A BOLA
Segunda-feira
10 de agosto de 2020
31
MEMBRO HONORÁRIO DA ORDEM
DO INFANTE D. HENRIQUE
— MEDALHA DE MÉRITO DESPORTIVO
Editora e proprietária: SOCIEDADE VICRA DESPORTIVA, S. A. — NRPC: 500269335 P Principal acionista: Vicontrol SGPS, S. A.
P Número do depósito legal: 45462/91 P Registada sob o n.º 100918 no ICS P Estatuto editorial em WWW.ABOLA.PT
P Conselho de administração: Mário Arga e Lima (presidente) e Paulo Cardoso P Diretor: Vítor Serpa P Diretor adjunto: José
Manuel Delgado P Editor executivo: Ricardo Quaresma P Redação, Administração e Publicidade: Travessa da Queimada, n.º 23,
r/c, 1.º e 2.º — 1249-113 Lisboa — Tel.: 213 463 981, 213 232 100 — Faxes: 213 464 503, 213 472 700 P Delegação do Porto: Rua
Mota Pinto, n.º 42F, Salas 1.02 e 1.03 — 4100-353 Porto — Tel.: 226 108 377 — Faxe: 226 108 384 P Distribuição: VASP – [email protected]
- Tel.: 214 337 000 P Impressão: Empresa Gráfica Funchalense — Tel.: 219 677 450 — Faxe: 219 677 459 (Edição Lisboa); Unipress,
Centro Gráfico, Lda — Tel.: 227 537 030 — Faxe: 227 537 039 (Edição Porto); Imprinews — Empresa Gráfica, Lda — Tel.: 291 202 30 0
— Faxe: 291 202 305 (Edição Madeira)
Hoje
Nota — Os programas anunciados, bem como os horários relativos
à transmissão, são da responsabilidade dos respetivos operadores
de televisão, aqui identificados por nome de canal
LA BOLA TV
TELEVISÃO *Diretos
07.00 – Remate
07.28 – Sala VIP:
José Fortes e Luís Africano
08.00 – Remate
08.28 – Move it
09.00 – Remate
09.27 – Com todo o Gosto
09.45 – Fairplay Curto
10.00 – A Bola das 10
10.28 – Quem É Vivo sempre Aparece:
Trocadilhos e Aves Raras
11.00 – A Bola das 11
11.29 – Auto Foco
12.00 – A Bola do Meio Dia
12.26 – Com todo o Gosto
13.00 – A Bola da Uma
13.28 – Futebol Fresstyler
14.00 – Flashnews
14.16 – Caça Segredos
15.03 – Documentário:
Destino Liberdade
(parte 1)
16.00 – Custom Series: Darkfest
16.15 – Flashnews
16.32 – Sport Confidential
17.00 – Flashnews
17.16 – Magazine TT
17.46 – Off: Velocidade Furiosa
no Deserto
17.55 – Flashnews
18.10 – Os Imortais
18.40 – Quem É Vivo sempre Aparece:
Rui Rodrigues
19.00 – A Bola das 7
19.43 – Mercado Total
20.00 – A Bola das 8
20.30 – The Coaches’ Voice: Scolari,
O Onze de Scolari
22.00 – A Bola da Noite
23.45 – Remate Final
00.10 – Sport Confidential
00.30 – Documentário: Futre
01.47 – A Bola da Noite
03.29 – Remate Final
03.59 – Póquer, Aposta Mundial
04.45 – Taça All-Star Esports
06.00 – Remate Final
06.28 – Motores
RTP1 L 06.30 — Bom Dia Portugal; 10.00
— 7 Maravilhas da Cultura Popular: Montijo; 13.00
— Jornal da Tarde; 14.30 — 7 Maravilhas da Cultu-
ra Popular: Montijo; 17.30 — Portugal em Direto;
19.08 — O Preço Certo; 19.59 — Telejornal; 21.00
— Mesa Portuguesa... Com Estrelas com Certeza!;
21.30 — Joker; 22.32 — Conta-me como Foi;
23.26 — Em Casa d’Amália, Best Of; 00.40 —
Crimes Graves (com Mary McDonnell, G. W. Bailey,
Tony Denison e Michael Paul Chan); 01.27 — Long-
mire (Robert Taylor, Katee Sackhoff, Lou Diamond
Phillips, Bailey Chase, Cassidy Freeman e Adam
Bartley); 02.10 — Fronteiras XXI; 03.35 — Tele-
vendas; 06.05 — Estrada Nacional
RTP2 L 07.00 — Espaço Zig Zag; 13.54 —
Folha de Sala; 14.01 — Chegou a Felicidade; 15.00
— A Fé dos Homens; 15.33 — E2, Escola Superior
de Comunicação Social; 16.00 — Cultura Antiga;
16.30 — Em Busca do Desconhecido; 16.38 —
Espaço Zig Zag; 20.55 — Rapazes do Nada (série
australiana, com Kamil Ellis, Joe Klocek, Jordie Ra-
