Aero Magazine - Edição 315 (2020-08)

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MAGAZINE 315 | (^77)
continuaria no controle da Azul
com 67% das ações e direito a voto”,
diz o relatório do Bradesco BBI.
Para a Latam, haveria a
vantagem de receber um aporte
de quase dois bilhões de dólares,
evitando, assim, realizar novos
empréstimos e ainda facilitando
o processo de reestruturação em
curso nos Estados Unidos. Porém,
significaria para o grupo perder
seu principal braço, já que o Brasil
é o maior mercado da Latam.
Isso ainda afetaria boa parte das
operações da empresa, que hoje
voa para uma série de destinos
partindo do Brasil. Por exemplo,
o voo para Tel Aviv partia de San-
tiago, pousando em Guarulhos,
de onde seguia para Israel. Sem a
operação brasileira, a Latam deixa
de se beneficiar da flexibilidade
existente hoje.
FUSÃO LAN E TAM
O relatório do banco de investi-
mentos mostra que, desde a fusão
entre LAN e TAM, anunciada em
2010, a operação no Brasil teve
resultados inferiores aos do res-
tante do grupo. Além disso, uma
análise nos valores de mercado da
atual Latam, com a extinta Lan,
apontam que a fusão não trouxe
ganhos de valor para o grupo.
O documento do Bradesco
destaca que uma venda direita
teria outras vantagens, especial-
mente em relação aos contratos de
arrendamentos de aeronaves da
Latam Brasil, firmados pela matriz
chilena. O modelo permitiria à
Azul negociar com flexibilidade e
vantagem o tamanho da frota, po-
dendo reduzir a alavancagem no
Brasil, além de facilitar a suspen-
são de acordos sem sofrer pesadas
penalidades contratuais.
Em entrevista ao jornal Valor
Econômico, o CEO da Azul, John
Rodgerson, não descartou a aqui-
sição da Latam pela Azul, mas des-
tacou que, no momento, a empresa
trabalha na integração das malhas
aéreas das duas empresas. Alguns
analistas viram no tom evasivo
do executivo novas pistas sobre o
futuro das empresas. “Ao dizer que
está primeiro focado na integração
das malhas, ele [John Rodger-
son] mostra que estão primeiro
organizando a casa”, observou um
analista de investimentos da B3, a
bolsa de valores de São Paulo, em
condição de anonimato devido às
restrições de comentários públicos
sobre possíveis fusões e aquisições.
“O executivo não descartou encam-
par a Latam, o que sem dúvidas vai
manter o assunto em alta até existir
uma definição do futuro das duas
e m p r e s a s ”.
Caso a Azul compre a Latam,
vai se tornar a maior empresa aérea
brasileira, respondendo por 62%
do mercado de aviação domésti-
ca e a maior malha do país, com
especial capilaridade onde as rivais
não tiveram ainda sucesso, espe-
cialmente em cidades de pequeno
porte do interior do Brasil.

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