Exame - Portugal - Edição 437 (2020-09)

(Antfer) #1

Micro


48. EXAME. SETEMBRO 2020

milhões de euros do Governo alemão para
fazer face à pandemia parece colocar estes
trabalhadores a salvo.
No Reino Unido, a Jaguar Land Rover
poderá dispensar cerca de 1 100 funcioná-
rios nas várias fábricas que tem no país.
“Face ao programa de reestruturação em
curso e devido à queda de vendas causa-
da pela pandemia, tomaremos medidas
para otimizar o desempenho e conseguir
eficiências operacionais para garantir o
crescimento sustentado e salvaguardar o
sucesso a longo prazo do nosso negócio”,
admitiu a empresa em comunicado.
A entidade que agrupa os principais
construtores e vendedores de automóveis
no Reino Unido, a SMMT, já admitiu que
um em cada seis postos de trabalho liga-
dos ao setor automóvel pode estar em ris-
co naquele país. A DHL, por exemplo, que
tem funcionários dedicados em exclusivo
às fábricas da Jaguar, poderá dispensar 2
200 trabalhadores.
E não é só a pandemia que está a preo-
cupar os trabalhadores desta indústria. Já
no final de 2019 vários estudos apontavam
que, com o crescimento da procura de car-
ros elétricos, várias centenas de milhares
de funcionários das fábricas de automó-
veis poderiam ter o seu emprego em risco
até 2030. Os veículos elétricos necessitam
de seis vezes menos componentes do que
um veículo de motor a combustão. O que
significa menos pessoas necessárias para
os montar. Segundo um relatório da NPM,
a agência governamental alemã que estu-
da a transformação para a mobilidade do

futuro, o setor poderá perder quase me-
tade dos atuais trabalhadores ao longo da
próxima década. “A produção de veículos
elétricos é mais fácil de ser automatizada.
Se não houver uma maior competitividade
da indústria alemã da área da eletromo-
bilidade nos próximos anos, as estruturas
de emprego serão severamente atingidas”,
lê-se no relatório.
A crescente procura por veículos elétri-
cos é já uma realidade. Segundo a Agência
Internacional de Energia, o número de car-
ros elétricos a circular nas estradas de todo
o mundo poderá atingir os dez milhões no
final deste ano. E nem a pandemia fez pa-
rar esta onda. Apesar da queda abrupta das
vendas de automóveis, os carros elétricos
deverão vender-se ao mesmo ritmo que em
2019, atingindo vendas de 2,1 milhões de
unidades no final do ano.
A China continua a ser o país onde se
adquirem mais elétricos, atingindo um mi-
lhão de unidades, enquanto a Europa deve-
rá registar cerca de 500 mil unidades e os
EUA cerca de 320 mil. Esta continuada pro-
cura de veículos elétricos – e, como refere a
NPM, os menores custos associados à cons-
trução deste tipo de veículos – são razões
pela quais os investidores veem na Tesla
uma aposta de futuro. Em plena pandemia,
com as vendas a caírem abruptamente, as
ações deste fabricante de carros elétricos
dispararam na bolsa de Nova Iorque, tor-
nando a empresa, que vende anualmente
pouco mais de 370 mil veículos, mais va-
liosa do que a Toyota, que produz mais de
dez milhões de unidades todos os anos. E

A fusão
com a FCA
é, entre todas
as soluções,
a melhor para
enfrentar
esta crise
e as incertezas
que ela está
a gerar”

Carlos Tavares
CEO do Grupo PSA

Combustão
Elétricos
Pilha de combustível

> MUNDO MAIS ELÉTRICO

Ainda são uma pequena percentagem
do mercado, mas vão crescer de forma
rápida. Dentro de duas décadas
vendem-se mais carros elétricos
do que a combustão

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