02 A BOLA
Segunda-feira
7 de setembro de 2020
Dos sonhos
em ‘La Luz’
até chorar
na Luz
BENFICA
Vida humilde no ‘El Pirata’ em Artigas dIrmão sacrificou carreira no Peñarol para
Darwin continuar dPensou em abandonar quando esteve ano e meio lesionado
A
OS 21 anos, Darwin
Núñez pode ser ainda
considerado um apren-
diz no mundo do futebol,
mas a vida já lhe propor-
cionou variadas experiências que
fazem dele alguém que é visto como
tendo enorme resiliência para saber
o que quer, onde pode chegar, mas
sem esquecer de onde veio. E foi,
talvez, por se lembrar das dificul-
dades que já atravessou que não
conseguiu evitar as lágrimas, abra-
çado ao pai, quando pisou o está-
dio da Luz. Nem disfarçou a emo-
ção quando Rui Costa, no Seixal,
lhe entregou a camisola com o nú-
mero 9. Há quem tenha visto aí uma
fraqueza que levanta interrogações
quanto ao futuro e à capacidade
para transformar em rendimento o
maior investimento da história das
águias num reforço. Mas Darwin
simplesmente se deixou emocio-
nar por estarem a ser concretizados,
ao chegar à Luz, os sonhos que em
criança alimentava em.., La Luz.
Assim se chamava a primeira
equipa de Darwin Núñez: La Luz
FC. Um clube que milita nos esca-
lões amadores do futebol uruguaio.
Foi aí que deu os primeiros passos
e onde começaram os sonhos. Em
2013, entrou para Club Social e De-
portivo San Miguel de Artigas e foi
nesse ano que a vida dele começou
a mudar, quando José Perdomo,
antigo médio do Peñarol e da se-
leção uruguaia, percebeu que
não tinham sido em vão os
700 km que distam entre
a capital Montevideu e
Artigas. Deslocara-se
aí para observar
miúdos num jogo
entre uma seleção
da cidade e o Bella
Unión. Um rapaz
magrinho mas veloz
despertou-lhe a
atenção. No final do
jogo, Perdomo — que
orientava as camadas
jovens do Peñarol — fa-
lou com os pais de
Darwin e uma semana
depois estava a apanhar o
autocarro para Montevi-
deu. Levaram-no para o
Por
PAULO ALVES
D.R.
Darwin Núñez em 2012, quando jogava no La Luz FC
DARWIN
Apesar de te ter apenas
21 anos, avançado
uruguaio tem história
de vida resiliente
MIGUEL NUNES/ASF