A Bola - 20200802

(PepeLegal) #1

10 A BOLA


Domingo
2 de agosto de 2020

Cinco minutos,


duas expulsões


Foi aos 38 minutos que Luis Díaz, após
entrada sobre André Almeida, viu o
segundo amarelo e foi expulso. O banco
do FC Porto saltou que nem uma mola,
jogadores suplentes incluídos, e teve de
ser Manuel Mota, quarto árbitro, a
colocar alguma calma, perante os gritos e
agitação, nomeadamente de Vítor Bruno,
e Luís Gonçalves, que viu mesmo o
cartão amarelo, tal como o treinador,
Sérgio Conceição, que pontapeou uma
garrafa. Cinco minutos volvidos, aos 43’,
Conceição foi mesmo expulso após
novos protestos e, de dedo em riste,
dirigiu-se a Manuel Mota, demorando a
abandonar aquela zona. Na segunda
parte, bem perto dos jornalistas, foram
bem audíveis as indicações do treinador
para o banco, ordenando substituições, e
visível o modo como continuou a viver,
sempre a gesticular, toda a partida.

jLuis Díaz e Conceição saíram
na primeira parte; treinador deu
indicações... da bancada

jAntigo guarda-redes do FC
Porto foi para a bancada, onde
até Luis Díaz apoiou os colegas

Iker Casillas no meio da ‘claque’


Já foi há mais de um ano que
Iker Casillas abandonou os relva-
dos devido a problemas de saúde.
O contrato do guarda-redes inter-
nacional espanhol de 39 anos, de
resto, expirou no final de junho
mas nem isso impediu Casillas de

permanecer junto dos restantes
companheiros até a temporada
2019/2020 terminar.
Ontem, e já depois de ter sido
tornado público o facto do guarda-
-redes espanhol ter recebido uma
medalha de campeão nacional,
oferecida pelos restantes jogado-
res do FC Porto, apesar de não ter
feito qualquer jogo oficial na atual
temporada, Iker Casillas esteve in-

tegrado na comitiva e disso mes-
mo deu conta nas redes sociais,
partilhando a sua credencial.
E foi na bancada, juntamente
com elementos do staff e jogado-
res não convocados, que foi forma-
da uma autêntica claque improvi-
sada, à qual se juntou, na segunda
parte, o expulso Luis Díaz. Ouvi-
ram-se palmas e vários cânticos
A credencial de Iker Casillas na final da Taça entoados pelas claques.


INSTAGRAM/IKER CASILLAS

TAÇA DE PORTUGAL jBENFICA-FC PORTO


Futebol


Dos protestos


à invasão pacífica


A atuação da equipa de arbitragem
desde cedo começou a merecer críticas
do FC Porto e, após a expulsão de Luis
Díaz, aos 38’, tudo se precipitou, com a
expulsão de Sérgio Conceição e insultos
ruidosos... num estádio vazio. De onde?
Pois bem, além de vários elementos do
FC Porto na bancada, também nas
varandas dos prédios junto ao estádio
eram visíveis e audíveis adeptos
portistas quando, ao mesmo tempo,
Pinto da Costa descia da tribuna, ainda
antes do intervalo, em direção ao
balneário. Curiosamente, dois minutos
após o reatamento, Mbemba inaugurava
o marcador e, no mesmo banco onde a
primeira parte se viveu com protestos,
saltavam os jogadores para, desta feita,
invadirem o relvado. Aos 59’ o central
bisou, nova invasão, desta feita com um
sprint dos suplentes que já aqueciam do
lado contrário do campo.

jInsultos de adeptos à distância
e Pinto da Costa no balneário;
suplentes invadiram o campo

Soares Dias mostra vermelho a Conceição

SÉRGIO MIGUEL SANTOS/ASF

«Foi uma demonstração


de caráter desta equipa»


Mbemba foi o herói do jogo ao bisar a permitir ao FC Porto festejar a dobradinha dDiz que foi


um jogo difícil e que equipa teve de sofrer para ganhar d«Temos de dignificar esta camisola»


