A Bola - 20200819

(PepeLegal) #1

A BOLA


Quarta-feira
19 de agosto de 2020


29


gar de olhos nos olhos com os ale-
mães, já que tem uma ideia de jogo
e uma intensidade atlética muito
semelhante.

R


ONALDO & BRUNO. De
todos os portugueses pre-
sentes na reta decisiva da
Champions e da Liga Eu-
ropa, é um facto que ape-
nas o guarda-redes Anthony Lopes
pode chegar à final. Foi realmente
uma época muito má para nós na
Europa. Mas houve dois nomes que
sobressaíram no momento da que-
da. Cristiano marcou dois golos (um
deles magnifico), lutou, esperneou
e deu tudo para eliminar o Lyon,

OPINIÃO


Visão global


que acolhe pela primeira vez uma
equipa propriedade de um país ára-
be (Catar): o Paris Saint-Germain
dos cintilantes Neymar, Mbappé,
Di María... e Marquinhos. Veremos
como vai Rudi Garcia tentar em-
perrar a máquina de Munique, sa-
bendo-se que ele eliminou duas
equipas sonantes como a Juventus
e o Manchester City no espaço de
oito dias. A este nível há coisas que
não se repetem por acaso. Mas acre-
dito que nem um Lyon taticamen-
te perfeito (franceses: nada a perder!)
com um super Anthony Lopes na
baliza (jogo da vida!) seja capaz de
travar este Bayern. Julgo que neste
momento só o Liverpool podia jo-

D


IREITO ao Bayern-Lyon
de logo em Alvalade: gos-
to de Rudi Garcia (na Bola
TV chamei a atenção para
a sagacidade tática dele
antes do jogo com o City), mas não
estou a ver maneira de ele conseguir
escapar à terrível martelada do
Bayern. Que incrível futebol joga
esta equipa alemã conduzida por
um treinador cujo nome poucos co-
nhecem de cor (Hans-Dieter Flick)...
Quanta potência, quanta objetivida-
de, quanta versatilidade nesse car-
rossel infernal, de imenso fôlego
atlético, que esmigalhou o Barcelo-
na com um corretivo histórico.
Quem reparou no comportamento
de Flick na parte final desse jogo
percebe quão focada e profissional
é toda a estrutura técnica do Bayern.
O homem estava a espetar uma go-
leada histórica ao Barcelona e man-
tinha o ar mais sereno do mundo,
como se aquela hipótese estivesse
prevista no plano de jogo. Se calhar
estava. Bem sei que esta Champions
tem sido pródiga em surpresas, mas
creio que ninguém contestará a su-
perioridade evidente do futebol que
o Bayern joga. Isso por si só não ga-
rante nada, claro, mas é um sinal
quando toda a Imprensa interna-
cional aponta a equipa alemã como
híper favorita à final de domingo,


[email protected]


contrastando violentamente com
alguns dos seus aburguesados com-
panheiros de equipa, a quem noto-
riamente faltou compromisso e am-
bição. Autor de todos os golos (7) da
Juventus nas últimas duas fases eli-
minatórias da Champions, Cristia-
no parece deslocado numa equipa
que não lhe dá o apoio que tinha em
Manchester e Madrid. Talvez por isso
Ronaldo esteja a equacionar a quar-
ta mudança na carreira, não se sa-
bendo se as notícias que apontam
para o fim de ciclo em Turim possam
motivar o seu arquirrival Messi a
tentar sair, pela primeira vez, da sua
zona de segurança. O Barcelona é
um destroço da grande equipa que

Real Madrid de Alfredo Di Stefa-
no, que venceu as cinco primei-
ras edições da Taça dos Campeões
Europeus (entre 1955 e 1960). Po-
demos e devemos admirar a ma-
gia do Barcelona de Messi, Inies-
ta e Xavi (dois títulos, um com
Guardiola, outro com Luis Enri-
que), mas a primazia merengue
não tem contestação possível —
assim como a de Cristiano Ronal-

Uma equipa eterna — A década de Real/Ronaldo/Zidane


I


NDEPENDENTEMENTE de
quem ganhar a final de do-
mingo na Luz, a década que
fecha agora, dominada pelo
futebol espanhol (seis títulos
em dez), deixa uma equipa para a
eternidade: o Real Madrid de Ro-
naldo, que conseguiu a proeza de
ganhar quatro Champions em cin-
co anos — três delas seguidas —,
um registo apenas suplantado pelo


do e de Zinedine Zidane, o primei-
ro treinador da história a levan-
tar três orelhudas seguidas (!)
numa década muito marcada pela
rivalidade Guardiola-Mourinho.
Foi neste decénio que Cristiano
se firmou como o rei indiscutido
da Champions, apesar de não ter
conseguido passar dos quartos nas
duas épocas com a Juventus. Os
números de CR7 são imbatíveis:

O martelo que esmigalha


Bayern mais favorito
que nunca — será
possível não ganhar
esta Champions?
Ronaldo à procura
de novo desafio...
e terá Messi coragem
de o imitar?