ce-Coldrey, Luca Sardells e William McKenna);
21.23 — Hora da Sorte, Lotaria Nacional; 21.30 —
Jornal 2 (apresentação de João Fernando Ramos,
Daniel Catalão e Fátima Araújo); 22.04 — Folha de
Sala; 22.13 — Os Durrell (série britânica, com Kee-
ley Hawes, Josh O ́Connor, Milo Parker, Daisy Wa-
terstone, Callum Woodhouse, James Cosmo, Ale-
xis Georgoulis, Yorgos Karamihos e Anna Savva);
22.59 — Filme: «Phoenix» (realização de Chris-
tian Petzold, 2014, com Nina Hoss, Ronald Zehr-
feld, Nina Kunzendorf, Michael Maertens e Imogen
Kogge); 01.37 — Nada Será como Dante; 01.02 —
Faça Chuva Faça Sol; 01.30 — Esec-TV; 01.56 —
Bom Bordo; 02.25 — Euronews; 05.48 — Sinais
de Vida; 06.32 — Repórter África, 2.ª Edição (atua-
lidade africana e da diáspora)
SIC L 05.35 — Malucos do Riso; 06.00 —
Edição da Manhã; 09.10 — Alô Portugal; 10.10 —
Casa Feliz; 13.00 — Primeiro Jornal; 14.20 — Li-
nha Aberta com Hernâni Carvalho; 15.20— Amor
Maior; 16.15 — Júlia; 18.15 — Amor à Vida; 19.15
— Êta Mundo Bom; 19.57 — Jornal da Noite; 21.45
— Nazaré; 22.30 — Terra Brava; 23.30 — Amor de
Mãe; 00.20 — Passadeira Vermelha; 02.00 — Li-
nha Aberta com Hernâni Carvalho; 03.00 — Tele-
vendas
TVI L 06.00 — Batanetes; 06.30 — Diá-
rio da Manhã; 10.14 — Você na TV; 13.00 — Jor-
nal da Uma; 14.54 — Destinos Cruzados; 16.15 —
A Tarde É Sua; 18.23 — Pesadelo na Cozinha; 19.57
— Jornal das 8; 21.45 — Quer o Destino; 22.45 —
Espírito Indomável; 00.23 — Betty, A Feia em NY
(com Elyfer Torres, Erick Elias e Amaranta Ruiz);
02.00 — 1000 à Hora; 03.10 — Taken, Os Pri-
meiros Anos; 03.53 — Mar de Paixão; 04.30 —
TV Shop
SPORT TV1 L 20.00 — Futebol: Liga Eu-
ropa: Manchester United-FC Copenhaga; 23.30 —
Basquetebol, NBA: Milwaukee-Toronto; 02.00 —
Basquetebol, NBA: LA Lakers-Denver
SPORT TV2 L 20.00 — Futebol: Liga Eu-
ropa: Inter-Bayer Leverkusen
SPORT TV5 L 01.00 — Raw
NBA TV L 19.30 — Basquetebol, NBA: Ok-
lahoma City Thunder-Phoenix Suns; 01.00 — Bas-
quetebol, NBA: Indiana Pacers-Miami Heat
EUROSPORT 1 L 10.00 — Snooker, Cam-
peonato do Mundo: Sheffield (14.30 h, 18.45 h)
EUROSPORT 2 L 10.00 — Snooker, Cam-
peonato do Mundo: Sheffield (14.30 h, 19.00 h)
LOUTROS CANAIS
LDESPORTO Diretos
Nota — Os programas anunciados, bem como os horários relativos
à transmissão, são da responsabilidade dos respetivos operadores
de televisão, aqui identificados por nome de canal
L20.44 – Documentário: Futre
TIMÓTEO/ASF
D.R.
Em 1939 portuguesas fizeram corta-mato, não puderam fazer mais
Mulheres na lama, não!
Fez-se um corta-mato feminino em Portugal, logo se acabou com ele
dEra o tempo em que Salazar tinha amante que andara pelo boxe...
H
Á 25 anos, Fernanda Ribeiro e Manuela Ma-
chado saíram de Gotemburgo campeãs
mundiais dos 10.000 metros e da marato-
na — e o que aqui se conta é o que, muito
antes, as mulheres faziam (ou podiam fa-
zer) no que era Portugal, salazarento e marialva...
Maria José Mota jogava basquetebol e hóquei em
campo no Belenenses — também lá fazia o curto atle-
tismo que se podia fazer. Algures por 1936, o clube
inaugurou nas Salésias «cabines reservadas a senhoras»
— e Francisco Mega, o presidente, afirmou que, assim,
poderiam «desempenhar melhor a nobre função da
maternidade». Ela, dum canto da sala, atirou-lhe: «Oh!
Sr. Mega, quero apenas continuar a fazer desporto, não
é ser mãe» — e o mínimo que se julgou foi que, dizê-lo
assim, lhe viera de «aleivosia em tom gaiato».
