A VOAR
Sabitzer, médio austríaco
de 26 anos, não marcou
nenhum golo, mas esteve
ligado às jogadas de
ambos e foi determinan-
te, saindo tocado aos
90’+2’. No 1-0, fugiu da
zona congestionada e,
depois de receber a bola
junto à linha de grande
área, cruzou na perfeição
para o cabeceamento
certeiro de Dani Olmo. No
golo do triunfo, é ele
quem lança Angeliño na
esquerda com um
grande passe de trivela,
assistindo depois o lateral
espanhol Adams. Com
grande acerto no passe,
encheu o campo.
Sabitzer
Joga muito
e faz jogar
A FIGURA
tar as águas, nomeadamente
aos 13’, quando disparou para
boa defesa de Gulácsi, uma de
duas do húngaro em toda a
partida – tal como Oblak.
Após o intervalo, o minuto
51 teve um momento de fute-
bol coletivo fantástico. A for-
ma como o Leipzig foi trocan-
do a bola entre os seus jogado-
res até criar o espaço para des-
posicionar a defesa contrária é
notável. Depois, o cruzamen-
to de Sabitzer e o cabeceamen-
to de Dani Olmo não ficaram
atrás.
Tocou então o despertador
no banco do Atlético de Ma-
drid e Simeone chamou João
Félix para o lugar de Herrera,
recuando Llorente e abrindo
um ataque mais alargado e
com maior qualidade técnica.
A diferença foi quase imedia-
ta. O antigo jogador do Benfica
joga de olhos no ataque, seja
procurando as desmarcações,
seja solicitando os colegas ou
arrancando com a bola colada
aos pés. Adivinhava-se que
num estádio onde o interna-
cional luso já brilhara e marca-
ra com outra camisola pudesse
acontecer magia. Assim foi,
aos 70’, tabelou com Diego
Costa e na área Klostermann
só em falta conseguiu impedi-
lo de finalizar na cara de Gu-
lácsi. Penálti apitado e João
Félix agarrou de imediato a
bola para converter com eficá-
cia o castigo máximo.
Do banco do Leipzig a res-
posta ao português chamou-
se Tylar Adams, norte-ameri-
cano de 21 anos que chegou do
New York Red Bull e entrou
logo a seguir, tal como Morata
nos colchoneros. Mas se o es-
panhol se ficou por algumas
ameaças e tentativas de com-
binar com Félix, às quais fal-
tou sempre um passe mais
preciso ou tirar um adversário
da frente, o jogador dos EUA
acabaria por ser o herói impro-
vável. Aos 88’, a passe de An-
geliño rematou para as redes,
com a ajuda involuntária de
Savic, estreando-se nos mar-
cadores de um jogo da Cham-
pions.
CHAMPIONS
O pior Simeone
O
RB Leipzig tem uma grande virtude: a
equipa vale mais do que a soma das par-
tes. Não sei se algum dos seus elementos
tinha lugar no Atlético de Madrid, creio que
não, apesar de alguns bons jogadores (Upame-
cano, Sabitzer). E faltava-lhe o melhor, Timo
Werner, 28 golos e oito assistências na Bundes-
liga e que decidiu não jogar esta Final-8 depois
de o seu passe ter sido vendido ao Chelsea. Ain-
da assim, fica em Lisboa e o Atlético vai de férias.
A Red Bull (oficialmente Rasen Ball) Leipzig
está nas “meias” da Champions pela primeira
vez e aos onze anos de vida. O sistema Red Bull
atinge novos máximos. Mas esta vitória de uma
das equipas que eliminou o Benfica coloca o
PSG como grande favorito para estar na final.
Sem dúvida. Defrontam-se na terça-feira.
