Record - 20200801

(PepeLegal) #1
19
1 de agosto de 2020

Boavista. Se aceitar a venda, vou
ficar na história. Mas vou diminuir
o peso da responsabilidade se
transportar para os sócios essa de-
cisão. Agora, eu estou convicto de
que este tem de ser o caminho.
+ Teme que, com a situação do
Aves, possa ter resistências neste
processo?
VM - A melhor forma de tranqui-
lizar os sócios é com o trabalho que
está a ser projetado. É verem, com
os próprios olhos, o que está a ser
feito pelo Gérard, pelo Luís Cam-
pos, pelo Admar Lopes , em con-
jugação comigo. E nenhuma deci-
são será tomada sem o aval dos só-
cios.
+ Olhando ao tempo curto de
preparação para a próxima épo-
ca, este é um processo que tem
que ser acelerado?
VM - Esse é um dos objetivos pelo
qual o Luís Campos e o Admar Lo-
pes cá estão. Percebemos que, se
isto não for feito agora, perdemos
o barco. Queremos criar condi-
ções, quer em termos de infraes-
truturas, quer em termos de atle-
tas, que nos permitam fazer uma
excelente época. E eu tanto mais
acredito num investidor quanto
mais ele continua a investir no
Boavista sem ter a certeza de que
vai ficar detentor das participa-
ções sociais. O Gérard está neste
projeto para ganhar dinheiro, mas
também com um elo emocional.
Gosta do Boavista.
+ Tudo o que está a acontecer
permite olhar para metas mais
ambiciosas na próxima época?
VM - A constituição da equipa, a
escolha da equipa técnica e a cons-
trução das infraestruturas leva-
-nos a crer que é possível. O obje-
tivo é estarmos lá em cima. O
Boavista não pode continuar a es-
tar no 12º lugar. Nós queremos
chegar e estar lá em cima, mas
também não podemos almejar a
ter grandes equipas se não houver
dinheiro para pagar aos atletas.
Isso na minha presidência nunca
irá acontecer O Gérard vai dar-
-nos esse ‘input’ financeiro que
permite lutar por outros lugares
mas sem deixar de cumprir com as
nossas obrigações.
+ Falando a longo prazo, que im-
pacto pode ter este passo no su-
cesso do clube?
VM - Nós queremos um cresci-
mento sustentado, acima de tudo.
Queremos estar lá em cima, lutar
por lugares cimeiros e, para isso,
precisamos de sustentação finan-
ceira, de estruturas e sucesso des-
portivo, mas sempre num cresci-
mento sustentado. Não podemos
passar do 8 para o 80. Não pode-
mos pensar que vamos ser cam-
peões no próximo ano ou que va-
mos à Liga dos Campeões. Dar um
passo maior do que a perna fez
com que estivéssemos nesta situa-
ção agora. *

“Vasco Seabra


vai fazer um


grande Boavista”


çQue avaliação faz da tempo-
rada passada?
VM – Tendo em conta os atletas e
tudo o que tínhamos projetado,
não correu bem. Tínhamos equipa
para fazer melhor. Foi uma época
para esquecer, como diz o sócio.
+ A dada altura trocou Lito Vidi-
gal por Daniel Ramos. Pensou
numa solução a curto prazo?
VM – A escolha do Daniel teve um
objetivo. O Lito tinha uma forma
de jogar e nós não podíamos con-
tratar um treinador com um estilo
totalmente diferente. Sabíamos
que o Daniel traria um ‘input’ po-
sitivo, mais qualidade, mas tam-
bém percebemos que, para valo-
rizar jogadores, precisávamos de
um treinador diferente. Ficou
acordado um contrato de meia
época e uma conversa mais à fren-
te. As coisas não correram como
pensávamos e nem foi um divór-
cio, foi uma separação.
+ Daniel Ramos disse que havia
proposta para um ano e meio.
VM – É verdade. Falou-se ou meio
ano, ou ano e meio, mas o próprio
Daniel entendeu que preferia seis
meses e nós aceitámos. Mas dei-
xe-me que diga que foi das me-
lhores pessoas que passou por este
Boavista.
+ Ainda assim, notou-se algum
desconforto no final da época por
conversas que não existiram.
VM – A partir do momento em que

um treinador transmite isso numa
conferência, fecha-se qualquer
possibilidade de falar comigo.
Qualquer resposta seria pela co-
municação social e eu não o faço.
No Boavista quem quer falar com o
presidente, marca e fala direta-
mente.
+ Olhando para a próxima épo-
ca, apostar num treinador como
Vasco Seabra é um risco ou não?
VM –Nós olhamos para o Vasco e
percebemos que ele tem muito a
dar ao futebol português. É uma
das novas promessas do futebol
português. Conhecemos a forma
de jogar e vai ser uma mais-valia
para o Boavista.
+ Considera que está preparado

