H
á uns vírus a
que deram o
cognome de
corona, que,
na letal
versão de
2019, alterou
a forma de
vida no
mundo
inteiro. Trouxe problemas de
saúde a muitos, a morte de
entes queridos, estoirou
economias, empregos e
rendimentos, as relações
humanas e sociais. Centenas
de milhões de pessoas estão a
passar por muitas dificuldades
e a luz o fundo do túnel não se
divisa. O futuro a curto e
médio prazo está repleto de
incertezas.
É dos livros de economia que
os grandes negócios se fazem
nos tempos de maior crise.
Quem tem posses pode
comprar o que vale a pena por
tuta e meia. Nestas situações,
os poderes públicos e os
reguladores (o que quer que
isso signifique ou represente)
devem intervir para evitar as
manifestações monopolis-
tas e fomentar a concorrên-
cia e os equilíbrios funda-
mentais para que a retoma
seja sustentada. Não devem
permitir que os mais fortes
fiquem cada vez mais
poderosos e sozinhos no
trono, acumulando saúde e
riquezas que mais ninguém
pode aspirar. Seria o mesmo
José Eduardo
Simões
Senado
Manuel
Queiroz
Valor
facial
A sorte de Cavani
não querer Pedro Proença aproveitou a Conferência Record/Santander
para voltar a pedir público nos estádios. Já o tinha feito há
duas semanas na conferência organizada pela própria Liga.
É uma mensagem essencial e, vendo ontem os jogos do
campeonato francês, com lotações reduzidas, mas, ainda
assim, alguns milhares de espectadores (e na Ligue 2 o
mesmo), parece evidente que é possível começar a
normalizar também a vida no desporto. Com os cuidados
necessários, claro. Não é tudo fácil, até porque, na mesma
França, na final da Taça da Liga, os adeptos do Lyon não
quiseram estar presentes porque era preciso decidir quem
ficava de fora ( já no PSG decidiram quem podia entrar e
teve 1500 adeptos). E há questões de equidade - será uma
percentagem de lugares disponível igual em todos os
estádios, apesar de as infeções não serem iguais em todo o
lado? É preciso normalizar o dia a dia. O primeiro-ministro já
disse que o país não aguenta outro confinamento como
houve entre março e maio. O futebol ainda menos!
Proença insiste
7
Acho que saiu a sorte grande ao Ben-
fica ao não ter conseguido, segundo
tudo o indica, a transferência de Ca-
vani. Há umas semanas, escrevi aqui
que Cavani era “mercado virtual”
porque o uruguaio tinha mercado e
estava habituado a condições que o
Benfica só podia dar se atirasse o or-
çamento pela janela, ou se ninguém
o quisesse. E o pior é que se o fizesse
com Cavani, iria ter que o fazer de-
pois com outros, pela dinâmica que
introduzia nos jogadores e nos seus
empresários, mais a mais num mo-
mento particularmente incerto na
economia. E é neste sentido que
digo que saiu a sorte grande ao Ben-
fica. Há uma semana começaram
a sair notícias de que havia
problemas fiscais a resolver -
eu nunca conheci nenhum pro-
blema fiscal que não se chamas-
se dinheiro. O Benfica atingiu nos
últimos anos orçamentos de 200
milhões na SAD - Cavani custaria
mais de 10% disso. Não há modelo
económico, mesmo furado, que re-
sista. A ambição perde o homem,
mas também se pode dizer que sem
ambição ninguém anda para a fren-
te. Mas a ambição tem que ser razoá-
vel e não era de todo o caso.
[email protected]
Pe
pa
du
É
ca
as
m
no
ne
Fr
qu
fic
te
pe
es
la
di
ho
P
ao Ben-
ram
o-
as-
nos
200
aria
delo
ue re-
em,
ue sem
a fren-
r razoá-
A novela
inventada
e alimentada
que aceitar que a vacina do
COVID19 vá toda para os
países mais ricos e só chegue
aos restantes com dois ou mais
anos de atraso.
Neste país desportivo já tão
desigual estamos a assistir à
demissão dos responsáveis,
inertes na forma e no
conteúdo, incapazes do golpe
de asa que o tempo exige. Nada
fazem para criar condições
para que situações como a do
Setúbal ou Aves (e doutros que
andam a esconder problemas
idênticos) não se repitam e
parecem não perceber a má
fama que passa para o exterior.
