VOX 10ª EDIÇÃO

(VOX) #1

olhares mais
atentos pela
fidelidade dos
traços, pelas
cores chama-
tivas e pela
complexidade
dos desenhos.
Inspirado
em ícones do grafite, como os ir-
mãos Gustavo e Otávio Pandolfo
(conhecidos como Os Gêmeos) e
Eduardo Kobra, o jovem adaman-
tinense, de 26 anos, leva a diver-
sos espaços da cidade e região
criações coloridas repletas de
referências culturais e urbanas.
Apesar de aderir ao grafite há
pouco tempo, a história de Mar-
cos Vinícius com a arte começou
ainda pequeno. Desde os seis
anos, relembra o artista, os traços
e as cores já faziam parte do seu
cotidiano. Enquanto a pintura
para muitos era uma diversão de
criança, para ele uma forma de
expressão de sentimentos, emo-
ções e valores.
Nas aulas de educação artís-
tica, os professores enxergavam
o seu talento e o incentivavam
a aprimorar a técnica. “Desde
pequeno gostava de
desenhar. Era o meu
momento, me trazia
paz e tranquilidade.
Desenhava o que meus
amigos e colegas de sala
pediam, e isso me fazia
bem”, relembra. “Tinha
um professor, o Genaro,
que sempre me incenti-
vou, na escola e depois
na faculdade”.
Ciente da sua voca-
ção, Marcos Vinícius
também sabia que a ha-
bilidade para os traços
finos poderia lhe trazer
um futuro promissor.
Ele optou por cursar De-
senho Industrial. Nesta
época, transformava
fotos em obras de artes,
dando os primeiros
passos para o trabalho
profissional. “O dinhei-


ro que cobrava pelas reproduções
guardava e aos poucos fui adqui-
rindo diversos equipamentos,
que hoje utilizo no grafite”, diz.
Primeiro foi o compressor, em
seguida, a pistola. Aos poucos o
grafiteiro investiu para que sua
arte não ficasse apenas entre
conhecidos, mas, também, trou-
xesse vida para diversos cantos e
espaços urbanos.
Foi quando um amigo lhe
propôs um desafio: reproduzir
a imagem de Frida Kahlo em
uma parede de sua residência. A
mexicana, ícone da pintura e das
fotografias, se destacou por ser
uma artista singular.
É este excentrismo que Mar-
cos Vinícius busca em suas
produções artísticas. “Tenho
como referência diversos artistas,
que marcam suas épocas, como o

Kobra e Os Gê-
meos – artistas
nacionais re-
conhecidos em
todo o mundo.
Porém, busco
colocar minha
particulari-
dade, minha
visão sobre as produções. É algo
que ainda é um desafio, tornar
mais explícito o meu estilo. Aos
poucos em minhas obras isso
fica evidente, não é apenas uma
reprodução de imagens, e sim de
sentimentos e culturas”, enfatiza.
Logo após o primeiro traba-
lho outras oportunidades foram
surgindo. Por diversas partes
da região é possível apreciar os
traços de Marcos Vinícius. “A
produção não é simples. Tenho
que desenhar no papel, esqua-
drejar, para depois reproduzir
nas paredes e pintar”, explica. O
desenho de Carmem Miranda,
por exemplo, tem mais de quatro
metros de altura.
Para a pintura, Marcos Vi-
nícius utiliza tinta automotiva.
“É mais fácil encontrar, diluir e
rende mais, além de possibilitar a
mistura para criação de
novas cores”, diz.
Depois de pronto o
resultado é uma obra de
arte, não pichação como
muitos dizem. “Tem
gente que chega e fala:
você deveria pichar meu
muro. Não é pichar, é
grafite. Pichação não
é arte, é vandalismo.
Já o grafite é forma de
expressão cultural, uma
manifestação artística.
E é gratificante quando
reconhecem isso, reco-
nhecem o simbolismo
cultural por trás daque-
la obra, os personagens
que foram reconheci-
dos. Isso motiva ainda
mais a me engajar, a me
dedicar a este trabalho
que expressa a minha
vida”.

“Tem gente que chega e fala: você deveria pichar


meu muro. Não é pichar, é grafite. Pichação não é arte,


é vandalismo. Já o grafite é forma de expressão cultural,


uma manifestação artística”.


JULHO 2018 | REVISTAVOX.COM 113

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