Crusoé - Edição 123 02020-09-05)

(Antfer) #1
04/09/ 20

pagamento do funcionalismo não têm
equivalência no setor privado.


“Além da mudança das regras do
funcionalismo do Executivo, os
poderes Judiciário e Legislativo
também precisam promover com
urgência suas próprias reformas”,
defende o economista Paulo
Feldmann, professor da Faculdade
de Economia, Administração e
Contabilidade da USP.


As situações mais gritantes de
privilégios estão na Justiça. Mexer
em regalias do Judiciário, entretanto,
ainda é um tabu no Brasil. Tramitam
no Congresso propostas de emenda
à Constituição que preveem
mudanças em mordomias
escandalosas de magistrados, como
60 dias de férias por ano. A benesse
é um acinte ao trabalhador brasileiro,
que tem direito a no máximo um mês
de descanso remunerado. No último
dia 28, o presidente do Supremo
Tribunal Federal, Dias Toffoli,
agravou o cenário de descalabro ao
liberar a venda de um terço de férias



  • assim, os magistrados convertem
    o benefício equivalente a 20 dias em


abono salarial e ainda podem usufruir
de 40 dias.

Há um obstáculo quase
intransponível para a extinção de
privilégios como esse: o medo
paralisante que parte da classe
política tem da toga. A cada tentativa
de pautar propostas que acabam
com regalias de juízes e
desembargadores, recados
ameaçadores surgem de tribunais. O
projeto que proíbe penduricalhos e
acaba com supersalários, por

exemplo, é constantemente travado
nas comissões. Levantamento do
Conselho Nacional de Justiça revelou
que, no ano passado, os magistrados
brasileiros receberam, em média, 50
mil reais mensais. Com a entrega da
PEC que altera as regras do
funcionalismo, projetos que reduzem
benesses do Judiciário e do
Ministério Público devem ganhar
força no Congresso. Mas a
aprovação, como sempre, vai
depender da pressão da sociedade.
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