VOX 10ª EDIÇÃO

(VOX) #1
à minha memória e, algumas horas
antes, nos pensamentos da magis-
trada. De início ela pontuou: “hoje
de manhã pensava nos motivos por
conceder esta entrevista, o trabalho
realizado nestes últimos meses.
E me veio que tudo estava sendo
possível por ser representante do
Judiciário, que agora se envolve
nestes problemas, como Santa Casa,
Clínica, em busca de uma resolução
na origem e não apenas formal”,
disse a doutora, que explicou os
motivos pelo engajamento nas cau-
sas do PAI Nosso Lar. “Nos últimos
anos percebeu-se que a decisão ape-

cerca de 140 pacientes – a
então Clínica de Repouso
Nosso Lar. Conhecida
por muitos como Hos-
pital Espírita, devido à
denominação religiosa
que esteve à frente de sua
gestão, o local, referência
para tratamentos men-
tal e químico (álcool e
drogas), corria o risco de
encerrar suas atividades
devido aos graves proble-
mas financeiros que vinham sendo
apurados pelo Ministério Público
há pelo menos dois anos antes
daquele encontro.
Em sua fala a juíza solicitava
ajuda dos políticos e da comuni-
dade, por meio da imprensa, para
a instituição não fechar as portas,
deixando aqueles necessitados de
atendimento sem o serviço. Pouco
tempo depois toda a população
estava empenhada em resolver o
problema da entidade, que abriu as
portas que a isolavam da sociedade.
Era o início da transformação da
Clínica de Repouso em PAI Nosso
Lar (Polo de Atividades
Integradas). Inúmeros
parceiros e iniciativas
surgiram visando à
adequação da entidade a
partir da credibilidade do
Poder Judiciário e do Mi-
nistério Público. À frente
da mobilização, a juíza



  • que também é diretora
    do Fórum – se expôs e
    escancarou uma realida-
    de: a busca por solução
    efetiva dos problemas
    pelo Judiciário, que agora
    não se contenta apenas
    por decisões formais.


NOVO JUDICIÁRIO
Um ano e quatro me-
ses depois daquela reu-
nião na Sala do Júri, Ruth
recebe a VOX em outro
espaço do Fórum de Ada-
mantina. Mesmo em um
contexto diferente, logo
aquele primeiro encontro
na Casa do Judiciário veio


“O Judiciário passa por


remodelamento para buscar a


solução dos problemas sociais na


origem. A aproximação com a


comunidade não nos tira a


imparcialidade”.


nas formal não adianta,
devemos atuar na origem
do problema, tratando
com carinho, respeito,
dignidade e solidariedade
as questões que envolvem
saúde, crime, educação e
outras áreas. O Judiciário
passa por remodelamento
para buscar a solução dos
problemas sociais na ori-
gem. A aproximação com
a comunidade não nos
tira a imparcialidade. Ao contrário,
nos possibilita criar instrumentos
de contribuição”, destaca.
Juíza em Adamantina desde
2007, a magistrada ganhou os ho-
lofotes, nos últimos meses, devido a
nova linha de atuação do Judiciário,
já que utilizou toda a credibilidade
do cargo em prol, como ela mesmo
sempre pontua, “daqueles que não
tem voz”.
“Queremos amparar o bem da
vida de forma integral e não ape-
nas estancar. Então, percebeu-se
que as resoluções finais, formais,
pelo Poder Judiciário e Ministério
Público não são suficien-
tes para a tutela do bem
da vida. Quando se pensa
em uma resolução efetiva
é justamente olhar a
Constituição, a Lei maior,
e colocar o Judiciário
como integrante para a
busca do bem-estar geral.
A princípio, o Judiciário
teria que intervir para
tutelar os direitos que
foram ameaçados. Toda-
via, hoje em dia, atua na
prevenção, na salvaguar-
da integral”.
Campanhas de conci-
liação, mediação e cons-
cientização, de diversos
temas, se juntam às ações
sociais neste novo olhar
do Judiciário. “É canal
para que os direitos sejam
efetivamente concretiza-
dos”. Porém, toda mudan-
ça passa pela formação do
caráter dos envolvidos.
“Sem sombra de dúvidas,

JULHO 2018 | REVISTAVOX.COM 99

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