Em julho de 1938, Maria José Mota entrou no pri-
meiro corta-mato feminino que se fez em Portugal —
e logo se decidiu ser «novidade para largar» porque
«correr 800 metros ou mais não era coisa para senho-
ras, era-lhes perigoso para a saúde» — e corrê-los na
lama ainda pior. Organizou-o o Belenenses, ganhou-
-o Lucília Silva. Tinha 14 anos, era recordista nacional
de 150 metros, fazia natação — e, tal como Maria Jo-
sé, basquetebol e hóquei em campo. (A lei determina-
va 12 anos de idade mínima para trabalhar, o Notícias
Ilustrado revelara que só em Lisboa havia 3000 crian-
ças de ambos os sexos em profissões de adultos — e não
era raro verem-se a formigar pelas fábricas de têxteis,
vestuário e calçado algumas com oito anos ou menos.)
Apesar da sua admiração pela Alemanha de Hitler,
onde as raparigas praticavam em «feroz competição to-
dos os desportos», Francisco Nobre Guedes (o Comis-
sário Nacional da Mocidade Portuguesa que fora cam-
peão de atletismo e boxe) determinou que, cá, se deveriam
colocar limites ao «modernismo e à desenvoltura» de
modo que a «mulher portuguesa mantivesse as virtu-
des cristãs e caseiras», vedando-lhes, no seio da Moci-
dade Portuguesa Feminina, a prática de corridas e sal-
tos, de natação e ténis, de desportos de mar e jogos de
bola.(A MPF cumpriu-lhe o espírito e idealizou-lhe o mo-
delo: em vez do culto do corpo, o culto de Maria; em vez
do decote e do músculo, a reza e o pudor; em vez do es-
tádio ou do cinema, a igreja ou a quermesse.)
«NUDISMO MARCA MOSCOVO» E O OUTRO A SÉRIO...
O jornal República foi pelo lado contrário e lançou
campanha para a criação de clube a que se chamou
Gimnásio Feminino de Portugal. Do Novidades, no
seu traço «bota de elástico», se soltou, de pronto, a
imprecação: que o República patrocinava (através do
Gimnásio) o «feminismo desenvolto e pervertedor»,
estimulava «exaltações de nudismo ajuengadas pela
marca Moscovo», querendo «fazer de raparigas cas-
tas animais atléticos». Margarida Carvalho Araújo, di-
rigente do GFP, replicou: «Não, erguer um ginásio
feminino não é erigir diabólica oficina de muscula-
turas andróginas, é romper a densa nuvem de falso
preconceito e querer acabar com uma terra de olhei-
ras e de tosses inquietantes, onde a raça se definha dia
a dia, ceifada pela tuberculose, a lepra, a sífilis.»
Contra a «tirania moralista da MPF» (e não só...) ha-
via várias opções: ginástica, basquetebol, natação,
voleibol, patinagem, ping-pong, ciclismo, atletismo,
tiro — e assim se juntaram no Gimnásio Feminino de
Portugal mais de 250 atletas. Não tardou, à grande
maioria, que o «pudor» e o «falatório» as vencesse e
demovesse — e o GFP se fosse desfazendo devagari-
nho num tempo em que na berra andava Maria Emí-
lia Vieira e já não tanto por ter sido o que fora: rebel-
de e desportista. O pai era sapateiro, andara envolvido
em conspirações contra a Monarquia e com a implan-
tação da República largou de Cedofeita para Lisboa,
montou negócio junto ao Teatro de São Carlos, fazen-
do «calçado como o que se usava na ópera para gen-
te endinheirada» e enriqueceu. María Emília apren-
deu piano e francês com professores que lhe iam a
casa, teve lições de hipismo no Jockey Club. Provo-
cadora, passeava, à hora das senhoras no chá, a cava-
lo pelo Chiado e como um dos irmãos andava no Ate-
neu a fazer halteres, foi para lá lutar boxe. A fortuna
da família desfez-se no rescaldo da I Guerra Mundial
e em vários vícios do pai — e aos 18 anos o destino obri-
gou Maria Emília e ir trabalhar como bailarina, em clu-
bes e salões, hotéis e cruzeiros. Por vezes dançava, eró-
tica, ao som do jazz-band, apenas com serpente
enrolada ao pescoço. Por França, dedicou-se ao tiro:
«tinha pontaria certeira, era perfeita em tudo o que
fazia» — e outro dom descobriu por lá: ler cartas. Co-
nheceu Salazar — que passou a tomar muitas das suas
decisões com base no que os horóscopos dela indica-
vam, tornaram-se amantes. (Felícia Cabrita contou-
-lhe a história em Os Amores de Salazar, Soraia Cha-
ves deu-lhe corpo em A Vida Privada de Salazar.)
Por
ANTÓNIO SIMÕES
CONTA-ME COMO FOI