O Jogo - 20200823

(PepeLegal) #1

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A Espanha é claramente a
grande dominadora da Liga
Europa na última década.
Nos últimos 11 anos, foi para
o país vizinho por sete vezes
o troféu (quatro vezes para o
Sevilha, três para o Atlético
de Madrid, ficando as outras
quatro divididas por Portugal
(FC Porto) e Inglaterra
(Chelsea duas vezes, United de
Mourinho uma). Não obstante, nesta
época inédita e muito atribulada,
mesmo não tendo nenhuma equipa na
final da Champions, a Espanha
continua a ditar leis na Europa, apesar
da pandemia que fechou o futebol em
casa durante três meses, e mais até em
algumas situações. E esta Liga Europa,
assim denominada desde 2009, é
claramente do Sevilha. Quase lhe
podíamos chamar a Liga Sevilha, por
brincadeira claro... Apesar de não ter
feito um campeonato de grande nível
(terminou em 7.º lugar), o Sevilha
conquistou mais uma taça europeia. Os
pupilos de Lopetegui foram melhores,
mereceram e fizeram a festa mais uma
vez. Esta equipa espanhola esteve seis
vezes numa final europeia, e por seis
vezes ganhou. É mesmo assim, as
finais são para se ganhar, como se
costuma dizer...


2


Nesta final entre o
Sevilha e o Inter pudemos
ver, também, a extraordi-
nária qualidade de dois
jogadores, Lukaku e o
argentino Lautaru
Martinez, há dois anos na
Europa apenas, mas a
revelar uma maturidade
notável. O Inter vive
muito deles e da profundidade que dão
ao futebol, mas que não foi suficiente
para eliminar os pontos fortes do
Sevilha. Saíram, no entanto, muito por
cima, estes dois avançados do Inter.


3


E agora vamos a algo que
não é muito fácil de
explicar... Na final da
Champions que hoje se
joga em Lisboa, vão estar
frente a frente o Bayern e
o PSG, uma equipa alemã
e uma francesa. Em
França, o campeonato não
recomeçou depois da
pandemia; na Alemanha, foi o
primeiro europeu a recomeçar e vimos
como o Bayen foi ganhando força à
medida que a competição foi avançan-
do... Tal como Leipzig, que foi uma das
surpresas desta Champions, que


chegou às meias-finais. Os governos de
França e da Alemanha foram por
caminhos diferentes no que toca ao
recomeço das competições. Quem é
que esteve bem? Fica difícil de
responder, porque estão os dois países
representados na final. O futebol tem
destes mistérios.
Falta agora saber se o futebol simples
do Bayern chegará para ganhar a a final.
O PSG tem três avançados fortíssimos,

Neymar, Kyllian Mbappé e Di Maria,
como se viu ainda no encontro das
meias-finais com o Leipzig. A solidez
defensiva que o PSG vem demonstran-
do, a verificar-se também no jogo de
hoje, poderá ser suficiente par dar
espaço ao trio atacante para criar
muitos problemas à defesa do Bayern.
Não porque a defesa alemã seja débil,
mas porque, a funcionar confortável,
este trio dos franceses é realmente
muito forte. Vamos ver se será capaz de
parar a máquina de fazer golos alemã. E
será mais uma oportunidade para ver
em acção este miúdo, Alphonso
Davies, canadiano, um lateral
esquerdo de sonho e que, sinceramen-
te, não sei onde irá chegar. Com 21 anos
revela uma qualidade muito acima da
média e é um encanto vê-lo jogar. Será
mais um atrativo para o espectáculo de
hoje. Que vai ser muito bom! Mas há
uma dúvida que vamos carregar para a
vida: nunca saberemos se em circuns-
tâncias normais, ou seja, com as
eliminatórias a duas mão, estes seriam
os vencedores, o Sevilha e o que hoje
conquistar a Champions.

Espanha continua


a ditar as leis


no futebol europeu


Jesualdo Ferreira


Tática do
professor

Liga-te


O campeonato


dos advogados


F


aço manifestação de interesses: fui
advogada e serei sempre! O prazer de ser
parcial assume um particular encanto no
exercício desta nobre profissão. Mas não vale
tudo! Hoje pleiteio pela defesa dos interesses da
Liga Portugal, sou parcial na defesa do rigor, da
transparência, da igualdade de tratamento e da
integridade das competições.
A Liga defende hoje exatamente o que defenderá
amanhã, independentemente da Sociedade
Desportiva, do clube ou do advogado que os
representa. A honestidade intelectual tem de
imperar e os argumentos que usamos para elogiar
determinada decisão ou reconhecer determinado
processo, não podem ser totalmente colocados
em causa em momento subsequente, para
defender o inverso, ou questionar o mérito de
todos os critérios, anteriormente enaltecidos. E
isto, lamentavelmente, tem acontecido com
maior frequência do que seria expectável.
O processo de licenciamento para as competições
profissionais depende de um conjunto apertado

As Sociedades Desportivas
impõem rigor a si próprias. Não são,
nem poderão ser, os advogados,
com sucessivos e fúteis processos
judiciais, que colocarão em causa o
rigor já consolidado.

de critérios, alguns decorrentes da lei, a maioria de
base regulamentar, cujo cumprimento tem que
ser demonstrado documentalmente, num
criterioso e rigoroso processo conduzido pela
Comissão de Auditoria.
É graças a este rigor que o cumprimento salarial
no Futebol Profissional é a regra e não a exceção,
que infelizmente nalguns casos se verificou este
ano. É esta preocupação com as retas contas e o
rigoroso cumprimento das regras definidas que
nos obriga a não abrir mão da vontade das
Sociedades Desportivas, que exigem à Liga que
seja atenta e cautelosa com a respetiva admissão,
o que seguimos desde 2015 com redobrada
atenção.
O licenciamento assenta num manual discutido
em profundidade no seio dos Grupos de Trabalho,
compostos pelos técnicos especializados das
sociedades desportivas. Todos têm a oportunida-
de de participar e cada um tem alocado valor ao
manual, que se reconhece como idóneo para a
aferição da capacidade legal, financeira e
infraestrutural das sociedades desportivas.
Reconheço que não há nenhuma atividade que
seja tão exigente consigo própria como o Futebol
Profissional. Esta exigência, de que não abdica-
mos, impede a contratação de jogadores sem o
integral pagamento dos contratos anteriores,
controla as declarações fiscais e da segurança
social impedindo a intervenção dos que não
apresentam situação regularizada, exige a
atempada apresentação de contas, sob pena de
sanção disciplinar.
As Sociedades Desportivas impõem rigor a si
próprias. Não são, nem poderão ser, os advogados
com sucessivos e fúteis processos judiciais, que
colocarão em causa o rigor já consolidado.

Sónia
Carneiro

Em França,
o campeoanto não
recomeçou depois
da pandemia, na
Alemanha foi o
primeiro a reabrir.
Os dois países
estão na final da
Champiopns

EPA

Domingo, 23 agosto 2020
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