Exame - Portugal - Edição 437 (2020-09)

(Antfer) #1
SETEMBRO 2020. EXAME. 77

em toda a União Europeia
(UE) para resolver os proble-
mas resultantes da fragmenta-
ção regulatória e das diferen-
tes abordagens nacionais em
relação à crise. “À luz da atual
aceleração das agendas das
políticas digital e verde, pre-
cisamos intensificar as nossas
ambições de construir uma UE
mais forte, com um mercado
único verdadeiramente har-
monizado”, defendeu Luca
Cassetti.
Christian Verschueren, diretor-
-geral da EuroCommerce, or-
ganização que representa em-
presas e federações nacionais
de comércio a retalho e por
grosso de 31 países europeus e
5,5 milhões de empresas, prin-
cipalmente PME, disse, por seu
turno, que a “pandemia de Co-
vid-19 acelerou o ritmo das
mudanças digitais, tendência
que vai continuar e ganhar ain-
da mais velocidade”.
O relatório saiu num mo-
mento de incerteza em todo o
mundo, tanto ao nível da saú-
de como social e económi-
co. A pandemia de Covid-19
e as restrições a que obrigou
as pessoas, instituições e em-
presas tiveram grande impac-
to nestas e nos consumido-
res. Enquanto as lojas físicas
mantiveram os bens essen-
ciais à subsistência e vida do
dia a dia das pessoas, o comér-
cio eletrónico passou a ter um
papel ainda mais importante
na manutenção da atividade
económica na Europa.


COMÉRCIO OMNICHANNEL


Desde microempresas às gran-
des cadeias de distribuição,
muitas foram as organizações
que se empenharam no desen-
volvimento de novas soluções
e a aperfeiçoar as existentes
de comércio omnichannel.
Quando as empresas o são, os


consumidores podem aceder
aos seus serviços via online e
offline, de acordo com as suas
necessidades. Assim, as pes-
soas têm oportunidade de sa-
tisfazer as suas expectativas de
compra ou atendimento quan-
do e onde desejarem. Trata-se
de uma comodidade que não
traz apenas benefícios para o
cliente, já que o omnichannel
também oferece vantagens às
empresas. Ficando disponí-
vel 24 horas por dia, sete dias
por semana, e podendo ser
acedida em qualquer local, a
qualquer hora e em qualquer
meio, as possibilidades de ge-
rar compras e concretizar ne-
gócios também são ampliadas.
O desafio digital atual do co-
mércio eletrónico vai muito
para além da construção ou
da procura de uma platafor-
ma para vender. É verdade que
muitas empresas e marcas ini-
ciaram a sua atividade digital
porque procuravam pontos de
contacto que contribuíssem

para manter as suas ligações
aos consumidores. Só que a
nova realidade, resultante do
impacto da pandemia, traz
consigo uma série de desafios.
O primeiro, e talvez o mais im-
portante, está na mudança de
mentalidades. É preciso come-
çar a pensar que comércio ele-
trónico é também assegurar a
entrega dos pedidos do cliente
no local solicitado e no perío-
do mais curto de tempo pos-
sível. Para que isso aconteça,
as regras devem estar bem de-
finidas. Não apenas as de en-
comenda e pagamento, como
acontecia anteriormente. Mas
também as de prazo e local de
entrega. Não faz sentido fazer

uma encomenda quando não
se sabe, ou não se tem a certe-
za, quando vai ser entregue e
se vai ser entregue em tempo
útil. Quantas encomendas não
voltam para trás porque as re-
gras não foram bem definidas
no acordo de compra eletróni-
co entre a empresa e o cliente
e as pessoas não estão em casa
para as receber?
Se no início dos tempos as
maiores barreiras culturais
ao crescimento do comércio
eletrónico residiam na des-
confiança do consumidor em
relação à colocação dos seus
dados de pagamento nas pla-
taformas, hoje o maior desafio
é, sem dúvida, o seu receio de

EMBORA A PANDEMIA DE COVID19
TENHA REVELADO A FORÇA
DO SECTOR DO COMÉRCIO DIGITAL,
TAMBÉM EXPÔS OS DESAFIOS QUE OS
COMERCIANTES ONLINE ENFRENTAM
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