Adega - Edição 178 (2020-08)

(Antfer) #1

NEGÓCIOS DO VINHO | por^ CHRISTIAN BURGOS - COM DADOS DA IDEAL CONSULTORIA


O mundo parou,


o VINHO FLUIU


Consumo de vinho aumentou durante a crise da Covid-19


“sobrevivemos em março, mas agora deve pio-
rar”. Depois: “abril também foi bom, mas o pior
estava por vir...” O pior pode estar por vir, e como
cidadãos ninguém está feliz com o mundo em
que estamos vivendo, todos perdemos amigos ou
temos pessoas queridas doentes (quando não nós
mesmos), mas a resiliência do vinho deve ser reco-
nhecida positivamente.

Mais consumo
A curva dos números de importação mais vendas
de produtos nacionais vinha em queda de dezem-
bro a março como normalmente acontece, mas,
em março, ao invés da leve ascendente tivemos
um tiro para cima ao atingirmos movimentação
de 60 milhões de litros no trade em junho. Feli-
pe Galtaroça, o mais confiável nome do Brasil
para dados de mercado, já avisava, em maio, que
o recorde do consumo per capta estava no forno.
Quando fechou o número do consumo per capta
no semestre, passou dos comemorados 2,13 litros
em dezembro 2019 para 2,374 litros em junho de
2020, um crescimento de 11%.
Enorme parte desse volume se deu no vinho
de mesa nacional (39%), mas o vinho fino na-
cional cresceu 50% e, mesmo com a pressão do
câmbio (e muito vinho parado no porto), a im-
portação cresceu 8%. Isso também comprova que
estávamos certos ao dizer que um pedido de pro-
teção à indústria nacional por meio de barreiras
à importação neste momento era descabido de
argumentos visto que a indústria nacional vendeu

C


omo fazemos normalmente, a
cada semestre apresentamos e ana-
lisamos os números da Ideal Con-
sultoria sobre o comportamento do
mercado de vinhos. Mas a norma-
lidade acaba aí. Atravessamos um semestre como
nunca poderíamos ter previsto em nossa análise
em dezembro do ano passado. Naquele momento
falávamos de economia da experiência, multicha-
nel e até omnichanel. Até mesmo os e-commerces
puros agiam para abrir lojas e atacar o on-trade.
Na verdade, enfrentamos (e estamos enfrentan-
do) uma quarentena, a paralização dos canais de
restaurantes, turismo e hotéis, tudo em operação
mínima, sem eventos, sem viagens de produtores
apresentando vinhos, além de duty free e viagens
fora do jogo (com isso também o vinho que entra-
va no Brasil legalmente, ou não, com os viajantes),
lojas fechadas e até o contrabando parou... por um
tempo (pois não atende regras fiscais, nem sanitá-
rias). Como se tudo isso não bastasse, o câmbio
nas alturas também contribuiu para o turbilhão.
Se você parar a leitura por aqui imaginará, um
cenário apocalíptico para a indústria. Entretanto,
todos sentíamos que o interesse pelo vinho seguia
firme. Indicadores de nossa própria empresa mos-
travam crescimento de assinaturas, recorde de lei-
tura nos nossos sites, crescimento do nosso clube
e e-commerce. Conversando com importadores,
sentia que alguns enfrentavam dificuldades reais,
mas outros, com algum constrangimento, estavam
em franca ascensão. Nos primeiros dias, diziam:
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