Dragões - 201808

(PepeLegal) #1
Segunda vitória, segunda ovação. Alarcón ganhou
a Volta outra vez, mas só atingiu o topo das
emoções no estádio. Impressionado e arrepiado
com a homenagem, levou um banho de multidão,
foi líder de claque, será “portista para sempre”,
mas ainda não conheceu Casillas, “o melhor
guarda-redes do mundo”. Talvez à terceira, Raúl...

TEXTO: ALBERTO BARBOSA

Quando Raúl Alarcón surgiu à
boca do túnel e se encostou à
parede de cimento, Brahimi já
tinha marcado e André Pereira
também. Ele, Alarcón, que em
pequeno tinha sonhado com
estádios cheios e bola no pé,
preparava-se para pisar o relvado
outra vez, sensivelmente um ano
depois do primeiro momento de
consagração. De camisola amarela
vestida, olhava demoradamente
os jogadores, os adeptos e a
operação de segurança quando
o interrompemos. Esfregou os
braços para atenuar o efeito
pele de galinha e quase pediu
desculpa: “Impressiono-me
sempre que entro aqui”.
Gustavo Veloso sorria, João
Gonçalves pasmava, Ricardo
Mestre observava e António
Carvalho delirava. Apontava para
o topo norte e mostrava o lugar
anual de onde assiste aos jogos.
“Está a ver aquela publicidade da
Coca-Cola mais acima e aquela
entrada ao lado? Pronto, é mesmo
ali”. No segundo imediato voltava

a pular, a rir e a reconhecer amigos
e admiradores nas bancadas. Raúl,
mais calmo, estava “agradecido
a todos eles” e seguro de que
“sem uma grande equipa não
se ganha uma grande volta”.
Naquele momento, só a
serenidade de César Fonte,
que agradeceria o “carinho” e o
“reconhecimento” mais tarde, nas
redes sociais, batia a expressão

LA MÁQUINA


TAMBÉM SUBIU AO DRAGÃO


CICLISMO #48


do camisola amarela. Mas não
por muito, só ao sprint. “É verdade
que sou uma pessoa bastante
tranquila, mas na estrada, quando
estou em competição, sou
precisamente o inverso”, explicava
Alarcón. “Tento sempre dar o
máximo e tirar tudo da corrida”.
Fazia o mesmo ali, parado,
braços cruzados e sem o menor
propósito de dissimular a alegria
que o momento lhe despertava.
E foi precisamente ali, entre o
quase anonimato no túnel e
a ovação no relvado, que lhe
pedimos o impossível: que
escolhesse entre a primeira e a
segunda vitória na Volta. “Fico
com as duas”, riu. Mais a sério,
explicou por quê: “Ganhar pela
primeira vez foi muito emotivo e
este ano foi tudo diferente, com
outro sabor. Ganhámos etapas,
ganhámos a montanha, ganhámos
individualmente, ganhámos
por equipas. Gostei muito
desta Volta, mas não consigo
escolher entre uma e outra.”
Eleger a etapa que mais o

marcou foi muito mais fácil. Na
verdade, foi aquela que mais
marcou Rui Vinhas também,
que ainda exibia as feridas da
queda sofrida na ligação entre
o Sabugal e Viseu. “Ganhei três
etapas, mas aquela foi a que mais
mexeu comigo. Ficámos todos
muito preocupados e nervosos
com aquilo que lhe aconteceu
e o que ele fez foi incrível. É um

1948
Fernando Moreira

1959
Carlos Carvalho

1950
Dias dos Santos

1961
Mário Silva

1949
Dias dos Santos

1960
Sousa Cardoso

1952
Moreira de Sá

1962
José Pacheco

“Que posso dizer? Estou


supercontente e a equipa também.


A forma como os adeptos nos


recebem é impressionante.


Muito obrigado, grandíssimos.”

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