Exame - Portugal - Edição 437 (2020-09)

(Antfer) #1

Micro



  1. EXAME. SETEMBRO 2020


É com a qualidade que se pode ganhar
mais margem. Não é esse o vosso posi-
cionamento?
Somos um grupo com marcas distintas.
Velhotes é líder em Portugal, é uma mar-
ca de volume, de preço baixo, para a fa-
mília e para o dia a dia. Aqui, trata-se de
ter um preço competitivo e ter rotação do
produto. A Kopke tem um posicionamento
completamente diferente, baseado em co-
lheitas, de 10, 20, 30 ou 40 anos. É outro
tipo de preços e de imagem que queremos
construir, é a marca de Porto mais antiga
do mercado... Tudo isto muda em função
das marcas. Temos, depois, a Cálem, a Bur-
mester, a Barros... quer dizer, temos várias
marcas com que jogar e a posicionar de
maneira diferente. Vendemos aproxima-
damente sete ou oito milhões de garrafas
de Porto, metade para o mercado interno,
metade para exportação. O que quer dizer
que está desnivelado, porque Portugal, no
consumo de vinho do Porto, anda apenas
nos 19% e para nós tem um peso de 50 por
cento. Em Portugal, estamos a fazer as coi-
sas bem, somos líderes de mercado, mas
falta-nos muito em exportação.


O que vos falta?
Falta-nos a distribuição, conseguir novos
países e que algumas das nossas gamas
entrem nalguns países. Creio que temos
oportunidades de crescer em França, que
é um mercado basicamente de marca
branca e dominado pela Cruz. Creio que
Inglaterra está muito bem nas marcas in-
glesas, com os Symington, Taylor’s, etc.,
mas que também teremos aí potencial
com algumas das nossas marcas. Temos
uma filial nos Estados Unidos da América,
que também é um grande mercado. A Ásia
pode ser uma via de crescimento, no fu-
turo. Nos países nórdicos, tal como no Ca-
nadá, também estamos a funcionar bem.


E em relação aos vinhos DOC [denomi-
nação de origem controlada]?
Vendemos 1,2 milhões de garrafas DOC
Douro. Mas estamos a desenvolver cada
vez mais vinhos premium, subindo a qua-
lidade e o preço. Não queremos estar no
segmento de vinhos baratos. Deixámos
todos os vinhos regionais e ficámos só
com os DOC. Estamos a investir em ma-
deiras, enologia, instalações, seleção e


qualidade da uva, porque queremos fa-
zer vinhos de maior qualidade.

O Douro, com os seus constrangimentos,
consegue concorrer com as grandes re-
giões do mundo?
O Douro é esse grande desconhecido, no
sentido em que o vale do Douro é único,
não há vinhedos como aqueles em ne-
nhum sítio do mundo. E é muito impor-
tante que as pessoas venham não só à cida-
de e às caves mas também ver os vinhedos
e as quintas, porque se apaixonam. Quanto
à qualidade dos vinhos, é ótima e a cada

O [vinho do]
Porto tem
de abrir o leque
do consumo.
Senão,
infelizmente,
todos os dias
nos morrem
consumidores”
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