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SETEMBRO 2020. EXAME. 33
adaptabilidade das linhas de produção na
indústria, da celeridade na entrega das
encomendas, incluindo a escolha dos
parceiros logísticos, da criação de siner-
gias industriais para garantir escala sufi-
ciente capaz de responder ao desafio da
procura externa acrescida mas também
da perceção de risco associado ao país e à
estabilidade da cadeia de produção”, in-
dicam os autores do estudo.
RECUPERAÇÃO LENTA
Mas mesmo que a estratégia de tentar tirar
partido do desvio do comércio dê alguns
resultados, muito provavelmente serão in-
suficientes para mitigar de forma signifi-
cativa o impacto nas exportações portu-
guesas. Mais ainda, se além dos bens se
juntar os serviços, que incluem a atividade
turística.
“A recuperação esperada das exporta-
ções é mais lenta do que a observada na
sequência das recessões anteriores, o que
reflete as tensões comerciais existentes e,
sobretudo, o comportamento das expor-
tações de turismo, cujo peso aumentou
significativamente nos últimos anos e que
deverão ser particularmente afetadas, e de
forma persistente, pela crise pandémica”,
indicou o Banco de Portugal no Boletim
Económico de junho. A instituição prevê
uma quebra de 25,3% das exportações de
bens e serviços, este ano, seguida de uma
recuperação de 11,5%, em 2021, e de 11,2%,
em 2022.
A pandemia veio, por outro lado, com-
plicar o objetivo de levar as exportações a
valerem 50% do PIB nacional. Mas, mais
do que essa meta, que deveria ser atingida
nos próximos anos, o Governo quer que se
regresse, até 2022, aos níveis pré-covid, se-
gundo uma entrevista recente do ministro
dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos
Silva, à TSF. No ano passado, o peso das ex-
portações na economia tinha subida para
um máximo de 44%, uma recuperação sig-
nificativa face aos 30% verificados em 2010.
Esfumada essa subida, as empresas portu-
guesas passam agora por uma espécie de
regresso à casa de partida. E terão, nova-
mente, de aguçar o engenho para recuperar
algum do terreno perdido. E
Alguns setores
da economia
portuguesa podem
ser ativados,
pelo menos
temporariamente,
para abastecer os
mercados da UE”
Gabinete de Estratégia e Estudos
do Ministério da Economia
Fonte:
INE
> PANDEMIA TRAVA COMÉRCIO ALÉMFRONTEIRAS
Valores, em milhares de milhões de euros, das exportações na primeira metade de cada ano
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30
25
20
15
10
5
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2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
18,1
21,2
23,1 23,7 23,8
25,1 24,7
27,6
29,5
30,4
25,2