Dragões - 201706

(PepeLegal) #1
REVISTA DRAGÕES junho 2017

O CESTO DA MINHA VIDA #48


O TÍTULO


NUMA BANDEJA


Uma penetração, aparentemente simples e sem segredos,
ou um triplo de nove metros na cara do adversário?
Qual escolheria? Pois, um lançamento exterior, e dali,
àquela distância, sugere sempre uma enorme dose de
espetacularidade, mas Rui Santos prefere o outro, aquele que
distingue como o cesto da vida dele. Fique a saber por quê.

TEXTO: ALBERTO BARBOSA

Oliveirense-FC Porto, 72-74
Final dos Playoffs, Jogo 4
Pavilhão dr. Salvador Machado,
em Oliveira de Azeméis
27 de abril de 1997

Na verdade, aquele cesto, que aceitou recriar
a desafio da DRAGÕES, tinha nascido para ser
uma assistência. Em traços gerais, Rui Santos
forçaria a penetração, atraindo a oposição
dos adversários enquanto criava condições
para um lançamento confortável. Na altura
certa, e com o cronómetro a correr para o final,
escolheria o momento e o destinatário do passe.
Era assim, como uma manobra de diversão, que
Jorge Araújo tinha desenhado o lance no último
time-out em Oliveira de Azeméis.
Mas não foi exatamente assim que Rui Santos

executou. Com quatro segundos para jogar e o
título ao alcance de um cesto, o base recebeu
a bola de Jared Miller e colocou em prática a
primeira parte do plano: deixou um adversário
para trás, driblou entre outros dois e seguiu para
o cesto, sempre com o pavilhão em suspenso
e à espera do passe. “Não foi por acaso que
colocámos um jogador à direita e outra à
esquerda”, observou. Atentos, mais atentos
do que todos os outros, Paulo Pinto e Kevin
Nixon aguardavam o instante em que seriam
chamados a decidir. Qual deles, só Rui sabia.

Mas não, de repente Rui já não sabia. Sem
aviso, as circunstâncias pediam-lhe já que
improvisasse. “Comecei a ver os espaços a
abrir à medida que fui avançando”, conta. E o
passe, que todos davam por garantido, já não
saía. “Quando eles começaram a ficar na dúvida
em relação ao que eu faria a seguir, percebi
claramente que com a velocidade a que ia só
me restava uma alternativa. Tinha que finalizar”.
Foi o que fez. Quando os dois opositores que
restavam resolveram fechar, já era tarde. Rui foi
até ao fim. “Acabei por ser feliz”, sorri.

(^1) UM CESTO COM 20 ANOS

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