Adega - Edição 178 (2020-08)

(Antfer) #1

Edição 178 >> ADEGA 17


oportunidade”. Se são tão arrojados para me
oferecer, obviamente vou aceitar. Fiquei 10
anos na Chandon, ajudei a montar o projeto
Terrazas, o projeto Cheval des Andes, e quan-
do em 2008, o grupo comprou Numanthia, na
Espanha, era natural ter a oportunidade de ir.
Era um projeto fantástico. Ter oportunidade
de o Numanthia 2004 ser um dos cinco pri-
meiros vinhos 100 pontos por Parker foi incrí-
vel, chamou muita atenção para as vinhas do
Toro. Foi incrível fazer um vinho com elegân-
cia numa zona com níveis de concentração
descomunais. É apaixonante ver um vinhedo
de 140 anos de idade que dá 900 quilos por
hectare, menos de um quilo de uva por vinha.

Foram 18 anos, até que saiu novamente e agora foi
chamado para ser CEO de Almaviva...
Comecei a trabalhar em setembro de 2019 em
Almaviva e oficialmente a partir de dezembro.
Mas antes estive à frente da Achaval Ferrer
na Argentina, Arínzano na Espanha, Tenute
di Toscana (Ornellaia, Masseto, Luce della
Vite etc.), e essa diversidade permitiu uma
aprendizagem espetacular. Depois disso, ter
oportunidade de entrar em um projeto como
Almaviva é um sonho. Conheci Almaviva des-
de o princípio, pois, quando começamos Che-
val des Andes, um dos benchmark era sempre
Almaviva. Encontrar esse lugar onde se con-
segue a perfeita maturação do Cabernet Sau-
vignon, isso só há em muito poucos lugares,
como Pauillac, Napa Valley, Margaret River, e
Puente Alto, aqui com 360 hectares de vinhas
apenas.


A que se deve o êxito de Almaviva?
Tem vários elementos. O trabalho de Michel
Friou tem sido incrível, desde o conhecimen-
to da vinha, separação para vinificação, o en-
tender de cada um dos vinhos, com 70, 75%
de carvalho novo, o equilíbrio perfeito, o as-
semblage que atinge um nível estratosférico...


Qual seu desafio na gestão de Almaviva?
Nessa vida, uma das grandes virtudes das pes-
soas é ser agradecida. Acho que cheguei a um


projeto que é um sonho, desde a gestão. Você
olha e reconhece o trabalho com uma visão
muito coerente desde o princípio, uma visão
de longo prazo. Há muitas oportunidades para
comprometer a visão de longo prazo para se
obter resultado mais rapidamente, mas uma
das grandes linhas de Almaviva foi manter
essa visão de longo prazo e ser feito de forma
consistente. O que posso trazer? Dar continui-
dade a essa visão, trabalhar com Michel na
procura da excelência e alcançar os resultados
de qualidade. No processo comercial, tem um
desafio importante que é estar mais perto dos
nossos clientes e dar um serviço mais próxi-
mo, pois, dentro dessa forma de comercializa-
ção, precisamos nos atualizar e acompanhar
os clientes.

“Foi incrível fazer um vinho
com elegância numa zona
com níveis de concentração
descomunais. É apaixonante
ver um vinhedo de 140 anos
de idade que dá 900 quilos
por hectare, menos de um
quilo de uva por vinha” [sobre
seu trabalho na região de Toro]
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