Exame - Portugal - Edição 437 (2020-09)

(Antfer) #1
SETEMBRO 2020. EXAME. 63

servar a sua capacidade produtiva para que,
quando tivermos procura novamente, pos-
sam reagir; e junto dos consumidores, ga-
rantindo que há estímulos à procura e que
todos nós voltamos a ter vontade de viajar.


A procura interna vai ser penalizada pela
incerteza?
Seguramente. Nós estamos à espera, em
termos de economia num todo, de uma
contração importante do PIB, que não era
vivenciada desta forma há largos anos, e
é claro que o rendimento das famílias di-
minuirá. As pessoas terão mais restrições
para viajar porque, quando consideramos
os bens essenciais, as viagens e o lazer não
estão no topo das prioridades. Esse é um
tema que terá de ser encarado de uma pers-
petiva mais holística, porque a contração
do PIB vai impor uma perda de rendimen-
tos em todos nós. E por isso há uma segun-
da componente, que tem de ser muito bem
trabalhada, que é passar muito bem esta
mensagem de que Portugal é um país se-
guro, de que todas as regras sanitárias estão
bem implementadas – e daí o selo Clean&-
Safe e outras iniciativas que lançámos.


Há quem diga que houve, ao longo dos úl-
timos anos, uma aposta excessiva no setor
do turismo. Há demasiado trabalho pre-
cário, empresas com pouca sustentabili-
dade... E a pandemia veio colocar isso a
descoberto.
Esta pandemia encerra imensas oportuni-
dades. Tudo terá de ser melhor, amanhã.
E essa questão que levantou, dos vínculos
precários, preocupa-me. Evidentemente
que sabemos que o turismo tem tendên-
cia para ser um setor económico sazonal
e, quando assim é, geralmente estamos a
falar de contratos de trabalho temporário,
em que não há vínculo duradouro com a
entidade patronal. Uma das grandes priori-
dades da Secretaria de Estado do Turismo,
e que aliás está vertida na estratégia para
2020/2027, é a de combater a sazonalidade.
Temos dado grandes passos nesse sentido.
Entre os países do Sul da Europa – Portugal,
Espanha, Itália – nós somos o que tem me-
nor índice de sazonalidade. Conseguimos
compensar, justamente através da atração
de grandes eventos, do golfe e outro tipo de
atividades de animação turística, e garan-
tir que Portugal é mais do que um destino

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