A Bola - 20200822

(PepeLegal) #1

A BOLA


Sábado
22 de agosto de 2020


OPINIÃO 29


Porque hoje é sábado


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Por
VÍTOR SERPA

Num ano que obriga à
sucessão da dinastia
Messi/Ronaldo, a
alternativa ao brasileiro
será Lewandowski, mas
não é da mesma galáxia

Humor ardente


Por
LU ÍS A FO NSO

MIGUEL NUNES/ASF

Neymar está diferente em Lisboa

DENTRO DA ÁREA

FORA DA ÁREA

Neymar pode, enfim, ser rei na Europa


N


EYMAR poderá, enfim,
deixar de ser o príncipe
irrequieto e imaturo e
subir ao trono do melhor
jogador do mundo. Este
é o ano certo. O PSG joga, amanhã,
a sua primeira final da Liga dos
Campeões, Messi foi para férias,
humilhado com a impiedosa golea-
da do Bayern ao Barcelona, Cris-
tiano Ronaldo fez muito, mas não
o suficiente para apurar a Juve,
aproveitando a silly season para
passar estes dias de verão a mos-
trar-se no seu novo e luxuoso iate,
e, num ano em que as seleções es-
tão fechadas para balanço, sem
campeonatos da Europa ou do
Mundo para ajudar a tornar mais
objetivo a atribuição dos prémios


do The Best e com a anunciada au-
sência de entrega da Bola de Ouro,
estranho seria se a atribuição do tí-
tulo do melhor do mundo por par-
te da FIFA não recaísse em alguém
que fará parte da equipa vence-
dora da final da Champions, ama-
nhã, em Lisboa.
Duas hipóteses mais óbvias,
tendo em vista a persistente ten-
tação da escolha recair em golea-
dores: o brasileiro Neymar, 28
anos, do PSG; e Lewandowski,
polaco que ontem completou 32
anos de idade, e tem feito toda
uma carreira de homem-golo,
procurando, mais do que o prémio
do melhor do mundo, um géne-
ro de óscar de carreira.
Estes prémios, como o The Best,
da FIFA, ou a Bola de Ouro, da
France Football, são importantes
de mais para serem entregues à
inocência dos seus votantes. Há,
sempre, um conjunto de fatores
que influenciam, alguns mais no-
tórios, outros menos visíveis. A
política de bastidores tornou-se,
aliás, mais intensa e menos trans-
parente nos últimos resultados,
que fizeram prolongar, muito pro-
vavelmente, além do admissível
essa luta histórica entre Leo Mes-
si e Cristiano Ronaldo, uma luta
que, aliás, muito contribuiu para
uma década fulgurante da presen-
ça do futebol no mundo, consoli-

dando a sua dimensão universal.
Mas até a parte mais conser-
vadora da FIFA e da UEFA enten-
dem que é chegado o momento de
encontrar um sucessor para a di-
nastia Messi/Ronaldo. Sendo que,
na fase de transição, se torne ain-
da mais provável que fazer ou não
fazer parte da equipa vencedora da
Champions poderá e deverá fazer
toda a diferença.
Não fosse isso e certamente que
Neymar já estava muito próximo de
ser finalmente coroado como o
melhor do mundo. Porque mere-
ce. Porque o seu futebol envolven-
te, criativo, capaz de fazer explo-
dir a arte do jogo, fazendo-o

regressar à magia que sempre o
celebrou, está a anos luz do fute-
bol pragmático e intuitivo de
Lewandowski. E, no entanto, du-
vido que a FIFA tenha coragem de
atribuir o The Best a Neymar se o
Bayern se impuser naquela sua má-
quina infernal de fazer futebol e
vencer a final de Lisboa.
Neymar sabe, melhor do que
todos, que está muito perto da con-
sagração. Ele que nunca se deu es-
pecialmente bem na sombra de
Messi e de Cristiano, chega, aos 28
anos de idade, a um tempo que
sabe que pode e deve ser dele. Não
mostra sinais do miúdo irreveren-
te, que levava o futebol pouco a
sério e, por isso, continuava a di-
vertir-se a jogar à bola. O que se
tem visto de Neymar, sobretudo
em Lisboa, é um jogador que usa
o seu talento natural a favor da
equipa e não, como acontecia, em
vantagem exclusiva do seu insaciá-
vel apetite de deslumbrar.
Neymar tem, ainda, a vanta-
gem de não estar sozinho e de ter,
com ele, uma equipa sólida e de-
sequilibradora. Além de um ataque
maravilhosamente excêntrico,
com o genial Di María (magnífica
meia final) e o estonteante Mbappé,
que se juntaram para fazerem um
trio de exceção. E, no entanto,
pode não chegar para vencer a me-
lhor equipa da Europa.

Vieira espera


e desespera


O


Benfica espera e desespera por
Cavani. Para os adeptos mais
conservadores, é tempo de-
mais e, sobretudo, exigência de mais,
da parte do jogador. Seria preferível
deixar cair a sua contratação. Para Viei-
ra não será bem assim e compreen-
de-se. Deixar cair Cavani será, sempre,
uma derrota com consequências com-
plexas e, por isso, percebe-se que irá
ao limite dos limites para convencer o
uruguaio. Mas pode não chegar e a al-
ternativa não é fácil. O problema é que
Cavani sabe disso. E os seus negocia-
dores também.
CHRISTOPHE PETIT TESSON/EPA

O país não pode


parar, mas...


O


anunciado regresso às escolas
contém um risco que o Gover-
no pretende assumir em nome
daquela ideia de que o país não pode
voltar a fechar. Mas é um risco enor-
me e de consequências imprevisíveis,
atendendo a que o esforço de investi-
mento na prevenção não é suficiente
para alterar o essencial: número ex-
cessivo de alunos por turmas, núme-
ro reduzido de professores e de auxi-
liares. Há uma sensação preocupante
de experimentalismo sem noção do
resultado. Pode ser que corra bem. Se
não correr, é uma chatice...
MIGUEL NUNES/ASF
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