Exame - Portugal - Edição 437 (2020-09)

(Antfer) #1

  1. EXAME. SETEMBRO 2020


Opinião


D


e uma forma
geral, todos
os setores
estavam já a
ser impacta-
dos pelo desenvolvimento tec-
nológico. A revolução digital
está em força, desafiando hie-
rarquias, negócios, modelos e
o modus operandi das empre-
sas e dos gestores. Inteligência
Artificial, Big Data, Machine
Learning e Business Intelligen-
ce estão a conduzir as empre-
sas de todas as dimensões, in-
dústrias e setores de atividade,
impulsionando-as para se tor-
narem mais estratégicas, mais
orientadas para o cliente e mais
competitivas. E, neste contexto
de transformação digital e pro-
funda disrupção social e eco-
nómica, motivada pela crise de
saúde global, os líderes preci-
sam de adotar tecnologias que
garantam a eficiência e a tran-
sição céleres, de forma a pode-
rem tomar decisões estratégi-
cas para o desenvolvimento das
organizações no futuro.
No global e complexo am-
biente corporativo que se está
a viver, as empresas estão a
descobrir que precisam de
procurar fora dos seus setores
tradicionais os líderes execu-
tivos com as competências
técnicas e emocionais para
impulsionar as organizações.
Com esta mudança sísmica em
curso, os líderes executivos de-


ça de mentalidade dos gestores
atuais e potenciais e exige qua-
lidades humanas essenciais,
tais como inteligência emocio-
nal, empatia, capacidade para
motivar e envolver as equipas,
criatividade, inovação e comu-
nicação interpessoal.
Essencialmente, a equipa
de liderança precisa de ter a
abertura necessária para a re-
volução tecnológica, para en-
frentar o impacto da disrupção,
e para tirar partido de novas
oportunidades.
Sabemos que é crucial se-
lecionar CEO com uma visão
clara sobre o futuro, com o do-
mínio de competências profis-
sionais versáteis, autoconheci-
mento e um mindset diferente,

O CEO da era digital


A história da liderança conta-nos que os líderes emergem


para enfrentar os desafios do seu tempo. No atual ambiente
de incertezas, a necessidade de liderança é fundamental


e a rápida adaptação à nova realidade com o trabalho remoto
generalizado e a implementação de soluções tecnológicas


que respondam aos desafios das organizações e das pessoas,
com o máximo de eficácia, também


vem reinventar-se e perceber o
que representam para as em-
presas, com uma clara visão
do futuro. Mas, desafiar o sta-
tu quo nos negócios e provocar
mudanças dinâmicas nas lide-
ranças, conferindo-lhes um
novo mindset e competências
profissionais e comportamen-
tais fora das habituais zonas de
conforto, é um exigente desa-
fio, o que valoriza também o
coaching dos gestores.
A globalização tecnológi-
ca traz a mudança a todos os
níveis, do trabalho e da vida.
E essa mudança deve ser po-
sitiva para o progresso e bem-
-estar de todos. Os CEO e os
líderes de hoje precisam de se
reinventar e do talento certo à
sua volta para os ajudar a de-
senvolverem as organizações,
considerando um ambiente la-
boral cada vez mais dinâmico e
caracterizado pela coexistência
de múltiplas gerações, culturas
e backgrounds que se mantêm
ligados, neste momento parti-
cular, à distância. Para mante-
rem as organizações competiti-
vas, é necessário adaptarem-se
a modelos de negócio que estão
em rápida mudança, de forma
a gerar os maiores retornos de
investimento alinhados com
objetivos de responsabilidade
social e com propósito.
Esta nova cultura corpo-
rativa, “human-technology
oriented”, requer uma mudan-

As empresas
estão a descobrir
que precisam de
procurar fora
dos seus setores
tradicionais
os líderes
executivos com
as competências
técnicas e
emocionais para
impulsionar as
organizações

> Senior executive manager
da Michael Page

POR


PEDRO BORGES CAROÇO


e abordá-los com o talento que
precisam para liderar com su-
cesso na contínua transforma-
ção das organizações e dos seus
ambientes de trabalho. Para
responder aos desafios da ino-
vação e do dinamismo da mu-
dança, os gestores têm de estar
preparados para liderarem as
suas organizações rumo a no-
vas direções. Entre os atributos
mais importantes que podem e
devem ser aperfeiçoados, des-
taca-se a agilidade como com-
petência e estratégia para mu-
dar a integração. O novo líder
deve poder ajustar-se rapida-
mente para responder às no-
vas necessidades dos clientes,
à mudança das inovações tec-
nológicas e à transformação da
cultura corporativa para poder
manter a competitividade.
No fundo, ser o rosto da
mudança para toda a organi-
zação, desafiando a tradição vs.
as expetativas do que um líder
deve ser. Nesta era da Big Data,
em que existem mais tecnolo-
gias disponíveis para os líderes
do que até agora, o pensamento
crítico vai ser também decisivo
para avaliar e decidir que infor-
mação tecnológica realmente
interessa para trazer vantagens
à organização e às equipas de
trabalho. Este é o líder que vai
fazer a diferença, abraçar a dis-
rupção digital e inspirar esta e
a próxima geração de colabo-
radores. E
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