Por
ANDRÉ PIPA

foi e Messi há de perceber que o fi-
nal da carreira já esteve mais longe;
e que o panorama em Camp Nou não
é particularmente animador: re-
construir uma equipa com cara de
Champions leva o seu tempo. Não fi-
caria admirado se o City e Guardio-
la o tentassem arrancar da Catalu-
nha.
Bernardo Silva tem vindo a per-
der espaço no City (deixou de ser ti-
tular indiscutível) e nem sequer foi
utilizado no tudo-ou-nada com o
Lyon, onde se percebeu mais uma
vez a falta de estofo da equipa ingle-
sa na maior competição clubística
do mundo. Cancelo foi titular mas
não deixou marca. João Félix, su-
plente de luxo no Atlético, teve tre-
ze minutos cintilantes no jogo com
o Leipzig (arrancada, penálti e golo),
mas foi ânimo de pouca dura. Ter-
minou como os outros colegas —
apagado, perdido no futebol tro-
glodita de Simeone —, à imagem
do que foi a época colchonera. Já
Nélson Semedo regressou à Luz para
uma noite de puro horror (2-8)
marcada pela finta diabólica que
lhe aplicou o miúdo Alphonso Da-
vies (18 anos) no lance do 5-2.
Na Liga Europa, Luís Castro
(Shakhtar) caiu nas meias vergado
ao peso de uma derrota devastado-
ra (0-5) com o Inter do defensivo
(?) Antonio Conte. Uma pena. O
portuguesíssimo Wolverhampton,
que já eliminara com alguma for-
tuna o Olympiakos de Pedro Mar-
tins, não teve arte nem engenho
para o organizado Sevilha de Lo-
petegui e foi bem eliminado; Sevi-
lha esse que soube explorar a in-
crível ingenuidade defensiva do
Manchester United, onde Bruno
Fernandes é cada vez mais o boss
indiscutido. Como Ronaldo, tam-
bém Bruno caiu a marcar, a es-
pernear e a protestar com a passi-
vidade dos colegas — no caso, o
central Lindelof. É um jogador de
outra dimensão, destinado a bri-
lhar na Champions, o seu espaço
natural.

quatro títulos e quatro meias-fi-
nais, seis vezes goleador-mor com
as três melhores marcas da prova
(17, 16 e 15 golos) e um total de 108
golos em 112 jogos. O registo do
arquirrival Messi é mais modes-
to: dois títulos, três meias finais e
cinco quartos de final, quatro ve-
zes goleador-mor e um total de 90
golos em 99 jogos. A nação realis-
ta jamais esquecerá as campanhas

terminadas em glória nas cidades
de Lisboa (2014), Milão (2016),
Cardiff (2017) e Kiev (2018), assim
como o onze tipo que as tornou
possíveis: Keylor Navas; Carva-
jal, Pepe, Sergio Ramos e Marce-
lo; Casemiro, Toni Kroos e Luka
Modric; Gareth Bale, Karim Ben-
zema e Cristiano Ronaldo.
Dois portugueses numa equi-
pa eterna...

LIGA DOS CAMPEÕES
jQuadro de honra j2010-2020)
ÉPOCA VENCEDOR / PAÍS TREINADOR MELHOR MARCADOR
2010/2011 Barcelona (ESP) Pep Guardiola (ESP) Messi ( 12 golos)
2011/2012 Chelsea (ING) Roberto Di Matteo (ITA) Messi ( 14 golos)
2012/2013 Bayern (ALE) Jupp Heynckes (ALE) Ronaldo ( 12 golos)
2013/2014 Real Madrid (ESP) Carlo Ancelotti (ITA) Ronaldo ( 17 golos)
2014/2015 Barcelona (ESP) Luis Enrique (ESP) Ronaldo ( 10 golos) – Messi ( 10 ) – Neymar ( 10 )
2015/2016 Real Madrid (ESP) Zinedine Zidane (FRA) Ronaldo ( 16 golos)
2016/2017 Real Madrid (ESP) Zinedine Zidane (FRA) Ronaldo ( 12 golos)
2017/2018 Real Madrid (ESP) Zinedine Zidane (FRA) Ronaldo ( 15 golos)
2018/2019 Liverpool (ING) Jurgen Klopp (ALE) Messi ( 12 golos)
2019/2020?? Lewandowski ( 14 golos *)

(*) antes
da meia final;
Erling Haaland
(eliminado)
tem 10 golos
e Serge Gnabry, 7

MANU FERNANDEZ/AFP

Bayern esmagou o Barcelona e é, claro, o favorito a marcar presença na final, jogo em que o PSG já garantiu lugar
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