REVISTA DRAGÕES junho 2017 REVISTA DRAGÕES junho 2017
HÓQUEI EM PATINS #55
“FAZENDO AS CONTAS, TODOS
SABÍAMOS QUE O ÚNICO
RESULTADO QUE INTERESSAVA
AO BENFICA ERA O EMPATE,
POIS ERA O ÚNICO QUE OS FAZIA
DEPENDER DELES PRÓPRIOS.”
sido assinaladas a nosso favor. Coincidência
ou não, nas imagens vê-se perfeitamente quem
nos apita esses lances. E nós percebemos logo
ali o que se está a passar.
Controlar o jogo nesses moldes torna-se mais
difícil?
Tínhamos um plano de jogo. O treinador
pediu-nos para usarmos os bloqueios diretos
para libertar o portador da bola. A Oliveirense
tenta, e bem, uma forma de contrariar isso, mas
a forma que arranjou foi fazer faltas sobre o
bloqueador. É óbvio que eles se podem proteger
do bloqueio, mas transformar uma falta que é a
nosso favor numa contra nós condiciona-nos
completamente. Quando as coisas são justas
nós metemos a viola ao saco. Fazer as coisas
bem e abortarem-nos o jogo a meio é muito
complicado. E se metade das faltas foram
bloqueios, as outras foram simulações.
Há um lance de difícil análise, do Gonçalo
Alves, em que a bola percorre a linha sem ser
possível saber se entrou ou não. Qual a sua
opinião?
Estava na área, mas esse é um lance difícil.
Tenho a capacidade de ver que era muito difícil
para o árbitro ter certezas se a bola entra ou não.
Não discuto. Quero acreditar que o árbitro não
marcou porque não viu e que sem certezas
decidiu deixar o jogo seguir.
Mais difícil de ver é o penálti com o jogo
empatado a cinco golos.
Após um remate à nossa baliza, o Nélson
defende a bola e as regras dizem que o guarda-
redes não a pode tornar invisível [escondê-la sob
o corpo]. Mas dá perfeitamente para ver que a
bola cai no meio das pernas dele, perfeitamente
jogável. Tanto que há dois jogadores adversários
a procurar a recarga. E o árbitro o que faz? Marca
penálti, porque viu a bola presa... mas para isso
não devem passar alguns segundos? Ele deve
ter sido o único a interpretar assim. Mal vê a
bola a cair assinala penálti. É outra das situações
que dá bem para ver na imagens. Tudo isto ao
mesmo tempo que há uma clara falta atacante
sobre o Rafa.
Além da polémica, que análise faz ao jogo?
São duas equipas com um forte pendor atacante.
As duas privilegiam o hóquei espetáculo e quem
viu na televisão ou no pavilhão presenciou isso.
Um jogo intenso, que todos gostam de ver, e
que até dois minutos do fim foi extremamente
correto, duro, mas com o respeito de toda a gente.
Apesar dos fatores externos que já sabíamos que
iriam existir, mantivemo-nos sempre no nosso
registo e ambas as equipas estão de parabéns. É
disso que as pessoas se devem recordar.
E como foi chegar ao balneário depois disto
tudo?
Eu já lá estava. Ver que eles chegaram com
o empate depois de tudo estar a correr de
feição para o nosso lado é revoltante, apesar
de termos saído de consciência tranquila. Isto
é um exemplo do que o desporto não deve
ser. Quando um resultado parece programado
a favor de uma terceira equipa sentimo-nos
impotentes. Esta instituição não está a ter o
respeito que merece. Parece que estão a fazer
as coisas de propósito e é o trabalho de um ano,
de muita gente, que está em causa. Se estávamos
a ser mais fortes naquele jogo, é revoltante para
nós saber o por quê de não conseguirmos os
nossos objetivos.
Emocionalmente é difícil gerir o facto de
falhar a fase decisiva do campeonato?
É difícil deixar de jogar, porque é uma tremenda
injustiça. As imagens provam-no. Quem atribui
o castigo vê as imagens e só não despenaliza se
não quiser. E se não quer é porque alguma coisa
se passa. Quem vê, vê bem, e ao ver só tem que
despenalizar. Para mim é complicado ficar de
fora destes jogos, ainda para mais depois do que
se passou. E sinceramente nunca acreditei que
a decisão pudesse ser outra, porque nesta fase
não havia interesse em fazê-lo.
A vitória sobre o Benfica foi a melhor resposta
que a equipa poderia ter dado?
Claro, isso e ganhar os outros dois jogos do
campeonato. Nós temos que fazer o nosso papel.
Se os outros fizerem o deles e ficarem na frente,
parabéns. Mas não nos prejudiquem no nosso.
Em Barcelos, por exemplo, perdemos bem e
chegámos ao fim tristes connosco, porque não
fizemos bem o nosso trabalho. Agora, quando
saímos do jogo a pensar que não nos deixaram
ganhar... é complicado.