VOX 10ª EDIÇÃO

(VOX) #1

E cachaça de alambique, vinda de
um processo manual em que o caldo
da cana é fermentado de forma lenta e
controlada, assegurando dessa manei-
ra uma bebida sensorialmente mais
rica e de qualidade tem conquistado
seu lugar no mercado.
A percepção de que a cachaça era
apreciada no exterior e lá vendida a
preços elevados e a entrada de cacha-
ças de qualidade nas cartas de bebidas
de diversos restaurantes foram fatores
que contribuíram para que ela caísse
no gosto, por assim dizer, de todas as
camadas da população. Tanto que hoje,
segundo nosso entrevistado, a bebi-
da não deixa nada a desejar quando
comparada a qualquer outro tipo de
destilado.
“A pinga é mundialmente idolatra-
da. Sempre gostei de cachaça por que
eu sabia que ela poderia ser tão boa
ou até melhor do que qualquer outro
destilado do mundo”.
Leandro conta que nos últimos 10
anos surgiu um movimento forte no
mercado de cachaça para aprimorar as
técnicas de produção e elevar a quali-
dade da bebida, utilizando leveduras
selecionadas com etapas de destilação
muito bem feitas.
“A cachaça hoje é uma bebida alta-
mente premiada internacionalmente”,
afirma.
A ideia da Middas - que a propósito
leva o nome de um rei da mitologia
grega, Rei Midas, aquele que trans-
formava tudo o que tocava em ouro



  • surgiu quando o empresário foi para
    o Canadá estudar inglês e um curso
    de negócios. Ele conta que sempre
    manteve a cabeça voltada ao empreen-
    dedorismo e no período em que morou
    no exterior observou que o uso do ouro
    comestível era uma tendência por lá.
    Chefs renomados usavam o material
    em seus pratos e o ouro também estava
    presente em bebidas e sobremesas.
    Apreciador do produto nacional,
    durante suas viagens experimentou
    diversos tipos de cachaças e perceben-
    do seu grande potencial para o mer-
    cado, resolveu dar início ao projeto de
    desenvolver uma cachaça que pudesse
    ser considerada uma bebida sofistica-
    da. Foi então que estes dois elementos,
    cachaça e flocos de ouro comestível se


encontraram.
“Vi todo esse movimento do consu-
mo do ouro no Canadá e queria levar
isso para o brasileiro”, conta. Leandro,
começou então a escrever o plano de
negócios da Middas e em maio de
2014, colocou a primeira garrafa do
destilado no mercado.
A estratégia de marketing da mar-
ca faz com que a Middas tenha toda
uma simbologia. O próprio consumi-
dor finaliza o processo de produção da
bebida adicionando o ouro, que vem
separado do líquido, à cachaça.
“Neste caso é o apreciador da
bebida que dá o toque de Midas
adicionando os flocos de ouro. Essa foi
uma forma que encontramos de fazer
o consumidor participar de um dos
processos de finalização da cachaça”.
Segundo o empreendedor todo
o conceito da marca foi bem aceito
e movimentou o setor do destilado
nacional. “Nós entramos em lugares
que a cachaça jamais tinha entrado.
Um exemplo foi o evento dentro da loja
da Ferrari em São Paulo para receber
o novo Cônsul da Itália no Brasil, onde
a Middas era servida para degustação.
Escutei do dono da loja que aquela era
a primeira vez que uma cachaça tinha
entrado em um evento dele e que a Mi-
ddas tinha superado as expectativas”.
Nascido em Adamantina, Leandro
escolheu sua região de origem para
produzir a cachaça que desenvolveu.
A fabricação da bebida é terceirizada e
realizada em Dracena-SP, pela Destila-
ria Vitória.
“O grande motivo de escolher
Dracena para produzir a cachaça é

porque é minha região, minha família
é de Adamantina. Essa região da Nova
Alta Paulista é escassa em cachaças,
temos um único alambique num raio
aproximado de 100 quilômetros”.
Na destilaria várias marcas de
cachaça dividem o mesmo espaço.
Este sistema de negócios moderno
e colaborativo é conhecido por Co-
-working, onde cada empresa tem uma
quantidade de barris reservado. E dá
andamento a seu processo individual
de fermentação e envelhecimento.
Em um tour guiado pelo empresá-
rio, ele nos explica como são as etapas
de elaboração da Middas. A equipe
de reportagem da VOX acompanhou
de perto todo o caminho de fabricação
da bebida, desde a moenda, passando
pela redução do brix, fermentação,
destilação em alambiques de cobre,
armazenamento e envelhecimento em
barris de madeiras selecionadas e por
fim o momento em que o líquido vai
para o envase. Todos os procedimen-
tos, inclusive o engarrafamento são
realizados manualmente.
“O produto concebido desta forma
tem outro valor, cada detalhe é acom-
panhado de perto em um processo
manual e único. Os barris que usamos
para o envelhecimento são importados

“A cachaça hoje é uma


bebida altamente


premiada


internacionalmente”.


62 REVISTAVOX.COM | JULHO 2018

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