Aero Magazine - Edição 315 (2020-08)

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MAGAZINE 315 | (^71)
de convergência entre elas, era o
combustível. Relatos sobre um
combustível com características
diferentes da gasolina até então
utilizada levantaram dúvidas sobre
a qualidade do produto que estava
sendo colocado nos tanques das
aeronaves.
PETROBRAS E ANAC
Questionada por pilotos e
proprietários de aeronaves, a Pe-
trobras, importadora do combus-
tível, reconheceu em nota haver
alguma diferença em um lote de
AvGas distribuído. Também aler-
tada, a Anac emitiu um boletim
recomendando aos operadores
que fizessem uma verificação no
combustível e nos componentes.
Havendo qualquer indício de
vazamento, a aeronave deveria ser
mantida em solo e inspecionada
por mecânico habilitado antes de
ser liberada para voo. Já a AOPA
Brasil, entidade que represen-
ta pilotos e proprietários de
aeronaves no país, orientou seus
associados a suspender os voos
até que fossem esclarecidas todas
essas circunstâncias.
Em uma segunda nota, a
Petrobras informou que estava
providenciando a substituição de
todo o combustível armazenado
nos tanques dos distribuidores nas
diferentes localidades por produto
de novos lotes. A importadora e a
distribuidora garantiram que esses
novos lotes estariam de acordo
com as especificações.
A parada das aeronaves e a
troca do produto foram medidas
fundamentais e eficazes no sentido
de evitar ocorrências catastrófi-
cas relacionadas diretamente à
qualidade do combustível. Mas
estivemos bem próximos de tes-
temunhar um acidente motivado


A


maioria das aero-
naves de pequeno
porte da aviação
geral utiliza gasolina
de aviação, ou sim-
plesmente AvGas. São máqui-
nas equipadas com motor (ou
motores) a pistão de ciclo Otto,
que se distinguem dos motores de
ciclo Diesel e dos motores a reação
utilizados em jatos, turbo-hélices
e helicópteros monoturbina e
biturbina – todos estes abastecidos
com querosene de aviação.
A aviação geral engloba o
transporte aéreo praticado por
todos os operadores que não
vendem bilhetes de passagem para
voos regulares, a chamada “aviação
comercial”. Integram essa categoria
aeronaves que cumprem missões
privativas, incluindo aeronaves
particulares, de negócio (corpora-
tivas ou táxis-aéreos), de instrução,
agrícolas e de serviços aéreos espe-
cializados. No Brasil, esse universo
é composto por cerca de 12 mil
aeronaves e 20 mil pilotos. Com
exceção de aviões e helicópteros
usados em fretamentos e transpor-
te VIP, a grande maioria da aviação
geral utiliza AvGas.
Nas últimas semanas, vieram
à tona relatos de vazamentos de
gasolina em várias aeronaves de
diferentes modelos e em diferentes
localidades. O que se pensava ser
inicialmente uma coincidência
de casos isolados ganhou vulto.
Os casos se multiplicaram e luzes
de alerta se acenderam em toda
a comunidade aeronáutica.
Constatou-se que componentes
das aeronaves e dos motores que
têm contato com o combustível
estavam sofrendo rápida deterio-
ração e provocando vazamentos
internos e externos. O fator que
unia todas essas aeronaves, ponto


quase que exclusivamente pela
deterioração dos componentes das
aeronaves, provocada pela baixa
qualidade do combustível.
O conjunto piloto-aeronave
é capaz de enfrentar situações
adversas em diferentes graus.
Uma pane em algum sistema não
impossibilita o prosseguimento do
voo, ainda que aumente a carga de
trabalho do piloto e exija dele que
utilize todo o conhecimento e a
habilidade que adquiriu para con-
cluir com êxito seu voo e pousar a
aeronave. Para enfrentar situações
adversas, o melhor equipamento
a bordo sempre será um piloto
bem treinado. Mesmo diante da
perda de potência de um motor,
há chances ainda muito grandes
de se evitar um acidente com
fatalidades.
De todas as anormalidades
que podem ocorrer em uma
aeronave, duas são exponencial-
mente mais críticas do que a falha
do motor. Uma delas é a perda
de partes da aeronave por falha
estrutural ou colisão em voo.
Dependendo da parte avariada,
a aeronave pode perder suas
características e a capacidade de
voar, por melhor que seja o piloto.
Não é o objeto desse artigo, mas
podemos voltar ao assunto em
outra ocasião.

FOGO A BORDO
A segunda é o fogo em voo.
Em aeronaves de maior porte,
normalmente equipadas com mo-
tores a reação (turbinas), a ocor-
rência de fogo em motor (ainda
que extremamente rara) pode
ser contida por equipamentos de
extinção. Em aeronaves equipa-
das com motores convencionais,
a maioria de pequeno porte, a
ocorrência de fogo a bordo tam-
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