína do melhor cuidado
ao paciente. Juntas, indústria e academia
desenvolveram novos equipamentos, métodos
diagnósticos e tratamentos. Avanços
importantes foram protagonizados pela ciência


brasileira e reconhecidos internacionalmente.

Como cientista brasileiro, destaco importantes
contribuições da nossa comunidade. É
consenso que a saída da pandemia está no
desenvolvimento da vacina. Se hoje discutimos
a possibilidade de produção de imunizantes no
Brasil, é, em parte, pela excelência de recursos
humanos existentes no Instituto Butantan e na
Fiocruz. Se faltava a infraestrutura e obras para
tornar viável a produção local, a iniciativa
privada entendeu a necessidade e entrou no
projeto. Ao final, teremos o legado de novas
plantas para aumentar nossa produção de
biofármacos e vacinas.

Tivemos também um destaque relevante com
publicação no New England Journal of
Medicine, a mais conceituada revista médica
do mundo, de pesquisa conduzida pela
Coalizão Covid-19 Brasil, grupo colaborativo
liderado por seis hospitais e duas redes de
pesquisa, que contou com a participação de 55
hospitais pelo Brasil. Um trabalho 100%
nacional, desenhado, financiado e produzido
pela ciência brasileira e por uma indústria
farmacêutica também nacional.

Para os que insistiram no atalho, os resultados
foram nefastos, pois viram seus trabalhos
sofrerem revogações das publicações e sua
reputação sendo contestada pela comunidade
científica. Sem o suporte da melhor evidência,
anteciparam-se com práticas não
comprovadamente eficazes, pondo em risco a
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