Exame - Portugal - Edição 437 (2020-09)

(Antfer) #1
SETEMBRO 2020. EXAME. 71

versarão sobre dois temas principais: sus-
tentabilidade e enoturismo e novas apos-
tas no setor; em novembro, deverão surgir
as formações em enoturismo. Além dis-
to, a APENO conta ainda lançar o “Clube
do Enoturismo”, para apreciadores de vi-
nhos, que, através do pagamento de uma
quota anual, têm acesso a uma série de
provas e eventos organizados pela asso-
ciação.
No mesmo sentido, vai organizar as
Enotravels, dedicadas aos profissionais do
setor, que sejam ou não associados (em-
bora estes últimos usufruam de um preço
especial). O objetivo desta atividade é dar
a conhecer os vários players do mercado
existentes no País, estabelecendo pontos
de contacto que permitam um trabalho
em rede e a potenciação das sinergias –
que, para Maria João, deviam ser óbvias.
“Porque é que, se vamos para o Alentejo,
vamos a um só lugar, conhecer uma em-
presa em particular, fazer provas de vi-
nhos de um produtor? É que enoturismo
não é só ver lugares para dormir. É explo-
rar tudo o que tem que ver com o vinho,
e há tantas coisas que se podem fazer. Há
parcerias que podem e devem ser feitas.”
A APENO vai ainda providenciar uma
bolsa de emprego, de acesso exclusivo a
quem se inscrever, e que tem como prin-
cipal objetivo cruzar a oferta e a procura
do setor. “Muitas vezes, os produtores li-
gam-me a perguntar se eu sei de alguém,
que trabalhe na área, seja um sommelier
ou um diretor de hotel... e isto é, clara-
mente, uma urgência.” Esta área, embo-
ra de acesso exclusivo, é de uso gratuito
para os associados. “Teremos também
uma parte de headhunting especializado,
que vai ser feito com recurso a outsour-
cing, com uma empresa que conhecemos
bem e que tem muita experiência. Aí, os
valores dos serviços são outros e a asso-
ciação ganha, como nos restantes casos,
uma percentagem pela intermediação”,
explica.
Para que tudo isto funcione, é neces-
sário e desejável que haja registos concre-
tos da atividade levada a cabo por cada
um dos agentes económicos e permitir-
-lhes o acesso às condições certas para
crescer. Maria João, autora de guias por-
tugueses de espaços e produtores ligados
ao vinho, conhece, por experiência pró-

O setor


do enoturismo


deverá representar


um volume


de negócios


anual na ordem


dos 410 milhões


de euros


Dados (pouco) líquidos
Reunir informação sobre a verdadeira
dimensão do enoturismo em Portugal é uma
das principais missões da APENO, segundo
a presidente, Maria João Almeida

lho. Segundo as nossas contas, estamos
a falar de um volume de negócios anual
em torno dos 410 milhões de euros.” E
isto sem qualquer organização, salienta a
responsável. As extrapolações foram feitas
pelos órgãos sociais da APENO, com base
nos números recolhidos junto de produ-
tores e nas estatísticas oficiais do Governo.
No entanto, Maria João Almeida acredita
que os dados possam pecar por defeito.
“Há produtores e empresas que não têm
sequer esta estatística. Não fazem ideia de
quantas pessoas os visitam ou de quanto
isso representa no negócio.” É isto que a
APENO pretende mudar, fazendo um tra-
balho de proximidade. Por isso mesmo,
explica a responsável, o serviço de consul-
toria é prestado gratuitamente a qualquer
produtor que o requeira. Depois da avalia-
ção por parte da equipa da associação, os
produtores podem contratar os seus ser-
viços, que vão desde o apoio na mudança
da imagem corporativa, desenvolvimento
de estratégias de comunicação, auxílio na
procura e concurso a linhas de financia-
mento até ao estabelecimento de pontos
de contacto com serviços de interesse.
Serviços prestados por parceiros escolhi-
dos pela APENO, “que têm como que o
nosso selo de qualidade”, sendo o negócio
feito, depois, entre cliente e prestador de
serviços. A associação cobrará uma per-
centagem por essa mediação e recorrerá
também às linhas de financiamento pú-
blico que possam surgir. Havia, aliás, a ex-
pectativa de já o ter feito, através do pro-
grama Valorizar, lançado pelo Turismo de
Portugal, que tem como objetivo financiar
projetos que valorizem e qualifiquem o
destino. No entanto, o programa em causa
“encontra-se fechado e não temos indica-
ção sobre a sua abertura”. “Enquadrava
ações do nosso plano de atividades, por-
que se destinava também a entidades sem
fins lucrativos, como é o caso da APENO”,
lamenta Maria João Almeida.

SERVIÇOS, EVENTOS
E MUITA IMAGINAÇÃO
A organização conta ter outras fontes de
receita – e vários serviços com os quais
espera conseguir elevar o setor do enotu-
rismo. Até ao final do ano, vai apresentar
as Enotalks, conferências que ainda não se
sabe se serão presenciais ou online, e que
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