REVISTA DRAGÕES JULHO 2020
Sérgio Conceição está há três anos a treinar
o FC Porto e há pelo menos uma coisa que já
todos os portistas devem ter fixado sobre ele:
é avesso a estatísticas e registos históricos.
Mas é inevitável, depois de ter vencido
mais um campeonato, voltar a olhar para
o passado e constatar que é cada vez mais
importante o peso que vai assumindo na
história centenária do clube. A par de Mihaly
Siska, José Maria Pedroto e António Oliveira,
o antigo extremo já pertencia ao grupo
restrito dos desportistas que conseguiram
ser campeões nacionais de azul e branco
como jogadores e como treinadores. Agora
que conquistou a Liga portuguesa pela
segunda vez em três épocas, passa a integrar
o leque dos técnicos que ao serviço do clube
alcançaram o principal título nacional em
mais do que uma ocasião. São dez, no total,
e através deles é possível contar uma parte
importante da história da transformação
do FC Porto no melhor clube português.
TEXTOS: DIOGO FARIA
Sérgio Conceição
Portugal, 1974
Épocas no FC Porto: desde 2017/18
Títulos no FC Porto: 2 Ligas
portuguesas, 1 Supertaça de Portugal
A 8 de junho de 2017, Sérgio
Conceição foi apresentado
como treinador do FC Porto e
exibiu uma autoconfiança que
só pode ter surpreendido quem
não tivesse acompanhado o
seu percurso anterior como
técnico e jogador. Seguro de que
acrescentaria conhecimento ao
clube, o antigo ala partilhava a
convicção de que em maio do
ano seguinte teria motivos para
festejar com todos os portistas,
e não falhou na previsão. Numa
época em que praticamente
não houve contratações para
o plantel, Sérgio Conceição
potenciou o rendimento da prata
da casa, implementou um novo
modelo de jogo e devolveu o
entusiasmo aos adeptos que
apoiaram a equipa em todos os
momentos. Os resultados não
demoraram a surgir: em 2017/18,
contra muitas previsões, o FC
Porto foi campeão nacional e
qualificou-se para os oitavos de
final da Liga dos Campeões; em
2018/19, venceu a Supertaça,
atingiu os quartos de final da
mais importante competição
de clubes do mundo – depois
de na frase de grupo ter sido a
melhor entre 32 equipas, com
16 pontos – e só não conquistou
de novo a Liga portuguesa
porque as últimas jornadas da
prova ficaram marcadas por
um conjunto de escândalos de
arbitragem que beneficiaram
o principal rival. Na terceira
temporada como treinador dos
Dragões, mesmo depois de
terem deixado a equipa vários
dos jogadores mais importantes
dos anos anteriores, Sérgio
Conceição voltou a conduzir o
clube a um título que alguns já
davam como perdido após a
derrota em Barcelos na primeira
jornada. A qualidade do trabalho,
uma vez mais, prevaleceu
contra tudo e contra todos.
LUXO
NO BANCO
REVISTA DRAGÕES JULHO 2020
Vítor Pereira
Portugal, 1968
Épocas no FC Porto: 2011/12-2012/13
Títulos no FC Porto:
2 Ligas portuguesas, 2
Supertaças de Portugal
Quando se tornou treinador
principal do FC Porto, no verão
de 2011, Vítor Pereira já tinha uma
ligação longa ao clube, mesmo
que intermitente. Formado em
Educação Física, começou a
carreira ao mais alto nível como
adjunto de João Pinto nos juniores
azuis e brancos, antes de passar
pela direção técnica de várias
equipas da formação. Saiu duas
vezes para treinar a Sanjoanense,
o Espinho e o Santa Clara, mas
voltou a casa para integrar a
equipa que sob a liderança de
André Villas-Boas protagonizou
uma época de sonho e conquistou
a Liga Europa, a Liga portuguesa
- com 21 pontos de vantagem
sobre o segundo classificado e
sem derrotas, um feito inédito
na história do clube –, a Taça de
Portugal e a Supertaça. Quando o
mais jovem treinador de sempre a
vencer uma competição europeia
partiu para o Chelsea, Vítor
Pereira subiu na hierarquia e não
demorou a mostrar todo o seu
valor. Em 60 jogos como técnico
principal no campeonato, perdeu
apenas um – e quem se lembra do
que se passou em Barcelos sabe
bem porquê... –, conduzindo
a equipa às vitórias em duas
edições da Liga – uma delas
sem derrotas – e em duas
Supertaças. Em ambas as
temporadas, o FC Porto teve
de recuperar de desvantagens
para o primeiro classificado
que chegaram a parecer
intransponíveis, mas nunca
vacilou. A crença, como é
costume, andou de mãos
dadas com a competência.