A Bola - 20200819

(PepeLegal) #1

26 A BOLA


Quarta-feira
19 de agosto de 2020
KICKBOXING jENTREVISTA

Mais desporto


Presidente da Fede-
ração Internacional de

Kickboxing há dois anos, este-


ve no mês passado em Portu-


gal, numa visita que não cor-


reu como esperava. Reuniu-se


com a Secretaria de Estado


da Juventude e do Desporto


mas, para sua surpresa, a Fe-


deração Portuguesa de Ki-


ckboxing e Muaythai não teve


disponibilidade para aparecer...


«Foi uma

oportunidade

S desperdiçada»

OUBE que esteve em Por-
tugal cerca de uma sema-
na, no mês passado, e até
se encontrou com algu-
mas antigas figuras do ki-
ckboxing nacional. Veio ao nosso
país por alguma razão concreta?
— Tinha férias marcadas e antes
da situação do coronavírus ter pio-
rado em Portugal tive oportunidade
de visitar o país. Inicialmente planea-
ra ir aos Estados Unidos com a famí-
lia, mas como a situação lá estava
tão má preferi ir para um local mais
perto de casa (vive na Irlanda). Es-
colhi estar seis dias em Portugal, um
país lindo, com ótimo clima. Tive
oportunidade de reunir-me num al-
moço com 12 dos vossos campeões
mundiais e europeus. Foi maravi-
lhoso, especial até. Têm mesmo bons
atletas no país.


— Segundo soube, e essa é a ra-
zão desta entrevista, apesar de ter
vindo de férias tentou agendar um
encontro com os responsáveis da
Federação Portuguesa de Kickbo-
xing e Muaythai?
— Habitualmente, quando vou a
um país, tento sempre marcar um en-
contro com a federação local e o res-
petivo presidente. Normalmente jan-
tamos e dou-lhes oportunidade de
recorrerem aos meus préstimos duran-
te a minha estada. Fi-lo quando esti-
ve na Jordânia, em Israel, Espanha...
Sempre em associação com as fede-
rações dos países em causa, pois sei que
é benéfico para a modalidade contar
com a presença do presidente da fe-
deração internacional. Promovo en-
contros com o comité olímpico nacio-
nal ou o titular da pasta dos desportos.
É normal. Nesse pressuposto, quan-
do marquei os meus dias para Portu-
gal, o meu bom amigo Carlos [Ramja-
nali], ao saber disso, perguntou-me se
seria possível encontrar-me com os
responsáveis do desporto no país.


Entrevista de
MIGUEL CANDEIAS

— Como faz habitualmente...
— Faz parte da minha função,
como presidente da WAKO apoiar
a modalidade em cada país. Por isso
aceitei fazê-lo. E, nesse sentido, o
Carlos Ramjanali, através dos seus
contactos, agendou um encontro
com a Secretaria de Estado da Ju-
ventude e do Desporto. Mal soube
a data em que tal reunião iria acon-
tecer, enviei, de imediato, e com
duas semanas de antecedência, um
convite por email para o presiden-
te [Nuno Margaça] e os vice-presi-
dentes da federação, com os deta-
lhes do encontro, hora e local.

— E no dia marcado, acompa-
nharam-no?
— Não, infelizmente não puderam
comparecer.

j


ROY BAKER


— E não estranhou essa ausência?
Alguma vez lhe tinha acontecido?
— Que seja do meu conheci-
mento, foi a primeira vez que uma
federação nacional não compare-
ceu a um encontro entre o presi-
dente [da WAKO] e o secretário de
Estado do Desporto. Porque se tra-
ta de uma oportunidade. Para mim,
devo dizer, foi fora do comum. Mas
por vezes acontecem coisas inco-
muns. Mesmo assim aproveitei para
promover o kickboxing em Portu-
gal e apresentar às pessoas da Se-
cretaria de Estado do Desporto os
campeões portugueses dos últimos
oito anos. Disse-lhes o que ambi-
cionavam e fiz uma explanação,
através de um powerpoint, sobre os
aspetos positivos da modalidade
em Portugal e por todo o mundo.
É que, por vezes, as pessoas não
fazem ideia da enorme projeção do
kickboxing.

«SITUAÇÃO INVULGAR.
ÚNICA, MESMO»
— Vou insistir, porque é estra-
nho e não estou a ver outra moda-
lidade em que tal sucedesse, mes-
mo não apoiando o presidente da
federação internacional, terem
uma atitude assim: esperava, pelo
menos, que a federação portugue-
sa lhe tivesse respondido não ter
tempo para ir à reunião?
— Não sei se o problema foi não
terem tempo para mim. Não me
disseram isso. Responderam ape-
nas que não poderiam compare-

Haverá vontade da WAKO em ver a
federação portuguesa de kickboxing
separada da de muaythai? Roy Baker
sustenta:
«Seria injusto comentar algo sobre
isso. Mas o facto é que quanto mais
focados estivermos numa só coisa,
melhor será o foco. No momento a fe-
deração portuguesa é reconhecida
tanto pelo muaythai como pelo ki-
ckboxing.»

«Por vezes existem chances que


só surgem uma vez em muitos anos»


Quererá isto dizer que não há qualquer
perigo da federação portuguesa ter proble-
mas ou até poder ser suspensa da WAKO
por causa disso? «Não é da minha posição
dizer o que eles devem ou não fazer ou se
podem ser suspensos, o que pode citar-me
desta conversa é que desperdiçaram uma
enorme chance. E uma destas só aconte-
ce uma vez em alguns anos. Para dar um
exemplo, estava na África do Sul no início
de março, uma semana antes da crise da

Covid-19, reuni-me com o presidente do
comité olímpico e com o ministro do des-
porto na companhia do presidente da
federação. Três semanas antes havia es-
tado na Ucrânia e encontrei-me com o
ministro do desporto, com o da cultu-
ra... Por isso, quando digo foi que invul-
gar, foi altamente invulgar não quere-
rem estar com membros do Governo
envolvidos na política desportiva. Será
bom perguntar-lhes porquê?»

Baker com Humberto Évora, dos melhores pesados lusos de sempre, finalista do K1 de Marselha

D. R.

Presidente da Federação Mundial de Kickboxing esteve em Portugal e aproveitou para promover a modalidade
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