Adega - Edição 178 (2020-08)

(Antfer) #1

88 ADEGA | Sabor. club^ >>^ Edição^178


Há certas
histórias que
a gente não
encontra duas
vezes. E você
está prestes a
ler uma delas.
O Cleber
Marques produz café de
qualidade desde sempre,
no Sítio Santos Reis, nos
arredores dos bairros
Marques e Machados,
em São Sebastião do
Paraíso, Minas.
A região é conhecida
pelo café que sai dali,
fama conquistada pelas mãos de gentecomo
avô do Cléber, o Seu João Pereira deSouza,e
pelo pai, Jaime de Souza, o Jaime dosMarques,
que acabou herdando o “sobrenome”dobairro
do tanto que o povo procurava o cafédele.
Até que um dia, nem faz tanto tempoassim,
uns gringos passaram por lá, perguntando
pelo produtor de umas sacas que chegaram
na Europa, por meio de um exportadorque
compra lotes de sítios como o do Cléber e
vende para o mundo afora.
Nessas andanças, os grãos do tipo arábica
do mineiro foi parar na Nestlé, na Suíça, bem
na hora em que a empresa pensava em dar
um passo além do Nescafé que conhecemos
e entrar no mercado com uma linha de mais
qualidade, para coar, muito além do “solúvel”
que explodiu mundialmente nos anos 1940.
Bem, o tal café de qualidade eles já
sabiam de onde vinha. Mas era preciso ver
se é produzido de acordo com os padrões da
plataforma de sustentabilidade da empresa.
É para isso que os “gringos” chegaram
a São Sebastião do Paraíso e foram visitar
o Cléber. Lá encontram uma agricultura

familiar,feitadeforma
realmentesustentável,pela
LíviaMarques,agrônomae
mulherdoCléber,e peloSeu
AntônioAdolfodeSouza,o
sogrodele,responsávelpor
fazero beneficiamentoda
propriedade.
SãoJoãodo
Paraísoficano
nortedeMinas
Gerais,na
microrregiãode
Salinas,próximo
à divisacomo estado
daBahia,acimados 100
metrosdealtitude.Cafezal
gostadaaltamontanha,lugarondecresce
confortávele produzcafésadmiráveis.
OsdoCléber,assimcomoo deoutros
produtoresfamiliaresdaregião,têm
característicaencorpada,comas notasdefrutas
vermelhasqueencantaramossuíços.Aoprová-
lo,comtorramédia,percebemos,noentanto,
quea suaprincipalvirtudeé o equilíbrio
entrea forçae a acidez,o queo fazumcafé
realmente gostoso de tomar.
Você é cafezeiro? Gosta de tomar café?
Nem pense em comparar o Origens do Brasil,
com lotes pequenos, vendidos a peso de ouro,
no mercado de cafés especiais. Mas, olha, ao
coá-lo (melhor meio para preparar os grãos
vendidos já moídos paraisenses), a gente
encontra um café honesto, agradável de beber,
com surpreendente residual de sabor em boca.
É, definitivamente, muito adequado para
o dia a dia, sem raio gourmetizador (aquele
que quer transformas o simples e gostoso em
gourmet – como o queijo mineiro, que existe
desde sempre), ótimo para acompanhar um
pãozinho com manteiga, um pedaço
de bolo de fubá...

Mineirinho


mundo afora
Testamoso novo caféparacoarda
marca-íconedo solúvelquetodomundo
tomavanosanos 1970

Lembra da antiga
lata de Nescau?
Então, agora tem café
dentro dela

Todo mundo sabe
que o grão de café é
muito volátil e que,
depois de moído, em
contato com o ar, vai
rapidamente perdendo
seus óleos e essências.
Como vendê-lo moído
sem comprometer a
qualidade? Fechando
a vácuo, colocando
em sacos que não
permitem a entrada
de ar (apenas a saída).
Ooooou.... colocando
nas latas, como as de
Nescau nos anos 1980,
lacradas com uma
película de alumínio.
O processo é, mais
ou menos, como as
cápsulas de Nespresso,
numa escala muito
maior, claro. A
diferença é que o pó
não é todo usado (a
não ser que vá encher
um exército de xícaras).
Por isso, para preservar
este café, a boa é abrir
e fechar a tampa da
lata no menor tempo
possível.

por Robert Halfoun

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