A Bola - 20200801

(PepeLegal) #1

Sábado
01 agosto
2020


Barba e cabelo Por LU ÍS A FO NSO


MEMBRO HONORÁRIO DA ORDEM DO INFANTE D. HENRIQUE


  • MEDALHA DE MÉRITO DESPORTIVO


Quanto mais


incerteza, mais


protocolos


A


última jornada da Se-
gunda Divisão ensinou-
-nos: isto consiste em jo-
gar fazendo equilíbrios
sobre a fatalidade até que
se encontre a vacina. Mas a gestão
da incerteza não pode depender
apenas de bons reflexos para en-
frentar os imprevistos. Se se de-

cide, para evitar desvantagens, que
todos os jogos se realizem à mes-
ma hora, é lógico que a suspensão
de uma partida, ainda que devido
a forças maiores, crie uma sensa-
ção de caos e sentimento de in-
justiça. Assim como se ativaram
protocolos eficazes para reduzir o
máximo de contágios, há que le-
gislar para que, da próxima vez
que surja um contágio antes de um
jogo, La Liga saiba como atuar. E
terá de fazê-lo com o consenso de
todos os clubes antes que comece
o próximo campeonato, para que
saibam com o que podem contar

lhido foi Javier Tebas. Desde os an-
típodas ideológicos, direi que Te-
bas fez mais pelo futebol espanhol
que todos os seus críticos juntos.
Não sei como sairá desta, mas não
será a recuar porque o seu estilo é
a frontalidade. Desde que chegou,
La Liga é mais rica, mais democrá-
tica na distribuição do dinheiro,
mais rigorosa no respeito contra-
tual, mais digna no cuidado dos
cenários e mais respeitosa com o
sentido da identidade. Ninguém
fez mais ou arriscou mais para que
La Liga terminasse. É melhor não
escutarmos os seus críticos para
não sermos enganados.

City-Real-


-Silva-Ferran


E


NTRETANTO vem aí a
segunda mão do Man-
chester City-Real Madrid
em condições peculia-
res. Quatro meses depois
do jogo da primeira mão, em ple-
no agosto, com o estádio vazio...
Mas será um grande jogo de fu-
tebol. Joga o Real Madrid, que
mostrou os dentes em La Liga e
nunca perde a sua garra na Cham-
pions, contra o City de Guardio-
la que não sabe jogar mal. Mas se
você for um sibarista, observe
David Silva a dar o seu último
concerto futebolístico em Ingla-
terra. Um jogador imenso de jogo
pausado, delicado e fino, que se
converteu em lenda num país que
ama o jogo exaltado, áspero e cor-
tante. O que é bom há de ser! Que
nos devolvam, que aos seus 34
anos La Liga saberá como des-
frutar dele. Por aqui sobra talen-
to, assim que consolaremos o City
enviando-lhe Ferran Torres, um
desses extremos sem os quais Pep
não saberia viver.

Por
JORGE VALDANO

desde o primeiro minuto e nin-
guém se sinta em desvantagem.
Decidir em cima da marcha só nos
leva ao tribunal mais próximo.

Culpado?


E


LES sabiam, eles tinham
advertido, eles são os pro-
fetas do dia seguinte, que
saíram em turbilhão à pro-
cura de um culpado. De
um apenas, se possível, porque o
tiro ao alvo é o desporto favorito
dos adivinhos de ontem. E o esco-

Tebas e o senhor Lobo


Também se perdem
corridas na última
curva e a cadeia
de consequências
pode ser infinita.
Aconteceu no
Fuenlabrada, na
Segunda Divisão

P


ROTOCOLOS apertados
e um comportamento
responsável ajudaram à
realização impecável de
La Liga até ao final do
campeonato mais arriscado da
história do futebol. Felicitámo-
-nos mas, para evitar imprudên-
cias, excessos de confiança ou
acidentes, o futebol espanhol te-
ria precisado solenemente do se-
nhor Lobo de Pulp Fiction, que
nos teria advertido: «Não atirem
já os foguetes.» Porque também
se perdem corridas na última
curva e a cadeia de consequên-
cias pode ser infinita. Aconte-
ceu no Fuenlabrada no último
jogo da Segunda Divisão, com os
seus contágios em série que dei-
xaram a tremer um futebol cada
vez mais vulnerável, confundi-
do e desonesto. Vulnerável por-
que ainda perguntamos o que
acontecerá na próxima época.
Confundido porque, após o epi-
sódio, não sabemos quem man-
da. E desonesto porque inevita-
velmente apareceram os que
tentam aproveitar este episódio
para salvar o fracasso de toda
uma temporada.


VITOR GARCEZ/ASF

«Procuraram um culpado. O tiro ao alvo é o desporto favorito dos adivinhos de ontem»

O jogo infinito

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