10 |Valor|Terça-feira,25deagostodeEspecial|Seguros,previdênciae capitalização
presidente da Confederação
Nacional das Seguradoras
(CNSeg). “Mas isso já está
ocorrendo há algumtempoe
sem soluços.O mercadoterá
queoferecercomocontrapar-
tida novos produtos, com co-
berturas menorese outrosti-
pos de benefícios, paranão
perder a clientela”, opina.
A automaçãode processos
e ainovaçãotecnológicasão
consideradas peças-chave
nessajornadade melhorade
eficiência operacional para
compensar a perdado col-
chão financeiro. “A automa-
ção dos processosead igitali-
zação otimizam os custos
operacionaisdas seguradoras,
um processo que se acelerou
muitona pandemia”, diz Eri-
ka Ramos,sócia-líderdo seg-
mento de seguros da KPMG.
Pesquisaglobalda consul-
toria mostraque 55% das se-
guradoras entendemque ga-
nharãoeficiência operacional
comamelhoranos processos
de sinistro. “Há oportunidade
de reduçãode custosmuito
grandenessa área.Já existem
muitas seguradoras apostan-
do em inteligência artificial
(AI) e machinelearningpara
redução do tempomédiode
regulação de sinistros, tor-
nando os processos maissim-
ples e rápidos, com preços
maispersonalizadosemelho-
rando a experiência com o
cliente”, completa.
As seguradoras adminis-
tramcercadeR$1,3trilhãoem
aplicaçõesecercade80%desse
montantese refere areservas
técnicas,que contamcom re-
gras rígidasparainvestimen-
tos pelaSuperintendênciade
SegurosPrivados(Susep)para
dar lastroaos passivos.Apenas
com os 20% restantes os gesto-
res possuemmaiorflexibilida-
de parainvestimento. Coma
Selica 2% eumcenáriode in-
flaçãobaixa,serápreciso,den-
tro dos limites regulatórios,
buscarcada vez maisadiversi-
ficação dos portfólios para
ampliaro mix da carteirade
investimentos.
ConformeEricaRamos,daKPMG,grande partedo port-
fólioestáconcentradoemtí-
tulospúblicos. “Há também
exposição a títulosde crédito,
rendavariável e fundosmulti-
mercado,aindaque em pro-
porçãomuitomenor. Omovi-
mentoque deveacontecer é a
busca por diversificação
maiorparatirarum poucoo
gap das taxasde juros.Outro
aspectoimportanteque as se-
guradoras devem olharéa
buscaporalternativas de in-
vestimento de mais longo
prazo,na tentativa de alavan-
car rentabilidade, abrindo
mão de liquidez imediata.”
No médioprazo, outrode-
safioque se impõeàs segura-
dorasé a adoçãode uma nova
regracontábil,aIFRS17,consi-
derada uma das mudanças
maissignificativasparaosetor
emmuitosanos.
A adoção exigiráum esfor-
ço substancial de adequaçãode sistemase processos que
afetarãoas áreas financeira,
atuarial, tecnológica econtá-
bil das seguradoras.Aprovada
pelo International Accoun-
tingStandardsBoard(IASB)
após 20 anos de discussões, a
norma tem como objetivo
uniformizaros processosde
mensuraçãodos contratosde
seguros globalmente, uma
vez que os procedimentossão
realizadosde diferentes ma-
neiraspelospaíses.
A normasubstitui o IFRS 4,
adotado em 2010no Brasil.“A
proposta da novanorma étra-
zer um nívelde transparência
maiorpara os usuáriosdas de-
monstrações. São mudanças
estruturaiseobalançoque é
publicadohojenãoserámaiso
mesmo”,dizErikaRamos.
AIFRS 17 mudaas métricas
de mensuraçãodos contratos
de seguros.Comanova nor-
ma,ospassivosdesegurospas-sam a ser mensuradosconsi-
derando ofluxo de caixafutu-
ro trazidoavalor presentee
ajustado a um componentede
riscode seguroeaumamar-
gem contratual que represen-
ta lucronão realizado. Outra
novidade é que,na existência
de um contratoonerosoou
não rentável, ele precisaráser
tratadodeformasegregadana
demonstraçãofinanceira.
“Ao segregaro desempenho
financeiro do operacional,ve-
remoscom maisclareza o que
impulsionaos lucros de uma
seguradora”, diz Erika.Apedi-
do das própriasseguradoras,
especialmente as europeias,a
obrigatoriedadeda adoçãodo
IFRS17 foi postergadapara
2023 (coma contrapartidade
apresentaçãode balançocom-
parativoa 2022já com a nova
norma). Oobjetivoéque as
empresasganhemmaistempo
paraseadequaraonormativo.A nova regra contábil,
IFRS 17, é considerada
umadas mudanças
maissignificativas do
setor em muitos anosErika Ramos, daKPMG:“Automação deprocessose digitalizaçãootimizam custos operacionais,umprocessoaceleradonapandemia”DIVULGAÇÃO