Em Espanha – e não só – continua a discutir-se
não o futebol de João Félix, mas o preço e claro
que há tratados sobre preço, valor e custo, que
são coisas bem diferentes em ciência económi-
ca. O futebol é mais simples. Ontem em Alvala-
de, o rapaz de Tondela entrou aos 58 minutos
(por Héctor Herrera) e mudou o jogo, dando
Se João Félix não é titular
numa equipa com Marcos
Llorente a avançado, mudem
o treinador
fantasia e profundidade ao Atlético. Ganhou
um penálti e transformou-o, empatando o jogo,
mas não chegou. O Atlético é conhecido por de-
fender bem e desta vez defendeu mal e teve
azar (segundo golo de ressalto em Savic, após
remate de Tyler Adams), mas na verdade não
pareceu nunca uma equipa. Dois remates en-
quadrados (um em cada parte, um deles de pe-
nálti) é pouco. Se João Félix não é titular numa
equipa que tem Marcos Llorente no ataque,
mudem de treinador. Pode ter sido o fim de Si-
meone no Atlético? Foi pelo menos a derrota
mais dura destes nove anos de “cholismo”. O
próprio diz que a equipa não tinha mais para
dar, mas pareceu que parte disso veio das esco-
lhas do treinador.
Dois números significativos: 61% de posse de
bola para o Leipzig na primeira metade (acabou
55-45) – sabe-se que Simeone não quer saber
disso, mas não deixa de dar uma foto do jogo; o
outro são as faltas: 21-10, ou seja, o Leipzig pa-
rou o Atlético graças a faltas, porque a falta é
mesmo uma arma do jogo. Os espanhóis foram
muito menos agressivos, porque achavam que
ganhariam de qualquer forma.
Sublinhar a arbitragem de Marciniak e a ligação
ao VAR. Há um penálti de Gulacsi sobre Gime-
nez, sem querer, mas tocou no pé do homem do
Atlético na sequência de um canto. Em Portu-
gal, qualquer VAR o teria chamado (digo eu); ali
não. O videoárbitro era o também polaco Pawel
Gil (as equipas arbitrais têm sido de nacionali-
dade única tirando o quarto árbitro). Não é um
claro e óbvio erro? Para mim, é. Não era, isso
não, daqueles penáltis escandalosos que iam
dar golo? Não, mas isso não está em lado ne-
nhum das regras. O árbitro achou que na Cham-
pions só se dão castigos máximos daqueles mes-
mo de ouro de lei. É outra forma de arbitrar...
Manuel
Queiroz
Félix mostrou
que merecia mais
bbb João Félix foi do céu ao in-
ferno em meia hora. O inter-
nacional português começou
no banco, entrou sete minu-
tos após o golo do RB Leipzig,
dinamizou a equipa, conquis-
tou e converteu o penálti da
igualdade, mas saiu do Estádio
José Alvalade desalentado.
Afinal, quando tudo se enca-
minhava para o prolongamen-
to, o conjunto alemão desfe-
riu o golpe fatal nas aspirações
colchoneras. E se havia al-
guém que não merecia esse
golpe era o camisola sete...
Ao intervalo, Simeone colo-
cou todos os suplentes a aque-
cer e finalmente aos 58’ lançou
o reforço mais caro do clube,
melhorando muito o rendi-
mento do Atlético. De início,
colocou-o nas costas de Llo-
rente e Diego Costa e, depois,
na ala esquerda, onde “explo-
diu”. Primeiro com uma arran-
cada que Lodi desperdiçou a
simular um penálti, depois a
fazer uma “maldade” a um de-
fesa rival que um colega falhou
o domínio na área. Depois a
“corrida” e tabela com Diego
Costa em que ganhou o penál-
ti que converteu em golo. Aos
80’, esbracejou com um com-
panheiro por estar só e não
receber a bola. Depois passou
pela a direita e apagou-se, tal
como a equipa. E ficou sozinho
no relvado por vários minutos
a lamentar o pesadelo.
Camisola sete en-
trou, dinamizou a
equipa e marcou,
mas sozinho não
podia fazer mais
João Félix foi a expressão do desconsolo colchonero
Champions sem asterisco
Só em falta se travou a magia
Félix brilhou com diagonais para o meio e numa arranca-
da a magia da tabelinha com Diego Costa só foi travada
em falta por Klostermann. O “miúdo” tornou-se graúdo,
reclamou a bola e fez o 1-1. Mas não chegou.
9
Com penálti que deu o 1-1,
Félix despediu-se da
primeira época no Atlético
com nove golos em 36 jogos
GOLOS
EPA
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AFP
Sexta-feira, 14 agosto 2020
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