O Dia (2020-08-27)

(Antfer) #1
Zona Oeste

Em meio a um dilema, alunos e funcionários


reivindicam a permanência em Campo Grande


F


undada em 2005, ofe-
recendo ensino gra-
tuito e de qualidade
para moradores de
Campo Grande e Bangu, a
Fundação Centro Universi-
tário da Zona Oeste (Uezo)
está enfrentando um dile-
ma de mobilidade. Mesmo
sendo referência na região
há 15 anos, a instituição não
tem um espaço próprio para
chamar de seu, e divide o
seu campus com uma escola
pública. Após alguns anos e
muitas tentativas de nego-
ciação, a Uezo está prestes
a conquistar o próprio cam-
pus, mas a grande questão
é: em que localidade ficará
a universidade?
De acordo com informações
do Sindicato de Professores
da Uezo, o governo do Esta-
do está trabalhando com três
possibilidades: a permanência
no campus atual, com a sepa-
ração do espaço da escola e a
construção de um novo prédio
futuramente, a mudança para
um espaço no centro de Cam-
po Grande, que anteriormente
era ocupado pelo Centro Uni-
versitário Moacyr Barros, ou
a transferência para um espa-
ço em Santa Cruz, localizado
entre as comunidades Rola e
Antares, marcado por um ce-
nário de violência e constantes
operações policiais.


O presidente do sindi-
cato, Daniel Gonzaga, afir-
mou que o desejo dos alu-
nos e funcionários é per-
manecer em Campo Gran-
de: “A Uezo atua no bairro
desde 2005, já criou raízes
e possui importância cha-
ve para o desenvolvimento
da ciência na Zona Oeste.
A opção de nos estabelecer
em outro bairro nos levaria
a uma localização de difícil
acesso, com transporte pú-
blico precário”.
O docente declara ainda o
poder público tem se empe-
nhado. “Agradecemos o em-
penho do governo em adqui-
rir um campus próprio para

a universidade, mas a opção
de Santa Cruz não agrada a
comunidade Ueziana. Nosso
desejo é a aquisição de um
campus em Campo Gran-
de, nosso bairro de origem
e atuação”.
A professora do curso de
Farmácia Luciana da Cunha
também acredita que a mu-
dança para Santa Cruz seria
prejudicial para a universida-
de, e citou seus pontos: “En-
tendo que é muito ruim para
a instituição por diversos mo-
tivos. O primeiro deles é que
a Uezo foi criada no bairro
de Campo Grande. Há uma
relação já instituída entre o
bairro e a universidade e está
relação é muito importante
para a instituição”, iniciou.
Outro motivo, segundo a
docente, está relacionado à
diferença de área construída
do possível campus em San-
ta Cruz e a do campus atual.
“Em Santa Cruz é menor e isso
preocupa bastante porque a
universidade possui uma in-
fraestrutura de pesquisa em
processo de construção, graças
ao esforço de diversos profes-
sores. Uma mudança para lo-
cal com área construída me-
nor pode comprometer esta
infraestrutura de pesquisa”.

Afinal, onde ficará o novo campus da Uezo?


> Quem decidirá o desti-
no da universidade será a
Assembleia Legislativa do
Estado do Rio (Alerj), por
intermédio da Comissão
de Ciência e Tecnologia e
Educação. Caso o recurso
seja aprovado, será des-
tinado a Secretaria Esta-
dual de Ciência, Tecnolo-
gia e Inovação (Secti), que
fará a compra do espaço.
O presidente da Co-
missão, Waldeck Carnei-

ro, declara: “A Uezo precisa
de uma sede própria, com
salas de aula, laboratórios,
como requer uma univer-
sidade. Agora, a solução
que pode levar a Uezo para
uma área inóspita de San-
ta Cruz não me parece po-
sitiva. Me parece positivo
que Alerj se envolva nessa
construção, mas tem que
ser uma solução que forta-
leça a presença da univer-
sidade em Campo Grande”.

A secretaria afirmou, em
nota, que “a transferência
para um espaço em Santa
Cruz, localizado entre as co-
munidades Rola e Antares,
está totalmente descartada,
uma vez que a própria reito-
ria considera o local extre-
mamente perigoso”.
Ainda de acordo com a se-
cretaria, a Uezo deve perma-
necer no campus atual. “Está
em andamento, portanto, a
opção que é de conhecimen-

to público há anos e que
nunca tinha sido colocada
em prática, que é a divi-
são do terreno do Institu-
to de Educação Sarah Ku-
bitschek, onde há 15 anos
funciona a universidade.
Tão logo o espaço seja de-
vidamente dividido, será
construído um novo pré-
dio que abrigará todos os
alunos e funcionários do
Centro Universitário da
Zona Oeste”, diz a nota.
Waldeck Carneiro concorda que Uezo precisa de uma sede própria

DIVULGAÇÃO/ALERJ

Alunos já se reuniam regularmente no Diretório de Centro Estudantil para discutir a provável mudança

REPRODUÇÃO

Alunos se mobilizam por meio do DCE


> Preocupados com o fu-
turo da universidade, que
é tão querida por eles, os
alunos do Diretório de
Centro Estudantil da Uezo
estão unidos para defen-
der que o campus perma-
neça em Campo Grande.
“Isto vem sendo uma
das pautas principais da
nossa instituição, que
esteve lutando para que
esse sonho se tornasse
realidade. Negociações
são iniciadas e finalizadas,

sem conclusão, ao longo dos
anos. Recentemente, surgiu
uma boa opção que nos trou-
xe esperança - antiga Moacyr
Sreder Bastos, no centro de
Campo Grande -, possui uma
excelente estrutura e ótimo
espaço para os laboratórios”,
explicou o estudante de en-
genharia metalúrgica Mau-
rício dos Santos.
O jovem, que também é
coordenador de graduação
do DCE, reforçou que a mo-
bilidade é um ponto a ser

observado. “Na Uezo há
alunos e professores de
São João de Meriti, Nite-
rói, São Gonçalo, Ilha do
Governador, que teriam
de viajar cerca de 40 mi-
nutos a mais por cau-
sa dessa mudança para
Santa Cruz”. Nas redes
sociais, os alunos estão
se expressando usando
a hashtag #UEZOemCG,
em defesa da permanên-
cia da instituição em
Campo Grande.

A opção de nos
estabelecer em outro
bairro nos levaria a
uma localização de
difícil acesso, com
transporte público
precário”
DANIEL GONZAGA,
Sindicato dos Professores
Da estagiária Maria Clara Matturo, sob
supervisão de Gustavo Monteiro

Uezo: em busca de

UM LAR DEFINITIVO

Uma das opções seria
mudar para o espaço
antes ocupado pelo
Centro Universitário
Moacyr Barros, no centro
de Campo Grande

2 QUINTA-FEIRA, 27. 8. 2020 I O DIA


.
Free download pdf