Exame - Portugal - Edição 437 (2020-09)

(Antfer) #1
SETEMBRO 2020. EXAME. 57

za estratégica. Quando lhe perguntam por
exemplos de documentos que marcaram
o debate, fala precisamente de produção
própria, nomeadamente Portugal XXI:
Cenários de Desenvolvimento (1995)
e Três Décadas de Portugal Europeu
(2015), além de uma estratégia de in-
ternacionalização que aprovou ainda
como ministro de António Guter-
res e, nas suas palavras, “deze-
nas de estratégias territoriais”.
“Há muitos documentos
que, apesar dos esforços, não
têm valor, atualidade ou perti-
nência. Depende muito da von-
tade do Governo para envolver as
empresas, os consumidores, os
sindicatos...”, defende Augusto
Mateus à EXAME.
Talvez o exercício mais de-

batido e que possivelmente deixou o le-
gado mais tangível tenha sido o Relatório
Porter, publicado em 1994. Michael Por-
ter, consultor e professor em Harvard, foi
contratado pelo governo português para
organizar um plano sobre como o País
poderia melhorar a sua competitivida-
de externa. Entre as conclusões, estava a
necessidade – para muitos surpreendente


  • de apostar em setores tradicionais, do
    calçado ao vinho, e a sugestão para que
    as empresas se integrassem em clusters.
    O documento foi amplamente discuti-
    do, inclusivamente os 300 mil contos pa-
    gos pelo estudo (2,5 milhões de euros a
    preços de hoje), e as suas conclusões resis-
    tiram no debate público e, de certa forma,
    no imaginário de empresários e políticos,
    que continuam a citá-lo e a debatê-lo.
    Luís Mira Amaral, responsável por en-


Os atores


políticos não


têm incentivos


para dar peso


a estas coisas.


A política está


mais centrada


em medidas


de curto


prazo”


Ricardo Paes Mamede
Professor do ISCTE


O desígnio de sempre
O aproveitamento das atividades
ligadas ao mar tem sido um tema
recorrente nas reflexões estratégicas

D.R.
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