para uma nova experiência na 1.ª
Liga? Acha que o Boavista fará
dele um grande treinador?
VM –O Boavista vai fazer do Vasco
Seabra um melhor treinador, por-
que ele já é um grande treinador, e
ele vai fazer um grande Boavista.
+ Foi fácil convencer os investi-
dores de que esta era a escolha
certa?
VM –Foi fácil porque o Luís Cam-
pos e o Admar Lopes já conheciam
o Vasco Seabra. Perceberam que

era o homem certo.
+ Não foi uma contratação con-
sensual nas redes sociais.
VM –Nenhum clube funciona pe-
las redes sociais. O que posso dizer
é: olhem para o trabalho que fez e
apoiem o Boavista. Vão ver que te-
mos aqui um grande treinador.
+ Em termos de plantel, qual
será a política de contratações?
VM –O objetivo será termos jo-
vens valores para rentabilizar e daí
fazermos aquilo que é pretendido
no futebol moderno. Ter boa equi-
pa, rentabilizar para depois trans-
ferir e fazer bons encaixes.
+ Esta ponte com o Lille será im-
portante para dar qualidade à
equipa?
VM –Temos a trabalhar no Boa-
vista o professor Luís Campos e o
professor Admar Lopes. Presen-
cialmente, mais o professor
Admar Lopes que está cá todos os
dias. Tem visto comigo uma série
de jogadores para fortalecer o
Boavista. O Boavista jamais será
um satélite do Lille. Vai ser um
projeto autónomo. Acreditamos,
pelos jogadores que temos con-
tactado, que vamos ter uma gran-
de equipa. *

ENTREVISTA VÍTOR MURTA


“Helton? Justo
era 100 milhões”

çAlém do Boavista LAB e
da reformulação do campo
de treino, há mais projetos
em vista?
VM – Eu acho que qualquer
clube de futebol tem de ter
um centro de estágio. Neste
momento, não temos condi-
ções para o fazer, mas é um
projeto que está em cima da
mesa para o futuro. Esse é o
objetivo. Será no próximo
ano? Não, mas no futuro,
sim. O meu sonho é que os
adeptos venham ao Bessa e
tenham sempre algo para
ver. Isso passa por colocar o
futebol num centro de está-
gio e trazer a formação para
os relvados que temos no
Bessa. Gostava também de
construir um pavilhão para
as modalidades. Agora, não
podemos achar que o inves-
tidor chega e resolve tudo de
um dia para o outro, deixan-
do camiões de dinheiro. *

“Centro de
estágios é projeto
de futuro”

No dia em que o Boavista celebra 117 anos, o presidente dos axadrezados


coloca os olhos no futuro. Para o líder não há dúvidas: a entrada em cena do


investidor Gérard Lopez será crucial para o reerguer do afamado ‘Boavistão’


que somos. Ele próprio, de todas as
vezes que fui falando com ele, já
sabe o que é o Boavista e como é
que os boavisteiros interpretam o
futebol. O Boavista é um clube
exigente e ele tem consciência
disso. Sabe as nossas necessida-
des, o nosso caminho e vai ajudar-
-nos, se os sócios assim entende-
rem, a que sigamos o nosso trajeto.
+ Havendo passos formais que
se cumprem, o Boavista não tem
AG marcada.
VM - Nós não temos de fazer uma
assembleia geral para que seja
aprovada a venda. Já foi realizada
em tempos e nessa já foi aprovada.
Seja como for, como gosto de
cumprir com o que digo, vou rea-
lizar uma sessão de esclarecimen-
to onde vou expor essa questão aos
sócios. Se aí perceber que os sócios
não estão de acordo com essa so-
lução, eu não a tomarei. Eu às ve-
zes estou em casa a pensar por que
é que isto me aconteceu a mim.
Porque eu vou ficar na história do

“JAMAIS SEREMOS SATÉLITE DO
LILLE. SEREMOS AUTÓNOMOS. MAS
ACREDITO QUE VAMOS TER UMA
GRANDE EQUIPA DE FUTEBOL”

çComo está o dossiê Hel-
ton Leite para o Benfica?
VM – A porta está quase a fe-
char-se. Além dessa propos-
ta, não há mais nenhuma. Os
adeptos dizem que vale 5 ou
6 milhões. E onde estão essas
propostas? Temos de fazer
dinheiro, vai entrar no últi-
mo ano de contrato.
+ Considera justa a pro-
posta do Benfica?
VM – Justo era 100 milhões,
mas justiça é momento.
+ Com a chegada de Jesus,
acha que o Benfica cumpri-
rá o compromisso?
VM – Tenho a certeza. Tenho
no presidente do Benfica um
homem sério. *

“SE CA“SE CALHAR LHAR


GAGARANTIMOS RANTIMOS


AA ETERNIDADE” ETERNIDADE”


VÍTOR MURTA


PETER SPARK/MOVEPHOTO

PETER SPARK/MOVEPHOTO

BOAVISTA

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