A BOLA
Segunda-feira
7 de setembro de 2020
OPINIÃO 29
[email protected]
De trivela
O treinador do Benfica
sabia o que estava a
dizer no final do jogo
com o Rennes. A
questão é saber porque
disse o que disse
Sobre o que disse Jesus
«
N
ESTE momento o
Benfica tem instala-
ções de top mundial.
Só precisa de joga-
dores de top mun-
dial...» Foi desta forma, sem que o
repórter da BTV lhe tivesse pedido
qualquer análise ao assunto, que
Jorge Jesus decidiu comentar a abor-
dagem das águias ao mercado. A
frase, embora curta, é relevante.
Primeiro porque não foi dita por
acaso. Haverá quem tente desvalo-
rizá-la nos próximos dias, mas bas-
ta conhecer minimamente Jorge Je-
sus para saber que nunca diria o que
disse por mero descuido. Nem sor-
riria como sorriu enquanto a disse
se não soubesse exatamente a im-
portância do que estava a dizer. Se-
gundo, porque Jesus disse o que dis-
se no dia imediatamente a seguir ao
Benfica ter contratado o jogador
mais caro da história do clube. Não
restam, portanto, dúvidas de que
Jesus sabia exatamente o que esta-
va a dizer. Mais, Jesus estava cien-
te do impacto que provocaria aqui-
lo que estava a dizer. É o que é,
pinte-se lá como se queira pintar o
cenário — e serão muitos a tentar
pintá-lo, uns carregando-o de tons
mais cinzentos e outros de cores
mais alegres. Faz parte. A grande
questão não é, portanto, saber se
Jesus quis dizer o que disse. Quis. A
grande questão é saber porque dis-
se Jesus o que disse.
Houve quem visse na frase de
Jorge Jesus um recado a Luís Filipe
Vieira. Faz sentido que assim seja, se
quisermos alinhar na teoria de que
o treinador não está satisfeito com
o plantel que tem e decidiu pres-
sionar o presidente para este lhe
proporcionar soluções que lhe deem
mais garantias no imediato. Seria,
sem dúvida, mais fácil para Jesus se
pudesse formar uma equipa com
jogadores de top mundial. Há, con-
tudo, algo que não faz sentido nes-
ta teoria. Sendo verdade que Vieira
prometeu a Jesus uma super equi-
pa para convencê-lo a voltar à Luz,
e mesmo admitindo que lhe tenha
acenado com Cavani para lhe pro-
var ser uma promessa que preten-
dia honrar, dificilmente um treina-
dor com a experiência de Jesus
pensaria que o Benfica teria, de re-
pente, condições para lhe dar uma
equipa com três ou quatro futebo-
listas de nível, como ele gosta de
dizer, top mundial. Talvez Cavani,
sim, mas não mais do que Cavani.
Preferiria Jesus ter Messi, Cristiano
Ronaldo, Van Dijk, Salah, Mbappé,
Neymar ou qualquer outro dos gran-
des jogadores da atualidade? Claro!
Que treinador não os queria? Veio Je-
sus para a Luz a pensar que treina-
ria futebolistas desse nível? Claro
que não. Afirmar que quando disse
que só faltava ao Benfica ter jogado-
res de top mundial Jesus estava a
enviar um recado a Vieira sobre a
abordagem do presidente ao mer-
cado parece-me, até, um desres-
peito para com a inteligência de um
treinador que conhece a realidade do
Benfica e do futebol português.
Não quer, contudo, isto dizer que
a frase de Jorge Jesus não contenha
um recado. Tem. Parece-me é que
com um alvo diferente. Jesus sabe
que Luís Filipe Vieira já investiu mais
neste mercado do que em qualquer
outro na história, não só da sua pre-
sidência mas também do clube. En-
tre Everton Cebolinha, Waldschmidt,
Darwin Núñez e Vertonghen — tire-
mos Pedrinho da equação, porque
estava contratado antes da chegada
de Jesus — já vão bem mais de €60
milhões. E mais alguns chegarão.
Jesus sabe que o investimento é ele-
vadíssimo e com isso a pressão au-
menta e muito. Vieira tem, digamos
assim, a cabeça no cepo, mas ao lado
está a de Jesus — alguém acredita
que um presidente traga um jogador
por 20 ou 25 milhões sem o aval do
treinador? —, a quem se exigem re-
sultados estratosféricos, a nível na-
cional, claro, mas também a nível
internacional. E com a eliminatória
com o PAOK à porta, o recado de
Jesus terá sido, nesta fase, mais para
fora do que para dentro.
