- EXAME. SETEMBRO 2020
Macro
L
icenciada em Engenharia
Eletrotécnica e de Com-
putadores, Rita Marques
foi CEO da Portugal Ven-
tures, passou pela Micro-
soft e pela ANACOM, foi diretora-executi-
va da Porto Business School e, desde 2019,
assume a pasta de um dos setores mais
relevantes para a economia nacional. A
EXAME falou com a secretária de Estado
do Turismo nos jardins do Ministério da
Economia, em Lisboa, precisamente um
dia antes de a capital começar a receber os
jogos finais da Liga dos Campeões.
Numa conversa em que se falou das es-
tratégias para o País, dos eventos desportivos
que pretendem colocar Portugal no mapa e
dos desafios e ensinamentos trazidos pelo
atípico ano de 2020, esta mãe de três filhos
e adepta de miniaturas confessou-se me-
tódica, assertiva e comprometida com as
equipas que lidera e que – garante – são o
segredo do sucesso.
Depois de todas as perspetivas económi-
cas terem sido boicotadas pela Covid-19,
como olha para estes últimos cinco meses
de 2020, no que diz respeito ao turismo?
Acho que temos de olhar com uma dose cer-
ta de realismo, mas sem perder a esperança
de que as coisas possam evoluir favoravel-
mente. Tudo visto com a dose certa de oti-
mismo e realismo, contamos fechar o ano
com uma desaceleração de 50% das receitas
turísticas. No ano passado, fechámos com
18 mil milhões de euros de receita turística.
Este ano, muito em linha com as estima-
tivas da Organização Mundial de Turismo,
que indica que em Portugal terá um impacto
negativo na ordem dos 50% ou 60%, esta-
mos precisamente à espera desse impacto.
Devemos ter receitas de cerca de nove mil
milhões de euros.As recomendações da Assembleia da Repú-
blica para o turismo saíram ontem. Houve
poucas novidades e as empresas do setor
continuam a dizer que os apoios não che-
gam, apesar de o Governo garantir o con-
trário. O que se passa, afinal?
São muitas empresas, cerca de 132 mil; e es-
tamos a falar de quase 400 mil pessoas a
trabalharem neste setor. Foi feito um esforço
muito grande quando a pandemia nos sur-
preendeu, em março, no sentido de termos
um conjunto de instrumentos financeiros
e fiscais – que passaram pelas moratórias–
para mitigar um pouco o impacto da pan-
demia. Depois, num segundo momento, já
com um programa de estabilização econó-
mica e social, foi identificado um outro pa-
cote de medidas que ainda está em fase de
operacionalização e, aí sim, podíamos ter
sido mais céleres, mas tem havido alguns
constrangimentos. Dito isto, estamos a con-
tar ter uns meses de julho e agosto maus,
quando comparados com o período homó-
logo, mas ainda assim melhores do que es-
perávamos em março ou abril. E já estamos
a preparar um terceiro pacote que passa,
sobretudo mas não só, por criar estímulos
à procura. Temos sempre de atuar em duas
frentes, porque o turismo se faz de pessoas
para pessoas: ao nível da oferta, garantin-
do que as empresas têm as condições para
poder sobreviver, e ao mesmo tempo pre-RITA MARQUES/Secretária de Estado do Turismo
“Temos de trabalhar
mais em equipa. Como
a Seleção Nacional”
Governante pede ao País que trabalhe em conjunto e que aprenda
com as lições deixadas pela pandemia, para recuperar a economia
Texto Margarida Vaqueiro Lopes Fotos Diana Tinoco
Portugal terá
um impacto
negativo na
ordem dos
50% ou 60%”,
este ano