Clipping Banco Central (2020-08-11)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


O Estado de S. Paulo/Nacional - Notas e Informações
terça-feira, 11 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

sucesso comercial do agronegócio. O aumento
dos crimes ambientais, afirmou, expõe o
agronegócio a campanhas difamatórias e a
políticas protecionistas no exterior.


O problema é real. Essas campanhas, no
entanto, são favorecidas por ações e atitudes
do presidente e de outras autoridades,
pormenores omitidos pelo vice-presidente. Mas
ele mostrou realismo - virtude rara, no governo,
quando se trata dessas questões - ao
mencionar a importância, para as empresas, de
apresentar boas "credenciais ambientais,
sociais e de governança".


Além do vice-presidente, só a ministra da
Agricultura, Tereza Cristina, tem mostrado
percepção dos problemas criados pelo
presidente, por ministros e por pessoas
próximas da Presidência, quando defendem o
afrouxamento da defesa ambiental ou ofendem
parceiros comerciais.


Ainda falando em nome de um governo que
não deveria ser imaginário, o vice-presidente
mostrou pesar pela morte de mais de 100 mil
pessoas pela covid-19. "São perdas
irreparáveis, que colocam toda a nação em
luto", afirmou. O presidente só mencionou o
assunto quando foi inevitável, nos últimos dias,
sempre mostrando impaciência e logo
passando a outro tema. "Vamos tocar a vida",
foi a frase de Bolsonaro, na quinta-feira, logo
depois de comentar com o ministro da Saúde a
proximidade do número 100 mil.


O general Mourão mencionou ainda os
desafios da recuperação econômica e falou
sobre prioridades da política econômica e
sobre a pauta de reformas. Nessa altura,
aproximou-se mais da realidade do atual
governo. Isso em nada enriqueceu o discurso.
Poderia tê-lo piorado, se o vice-presidente se
dispusesse a defender, como há poucos dias, a
criação de um tributo semelhante à CPMF.

Esse tributo será necessário, segundo o
ministro da Economia, para permitir a
desoneração da folha de pagamentos. O vice-
presidente incorporou esse argumento. Não lhe
ocorreram, aparentemente, duas perguntas
simples e óbvias: 1. Por que só a CPMF, uma
aberração execrada na maior parte do mundo e
condenada, no Brasil, por economistas de
primeiro time, tornará possível aquela
desoneração? 2. Foram examinadas outras
soluções?

Mas o discurso ficou longe desses detalhes.
Assim, pôde soar como se refletisse ideias e
atitudes de um governo organizado, moderno e
guiado por valores civilizados.

Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas
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