Exame - Portugal - Edição 437 (2020-09)

(Antfer) #1

  1. EXAME. SETEMBRO 2020


EEditorial


H


abitualmente fa-
lamos de bolhas
quando um de-
terminado ativo
sobe, sem que seja
claro para toda a gente a razão para
tais avaliações. As teorias habituais
para essas subidas são a irracionali-
dade dos compradores e/ou a mani-
pulação de um determinado merca-
do. Há ainda um aspeto definidor de
quem grita “bolha!”: normalmente
quem grita não é o beneficiário des-
sa valorização exuberante; ao invés,
quem vai enriquecendo, defende
que é tudo perfeitamente normal,
o equilibrado e assético mundo da
oferta e da procura.
A “bolha” preferida de toda a
gente é o imobiliário. Num País sem
grande tradição de investimento na
bolsa ou em ativos mais exóticos, o
imobiliário é aquele património que
todo o português ou tem, ou quer
ter, e de que, no mínimo, necessita
para viver. É por isso que o comporta-
mento do imobiliário português con-
centra tanta atenção e pode parecer
difícil de entender, no contexto de
pandemia que atravessamos.
A teoria dizia-nos que, vindo nós
de um mercado claramente “quente”,
com muitos anos consecutivos de su-
bida dos preços, a queda abrupta da
procura – nomeadamente de estran-
geiros, com a sua sede de segundas
casas ou Airbnb de ocasião – levaria
à correção em baixa. Por outro lado, a
ligação entre crise económica e redu-
ção do valor dos ativos com avaliações
mais esticadas é dos livros, e também
seria de esperar. Ora, até agora, isso
não aconteceu.


Isto porque foram colocadas no
terreno medidas artificiais que têm
como missão amortecer os choques
da crise, uma manipulação de mer-
cado virtuosa, desta vez. O layoff foi
protegendo empregos e rendimentos
e as moratórias bancárias foram de-
cisivas para que quem ficou em difi-
culdades não se visse obrigado a en-
tregar a casa ao banco (que, já agora,
não a quer para nada, a não ser em
último caso).
Perante o alfinete que é esta crise,
o Governo colocou à volta da “bolha”
um sólido muro, tentando impedir
que esta rebentasse no pior momen-
to possível. O resultado é que quem
poderia ter de vender tem condições
para aguentar a ver o que isto dá, sem
baixar os preços; e quem quer com-
prar esperaria um desconto, mas não
encontra oferta que “case” com as
suas pretensões. É por isso, e pela in-
certeza ainda tão grande sobre o que
aí vem, que os preços se aguentaram,
e o número de transações caiu signifi-
cativamente. Um vencedor parece ser
o arrendamento de longa duração, há
muito o parente pobre do imobiliário
nacional, que dá mostras de ressur-
gir, desaparecido o maná dos turistas
à semana.
O grande teste surgirá quando co-
meçarem a ser retirados estes amor-
tecedores artificiais, sobretudo as
moratórias. A nossa “bolha” preferida
está, para já, congelada, sabendo que
não poderá ficar assim para sempre.
A incerteza é muita – a começar pelo
essencial, a duração da crise de saúde
pública –, mas o mais provável é que
o imobiliário não seja o oásis deste in-
clemente deserto económico. E

A nossa “bolha” preferida


POR


TIAGO FREIRE


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Exame
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