P


ODE dizer-se que o me-
lhor estava guardado para
o final. Depois de ter sido
decisivo em alguns jogos,
como por exemplo frente
ao Paços de Ferreira, em que mar-
cou o golo da vitória, Mbemba aca-
bou por ser o herói da vitória do FC
Porto na final da Taça de Portugal,
ao marcar os dois golos que permi-
tiram à equipa festejar mais um tí-
tulo. Um jogo difícil, não apenas
pela valia do adversário, mas tam-
bém pelas contingências do próprio
encontro, com o FC Porto a jogar
em inferioridade numérica ainda
antes da final da primeira parte.
«Em primeiro lugar, quero agrade-
cer a todos os adeptos. Sabíamos
que esta final era um jogo importan-
te. Vestimos a camisola e sofremos
muito, com o cartão vermelho ain-
da na primeira parte. O treinador
disse-nos que tínhamos de defen-
der e, quando surgisse a ocasião,
fazer o melhor possível para marcar.
Não foi fácil, mas correu bem», co-
meçou por afirmar o defesa-central,
que ontem vestiu a pele de mata-
dor, com dois golpes letais de cabe-
ça. Dois lances decisivos de uma
defesa-central que, esta época, teve
de esperar pelo seu momento para
se afirmar definitivamente na equi-
pa de Sérgio Conceição: «Foi sorte.
Não é fácil marcar golos porque sou
um defesa, mas aproveitei as opor-
tunidades e consegui marcar.»
Mbemba fez questão ainda de
destacar o espírito da equipa.
«Quando Sérgio Conceição e o Luis


Diaz viram o cartão vermelho e fo-
ram expulsos ao intervalo, o nos-
so treinador disse-nos que tínha-
mos de honrar a camisola, que não
havia que olhar a nada, tínhamos
de a defender. Somos profissionais,
temos de dignificar esta camisola,
porque para lá de nós há os os adep-
tos, há o presidente, há muita gen-
te. Foi o que fizemos, demos uma
demonstração de caráter da equi-
pa», sublinhou Mbemba.

Por
MÁRIO RUI VENTURA

Danilo, capitão do FC Porto, co-
meçou a falar das incidências do jogo
— «A expulsão não foi no momento
certo, porque não estávamos à espe-
ra de ficar com menos um antes do in-
tervalo. Abanámos um bocado, o Ben-
fica ganhou um bocado de força e
tivemos de fazer alguns ajustes. Gra-
ças a Deus conseguimos chegar ao in-
tervalo sem sofrer golo. Ao interva-
lo o mister também deu as palavras
certas, tivemos de nos adaptar ao
jogo e isso foi importante. Entrámos
fortes na segunda parte e sabíamos
que fazendo um golo dificilmente iría-
mos perder. Acabámos por sofrer
num penálti, mas a equipa esteve
muito bem» — e das bolas paradas:
«Trabalhamos esse lance de jogo
muito tempo durante a semana e isso
reflete-se no jogo. Somos muito for-
tes nisso. Tentamos explorar ao má-
ximo esse aspeto.»
Terá sido a época perfeita? Danilo
pensa que não: «Perfeita não foi por-
que não ganhámos a Taça da Liga, mas
com estes dois títulos acabámos em
grande. A perfeição não existe, mas a
Taça da Liga seria a cereja no topo do
bolo.» Quanto ao futuro... «Não pos-
so dizer nada acerca disso, também
não sei. Tenho contrato com o FC Por-
to e vou honrar esta camisola», disse.

«Acabámos


em grande»,


diz Danilo


Temos de dignificar esta


camisola porque além


de nos há os adeptos, o


presidente, muita gente
MBEMBA
Jogador do FC Porto

MIGUEL NUNES/ASF

Mbemba marcou os dois golos do FC Porto e estava naturalmente feliz por isso
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