Pedro Proença atirou que a
provável diminuição de
receitas, sem contar com o que
poderá suceder com os direitos
televisivos (a novela da
centralização, essa, não tem
força para ser argumento),
poderá ascender a 350 milhões
de euros em 2020/21, após
uma quebra de 180 milhões
esta época. Será possível que
não entenda as circunstâncias,
e aceite impávido a miséria de
tantos perante a novela de
ostentação de um?
Luis Filipe Vieira, o homem
que quer ser reeleito custe o
que custar, pediu ao gabinete
de crise da Luz que produzisse
o argumento de uma novela
de sucesso para vender à
comunicação social e ao povo
todo. Nos primeiros episódios,
e tal como é habitual nas
novelas brasileiras, assistiu-se
ao reacender da paixão do
antigo namoro, o qual
(namoro) tinha acabado em
divórcio litigioso, mas isso são
histórias antigas de que
ninguém quer saber. E assim
regressou o carioca flamen-
guista que foi claro quanto ao
dote para o reatar da relação.
Nos episódios seguintes vão
sendo revelados “todos os
nomes” (não os do romance de
José Saramago) e as quantias e
meios envolvidos. A comuni-
cação social delicia-se e o povo
esquece os problemas perante
tanto jacto privado e capacida-
de de contratar seja quem for
que o treinador queira.
Com a emoção quase ao
rubro, a novela revela algumas
cascas de banana, os 30
dinheiros limpos que são 60
sujos, os três anos que são
talvez seis, as viagens para
Ibiza com Portugal no
caminho, está certo e vem
amanhã, mas depois de
amanhã ainda não chegou. É
uma tragédia, não grega mas
uruguaia. Para disfarçar a falta
de vontade da estrela maior vir
para Lisboa, quando já estava
tudo acertado (escreviam), ao
jornal oficial encarnado só
falta mesmo dizer que toda a
novela Cavani foi inventada e
alimentada pela nefasta
comunicação social, a mesma
que recebeu as preciosas
pepitas de informação do tal
gabinete que engendrou o
enredo. Os próximos capítulos
darão conta dos que hão de
chegar, mais 6, 8 ou 10 nomes
para aumentar o afã de
compras do clube da Luz e
fazer esquecer o insucesso.
Nestes tempos de crise há que
aproveitar as dificuldades
alheias. Como se irá pagar tudo
isto? O futuro o dirá. Ou os
talentos do Seixal que hão de
ser vendidos por Jorge
Mendes. O que interessa é
ganhar em Outubro...
As justiças nacionais andam cheias de
confusões e em vez de as resolver complicam
ainda mais. O que uma diz a seguinte reverte,
a superior altera e a seguinte tem outro
entendimento. No final pode voltar tudo à
estaca zero, como se nada se tivesse passado.
Assim foi nos casos de Boavista e Gil Vicente.
Agora, o Setúbal, depois de uma década a
fintar potenciais sanções (com que cumplici-
dades?), deverá atravessar o caminho das
pedras e, se o processo apresentado pelo
Chaves obtiver vencimento, os sadinos
podem acabar nos distritais e recorrer a nova
designação para limitar insolvências e
problemas penais a dirigentes. Nesse caso,
poderão seguir os exemplos de Salgueiros,
Beira Mar, Naval, União de Leiria ou Estrela
da Amadora. Dura lex sed lex? Tudo é
possível!
PERGUNTA da semana
FIGURA da semana
Impossível esquecer a eficiência do Sevilha:
seis finais da Liga Europa, seis vitórias, um feito
extraordinário! Em termos de jogo psicológico,
dá alma e crença aos seus jogadores, enquanto
os adversários interiorizam alguma inferiori-
dade, mesmo que a equipa seja melhor. São
muitas as que perderam mais finais do
que as que ganharam, por
maldição, menor valia ou
simples “azar” (os penáltis
são uma prova de nervos,
que ou são de aço ou dão mau
resultado). Mas há que elogiar
o técnico Julen Lopetegui, que
apenas no Porto e no Real não
conseguiu mostrar o valor que
inegavelmente possui. Para as
equipas nacionais uma lição a
retirar: vejam a construção
táctica do Sevilha e passem
aos atletas a importância de
dar tufo por tudo do início
ao fim e cada jogo.
Sevilha e Lopetegui
E se o Chaves ganha a acção?
o n Q c t o r p t r
m alguma inferiori-
a seja melhor. São
ais finais do
r
,
au
iar
que
não
r que
ra as
o a
ão
m
o
O autor optou por escrever
na ortografia antiga
Gerardo Santos / Global Imagens
Domingo, 23 agosto 2020
http://www.ojogo.pt
(^20) t twitter.com/ojogo