Clipping Banco Central (2020-08-11)

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Banco Central do Brasil


O Estado de S. Paulo/Nacional - Notas e Informações
terça-feira, 11 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

O governo fictício de Mourão


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Com palavras civilizadas, incomuns na atual
diplomacia brasileira, o vice-presidente Hamilton
Mourão discursou como representante de um
governo imaginário, ao participar de evento
ibero-americano organizado pelo Conselho
Nacional de Justiça (CNJ). Ele pode ter
manifestado suas ideias, ao falar em
compromisso com "parâmetros globais de
sustentabilidade" e com o multilateralismo, mas
esses valores têm sido rejeitados, de forma
persistente, pelo presidente Jair Bolsonaro e por
vários ministros. A noção de uma ordem
multilateral é hoje igualmente execrada no
Palácio do Planalto e na Casa Branca, endereço
do guia e modelo do principal mandatário
brasileiro.

"Executamos medidas urgentes para conter o
desmatamento e as queimadas e estamos
construindo um planejamento para médio e
longo prazos para a Amazônia Legal", disse o
vice. Ele usou a primeira pessoa do plural, mas
faltou detalhe importantíssimo - esclarecer a
quem se refere o pronome "nós".

Haverá nesse pronome uma referência ao
ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles?
Nesse caso, como dar conta de sua tentativa,
há poucos dias, de baixar a meta de redução do
desmatamento? Mais difícil, ainda, é explicar a
posição do presidente da República, crítico das
informações ambientais do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (Inpe), protetor do ministro
Salles e apoiador de suas ações contra o
Ibama.

Na Amazônia, admitiu o vice-presidente, o
desmatamento em 2020 poderá ultrapassar o do
ano anterior. Se houver necessidade,
acrescentou, o governo poderá manter até 2022
a ação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO),
usando a força militar para proteção do
ambiente.

Mas o general Mourão foi além, ao comentar a
importância da preservação ambiental para o
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