Record - 20200826

(PepeLegal) #1

10 SPORTING
26 de agosto de 2020


FUNCIONÁRIOS EM QUARENTENA

çFuncionários do Sporting
que trabalham na Academia tes-
taram positivo à Covid-19 e es-
tão isolados a cumprir quarente-
na, de acordo com as recomen-
dações da DGS. O Sporting não
divulgou o número de funcioná-
rios nem de quando datam os
testes positivos mas, segundo
informações recolhidas pelo
nosso jornal, trata-se de casos
pontuais e não de um surto.

Entre jogadores, só Vietto e
Battaglia testaram positivo mas
entretanto já fizeram novos exa-
mes que não detetaram a pre-
sença do vírus SARS-Cov-2.
Os leões, sabe Record, não vão
ativar qualquer protocolo sani-
tário adicional, nem preveem
que os casos agora detetados
possam condicionar a prepara-
ção das várias equipas e atletas
que trabalham em Alcochete. *

Casos de Covid na Academia


çLagos, cidade que acolhe o es-
tágio de pré-época do Sporting,
detém o núcleo do clube mais an-
tigo da região algarvia. Fundado
em 1991, durante o primeiro man-
dato de Sousa Cintra, tem resistido
a todas as crises, fruto de uma ges-
tão criteriosa e do contributo de
300 sócios, que já chegaram a ser
500, como recorda José Rio, presi-
dente da instituição. Motivos para
esta quebra são diversos, com o
facto de o clube não ganhar o cam-
peonato há 19 anos à cabeça. Po-
rém, sempre que o Sporting joga, o
núcleo acolhe 30 a 40 pessoas, que
expressam dessa forma o apoio à
equipa. Adeptos em idade sénior,
pois, como salienta o economista


de formação, os mais jovens não
estão motivados para este tipo de
associativismo.
“Preferem ir para as discotecas
e, no verão, passam o tempo na
praia”, aponta o agente imobiliá-
rio, que lamenta o facto de ter a
equipa do Sporting na cidade e de
não poder aproximar-se dela.


Compreende os motivos, entende
que a Covid-19 desaconselha
grandes contactos , mas não se
conforma que, ao longo destes
anos, o clube tenha sido incapaz
de apoiar os núcleos de uma forma
efetiva, com a presença dos ídolos
no local. “Quem é que não gosta
de vir ao Algarve? Eu disse-lhe:
‘Vocês escolhem o atleta e nós pa-
gamos-lhe uma semana de férias
aqui. Só tem de vir à festa do nú-
cleo”, atira José Rio. *

Já teve 500 sócios, agora


são pouco mais de 300,


mas sempre que a equipa


joga há 30 ou 40 a apoiar


JOSÉ RIO, O PRESIDENTE, ATÉ JÁ
OFERECEU SEMANAS DE FÉRIAS
PARA TER OS SEUS ÍDOLOS MAIS
PRÓXIMOS DOS ADEPTOS


É EM LAGOS O MAIS ANTIGO NÚCLEO NA REGIÃO


ORGULHO. José Rio exibe a bandeira do clube no centro histórico de Lagos

FILIPE FARINHA

Cavanitas


O CANTO DO MORAIS
Carlos Barbosa da Cruz Advogado

ç Ao contrário de muitos
sportinguistas, via com bons
olhos a vinda de Cavani para o
Benfica; não tanto por achar
que o Benfica estava a pagar
mais pelo nome do que pelo va-
lor atual do jogador, mas sobre-
tudo pela circunstância de a
presença de Cavani, objetiva-
mente, ser um motivo adicional
de valorização mediática da
Liga Portuguesa.

Cavani, para já, resolveu não
vir, e ele – ou a sua entourage –
saberão as verdadeiras razões,
mas uma coisa é evidente: a
Liga portuguesa, que é aquilo a
que, em consciência, o Benfica
(ou qualquer clube português)
pode aspirar vencer, não será,
por si só, apelativa para um jo-
gador de topo.

A Liga portuguesa sofre de
‘periferite’, ou seja, sendo ex-
cêntrica aos grandes palcos eu-
ropeus, não é conhecida, nem
falada. Fora do mundo lusófo-
no, o peso do nosso futebol, ao
nível da competição de clubes, é
pluma, porque a exportação da
nossa Liga, ao contrário do que
acontece com os nuestros her-
manos, é tarefa muito ingrata.

Qualquer olhar desapaixona-
do conclui que, não obstante
haver handicaps estruturais, a
organização e competitividade
do nosso futebol podem ser
muito melhores do que presen-
temente são.

Não sendo pretensão destas
linhas fazer o diagnóstico das
enfermidades, dir-se-á, contu-
do, que esse ‘upgrade’ passaria,
entre outras coisas, por uma

autêntica revolução cultural
dos seus agentes, uma melhor
redistribuição dos dinheiros do
futebol, maior transparência
no funcionamento e detenção
das sociedades desportivas, e
maior racionalidade na regula-
mentação.

Não vou falar, por exemplo,
no E-Toupeira, no F.J. Marques
ou em Alcochete como podero-
sos fatores de desvalorização
global. Deixo só uma constata-
ção: à data, estão por julgar, pelo
menos, três recursos, com inci-
dência direta sobre a composi-

ção das Primeira e Segunda Li-
gas, e não se sabe ainda, como e
quando vão arrancar. Aparen-
temente, ninguém está preocu-
pado.

Com este quadro, quem é que
se arrisca a investir e acreditar
no potencial do nosso futebol
profissional?

A Federação conseguiu ele-
var-se das cinzas de Saltillo, de
Macau, e outros desastres, pas-
sar do improviso à organização
e colher os frutos desportivos,
financeiros e reputacionais
dessa mudança de paradigma.
Será que a Liga não a consegue
imitar?

Até lá, os Cavanis desta vida só
mesmo para encher o olho de
eleitor.

A LIGA PORTUGUESA
NÃO SERÁ, POR SI SÓ,
APELATIVA PARA UM
JOGADOR DE TOPO

ALGARVIOS RESISTEM


À SECA DE TÍTULOS


José Rio respeita as opiniões de
todos os sportinguistas e nú-
cleos que se têm mostrado con-
trários à ação da atual direção,
mas garante não se identificar
com as ações de contestação a
Frederico Varandas, promovi-
das pelo movimento ‘Acorda
Sporting’. “É ele o presidente”,
constata o líder do núcleo da La-
gos, que votou José Maria Ric-
ciardi nas eleições de 2018.

Avesso a ações
de contestação

JOÃO LOPES

SÍMBOLO. Numa parede do núcleo de Lagos há fotografias de jogadores que
fizeram história ao serviço dos leões, como Oceano, Yazalde ou João Galaz,
defesa-central natural da cidade que foi leão na década 50 do século passado

Uma das queixas dos núcleos
que criticam a direção prende-se
com a falta de apoios do clube
para fazer face aos prejuízos
provocados pela pandemia.
“Aqui não se fez sentir muito,
mas tivemos de recorrer a uma
reserva que tínhamos”, refere o
presidente do núcleo, que antes
de voltar a Lagos foi dirigente da
Associação Académica de Coim-
bra e do Sporting de Pombal.

Reserva suportou
prejuízo da pandemia
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