Record - 20200828

(PepeLegal) #1
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28 de agosto de 2020

çA indefinição em relação ao
início das temporadas dos esca-
lões de formação é um tema que
preocupa o Sindicato de Joga-
dores. Record falou com o pre-
sidente, Joaquim Evangelista,
que comentou de que forma o
futebol português e também a
sociedade podem continuar a
ser afetado pela pandemia.
“Vivemos ainda em expectati-
va relativamente à evolução do
vírus, que parece estar nova-
mente mais ativo. Compreen-
demos, e aceitamos, que a DGS
[Direção-Geral da Saúde] te-
nha a preocupação com a saúde
dos jovens, isso é consensual”,
afirmou Joaquim Evangelista.
O dirigente resumiu algumas
das preocupações do sindicato,
não se limitando aos jogadores:
“Por um lado, temos consciên-
cia do que pode afetar a evolu-
ção dos jovens se não tiverem
competição. Desde logo em
termos sociais, pois deixam de

conviver como fazem nos clu-
bes e também de praticar des-
porto. Se isso acontecer, terá
consequências em vários aspe-
tos, até no familiar, pois é sem-
pre mais saudável para uma fa-
mília ter um filho a praticar
desporto do que fechado em
casa. Por outro lado, na verten-
te da competição, não são só os
jogadores os afetados se não
houver campeonato. Os clubes
deixam de ter receitas e isso co-
loca em causa vários postos de
trabalho, desde treinadores a
funcionários ou colaboradores.
Ou seja, em última instância
afeta o futebol português.”
Apesar da preocupação, Joa-
quim Evangelista elogia o tra-
balho da DGS durante a pande-
mia: “Em rigor, não há uma
formula mágica para enfrentar
este problema. Teremos de sa-
ber conciliar a saúde com o des-
porto e, até à data, a DGS tem
revelado bom senso.” * M.A.

PLANO DE AÇÃO

çAs orientações da Direção-
-Geral da Saúde quanto ao re-
gresso do desporto continuam a
dar que falar. Há receio generali-
zado de dirigentes, famílias e jo-
gadores sobre o facto de os esca-
lões jovens estarem em risco de
não voltar, mas o facto de não ter
sido dada luz verde pela DGS ao
mesmo tempo que para os esca-
lões seniores é algo que já estava
nos planos desde o início.
Segundo Record apurou, a
ideia do Governo e das autorida-
des de saúde passou por desen-

contrar a retoma das competi-
ções jovens do regresso à escola.
Na verdade, a evolução da situa-
ção epidemiológica em Portugal
quando se der o início das aulas,
neste ano letivo, será determi-
nante para que depois seja pen-
sada uma data para libertar o
desporto completamente.
Os anseios quanto à saúde físi-
ca e mental dos mais novos são
dados tidos em conta pelos go-

vernantes, mas foi entendido
que abrir as escolas e os escalões
jovens ao mesmo tempo iria criar
uma espécie de ‘tempestade’ que
se tornaria muito mais difícil de
controlar, caso houvesse um au-
mento galopante no número de
casos de Covid-19.
Assim, o regresso às aulas vai
servir de exemplo para perceber
como se deve atuar junto dos
mais novos para evitar surtos e
para proporcionar uma retoma
do desporto jovem mais segura.
Certo é que se mantém a crença
de que será possível arrancar os
treinos sem limitações e compe-
tições jovens, mesmo que mais
tarde do que o normal. *

Autoridades querem
perceber evolução
da situação sem criar
uma ‘tempestade’

ESCOLA COMO TESTE


PARA O DESPORTO


Federações acertam
novos regulamentos

As federações de andebol, bas-
quetebol, futebol, patinagem e
voleibol continuam a trabalhar
em conjunto para alinhar ideias
quanto aos documentos que vão
orientar o regresso à ação das
respetivas modalidades. Nesta
fase, ultimam-se esses regula-
mentos para garantir que existe
um plano de contingência, bem
como indicações claras quanto à
forma como cada clube deve
proceder para retomar treinos e
competições.

ESPERA.
Miúdos ainda
têm de aguardar
para jogar

PEDRO FERREIRA

Nesta altura, os escalões de for-
mação apenas estão autoriza-
dos a treinar com três metros de
distância e, no caso de futebol, já
é permitida a partilha da bola
nos exercícios.

TREINAR À DISTÂNCIA

Evangelista preocupado


com evolução dos jovens


DIREÇÃO. Evangelista destaca receio quantos aos jovens

FERNANDO FERREIRA

Ginástica
está em
causa

PETER SPARK/MOVEPHOTO


çA questão motivacional pode
ser um problema caso os escalões
jovens não retomem as competi-
ções em breve, segundo Cristina
Calheiros, diretora-geral do Gi-
násio Clube Português. “Temos
os treinos condicionados. Do
ponto de vista da motivação,
torna-se complicado. É uma exi-
gência para atletas e equipas téc-
nicas porque têm de se reajustar.
A manterem-se estas condicio-
nantes e sem competição, torna-

-se complicado manter a adesão
dos jovens”, diz, a Record, a diri-
gente do GCP, que inclui modali-
dades de “alto risco” como a gi-
nástica artística e o judo.
Cristina Calheiros compreen-
de, no entanto, que terá de haver
uma “abertura faseada”, mas es-
pera alguma rapidez. A dirigente
fez ainda um apelo sobre as
orientações. “Deve haver uma
preocupação do Governo em
termos de apoios”, frisou. * R.S.

GCP alerta para motivação


POR NÃO HAVER COMPETIÇÃO

çO CDS criticou as orienta-
ções da Direção-Geral da Saúde
relativas à prática das modali-
dades desportivas coletivas.
Para Cecília Anacoreta Correia,
porta-voz do partido, é “inad-
missível que apenas os escalões
seniores possam retomar”.
“Depois do confinamento e
isolamento social experimen-
tados, a saúde física e mental
das nossas crianças reclama a
retoma do desporto. Proibi-lo

ao mesmo tempo que se permi-
tem eventos culturais e políti-
cos, como a Festa do Avante, é
incompreensível e um atenta-
do contra a saúde das novas ge-
rações”, afirmou, sem esquecer
os benefícios que esta prática
traz aos mais novos: “O des-
porto estimula as defesas imu-
nitárias e cria hábitos de vida
que são fundamentais no des-
envolvimento saudável e equi-
librado dos jovens.” * R.F.

CDS quer escalões a treinar


SÓ VOLTAM OS SENIORES

SINDICATO DE JOGADORES

PEDRO GONÇALO PINTO

FORMAÇÃO EM RISCO

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