Exame - Portugal - Edição 437 (2020-09)

(Antfer) #1

Macro



  1. EXAME. SETEMBRO 2020


sários dois [risos]. Tem de haver, acima de
tudo, vontade de angariar este tipo de even-
tos para Portugal. E depois, where there’s a
will, there’s a way. Basicamente. De facto,
com esta pandemia tínhamos todos muita
vontade de fazer coisas, de fazer acontecer,
sobretudo os privados que nestes casos con-
cretos estão cheios de pessoas muito ener-
gizadas, que percebem imenso de negócio.
A parceria público-privada resultou. Os
privados assumiram as suas competências,
trabalharam bem o dossier tecnicamente e,
quando foi preciso um apoio, um conforto
público para fazer acontecer, o Governo es-
tava lá, também para fazer negociação com
os vários governos envolvidos e os vários
agentes económicos, que querem sempre
garantir que o País está comprometido. Tra-
balhámos em equipa e conseguimos.


Mas será para continuar?
Acho que o mais difícil está feito. Foi o pri-
meiro golo. E agora vamos esforçar-nos
muitíssimo para que todas as provas de-
corram com toda a normalidade. Mais do
que com normalidade, que corram muito
bem, queremos ser uns anfitriões de mão-
-cheia, como aconteceu no Euro 2004, em
que fomos reconhecidos como anfitriões de
excelência. E depois a nossa vida será mais
facilitada tanto para estes como para outros
eventos.


Três dicas que gostasse de deixar aos nossos
empresários?
A primeira é ser ambicioso. Temos de pen-
sar em grande, sempre. A pandemia che-
gou, mas aquilo que nos distinguiu durante
estes anos todos vai continuar a distinguir
e as pessoas vão querer continuar a viajar



  • aconteceu isto com o 11 de Setembro e as
    pessoas voltaram a viajar. A segunda dica é
    que sejam realistas. Ambiciosos, mas realis-
    tas. E a terceira é que se rodeiem das pessoas
    certas, tanto na vida pessoal quanto profis-
    sional. É importante estarmos com a cara-
    -metade certa, que entenda o nosso propó-
    sito, ter uma equipa que nos critica e nos
    apoia. Ter as pessoas certas que saibam dar
    ânimo nos momentos certos.


Assumiu a Secretaria de Estado em outu-
bro de 2019, vinda da Portugal Ventures,
onde era CEO. Qual foi, até agora, o seu
maior desafio profissional?


Digo sempre que o meu maior desafio é
aquele que ainda não vivi. Sei lá eu o que me
vai acontecer amanhã? [Risos.] Mas olhando
para trás... há pouco falávamos de como era
difícil ser empreendedor, mas acho que ser
investidor, como fui durante alguns anos,
também é muito difícil. É muito gratificante
quando as coisas correm bem, mas é mui-
to frustrante quando depositámos todas
as nossas fichas numa análise técnica que
fizemos e, por razões exógenas, exteriores
ao próprio projeto, as coisas correm mal.
Como aconteceu durante esta pandemia,
aliás. Certamente houve muitos empreen-
dedores e investidores a apostarem em 2020
e depois veio esta pandemia e, de repente,
tudo se desmorona.

Há intuição no investimento?
Sim, claro. Acho que todos nós temos uma
parte de intuição forte pela qual podemos
ser conduzidos ou não. Eu gosto de ser in-
duzida pela intuição, mas sem perder a
realidade. É isso que nos distingue da má-
quina, não é? Nós fazemos o que a máqui-
na faz, mas temos um sexto sentido.

Quem é a Rita Marques fora da Secreta-
ria de Estado? Fale-me um pouco de si.
Como é um dia seu?
Acho que os meus dias são normais. Tra-
balhar aqui ou na Portugal Ventures, ou
na Microsoft, ou na universidade não é
muito diferente. Eu sou uma pessoa mui-
to metódica. Um dia começa sempre com
os emails todos tratados. Gosto de, no dia
anterior, ler e responder a todos os emails,
por exemplo.

Quantas horas tem o seu dia, mesmo?
[Risos.] Tem as mesmas 24 horas que o
seu! Acho que a grande diferença aqui
na secretaria é que os dias são 24/7 sobre
24/7. Pronto. Aqui temos de acudir a qual-
quer altura. Agora, a nível de método, não
vejo grande diferença. Acho que o meu dia
se divide em três: tento gastar um terço do
dia com questões operacionais, de modo
a não emperrar a máquina: responder a
telefonemas, solicitar pareceres, enfim;
outro terço a pensar de forma estratégica...

Consegue ter tempo de parar para pen-
sar? Porque hoje em dia muitos dizem
não o ter...

A pandemia
trouxe-nos
muita coisa
má, mas
aguçou-nos
sentimentos
como a
solidariedade,
maior
preocupação
com o outro...”
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