Quando todos os adeptos exi-
gem mundos e fundos face aos mi-
lhões investidos, o que Jesus quis di-
zer, parece-me, é que estando a
construir uma boa equipa o Benfi-
ca não se pode, por muitos milhões
que gaste neste mercado, equipa-
rar às grandes equipas europeias.
E tem razão. Penso é que se foi esse
o objetivo Jesus se precipitou. Por-
que se o dissesse depois de passar
à fase de grupos da Champions,
toda a gente entenderia. O Benfica
não tem, mesmo que invista 100
milhões de euros no mercado, obri-
gação de ganhar a Liga dos Cam-
peões. Certíssimo. Há quem (e são
muitos) invista muito mais. Mas Je-
sus dizer o que disse antes do jogo
com o PAOK soa mal. Porque há
uma coisa de que Jesus não se pode
esquecer: depois de investir mais
de 60 milhões de euros, o Benfica
tem obrigação de chegar à fase de
grupos da Champions. Com ou sem
jogadores de top mundial. Não há
outra forma de olhar para as coisas.
É uma inevitabilidade. E dessa pres-
são Jesus não se livra com recados
ou sorrisos marotos.
Por
RICARDO QUARESMA
Lá, onde
a coruja dorme
- A todo o momento cresce o in-
teresse da juventude alemã pela avia-
ção sem motor
2.A todo o momento cresce o in-
teresse da juventude alemã pela avia-
ção sem motor - A todo o momento cresce o in-
teresse da juventude alemã pela avia-
ção sem motor
Destaque
Destaque
Destaque
Destaque
O que a goleada
deixa por dizer
ideia de que Portugal pode jogar bem e
ainda assim ganhar, mas a estratégia
provavelmente será novamente guar-
dada na gaveta, com a influência que Ro-
naldo recuperará no regresso ao onze e
que forçará a um jogo mais vertical, a ten-
tar alimentar as suas finalizações
O resultado esconde, no entanto, al-
gumas imperfeições. Como a pressão
não funcionou nos primeiros minutos, a
Seleção refugiou-se num bloco médio
baixo, o que permitiu fases ainda algo
longas de posse de bola croata (ainda
que sem presença na área) e deixa algu-
mas dúvidas para os jogos com Suécia e
França. Além disso, apesar de o terceiro
golo ter sido marcado graças ao engodo
gerado pelo posicionamento falso de João
Félix, nem sempre os companheiros sou-
beram ler o espaço libertado quando saía
de posição. Continua um bom plano, mas
precisa de trabalho. Fica a ideia.
A goleada reforça
a ideia de que Portugal
pode jogar bem e ainda
assim ganhar
U
M PORTUGAL sem Ronaldo go-
leou uma vice-campeã mundial
Croácia sem os dois hemisférios
do seu cérebro, Rakitic e Modric, a pedi-
do dos próprios. Sem um capitão que em
campo funciona como um general, a res-
ponsabilidade distribuiu-se naturalmen-
te pelos lugares-tenentes Bruno Fer-
nandes, Bernardo Silva e João Moutinho.
Já do outro lado, Dalic não tinha ninguém
de patente próxima dos seus craques e
fez hara-kiri ao deixar no banco os sar-
gentos Brozovic e Perisic. Sem lideran-
ça, os croatas capitularam. Não sendo da
sua conta, os portugueses partiram para
um jogo sólido e para a goleada.
A Seleção conseguiu-se ligar-se em
ataque posicional – a presença de João
Félix como falso 9, a vontade de Bruno
Fernandes em organizar e as diagonais
de Bernardo e Jota forçavam quase na-
turalmente estratégia – e entregou a
profundidade aos laterais e a Jota, que
eram ainda capazes de, a espaços, sobre-
lotar o corredor interior. A vitória era uma
questão de tempo. A goleada reforça a
Por
LUÍS MATEUS
Bola do Mundo
Por
MIC SMITH/AP
Grupo de mulheres
(Billie J. King,
Peaches Bartkowicz,
Kristy Pigeon,
Valerie Ziegenfuss,
Judy Tegart Dalton,
Julie Heldman, Kerry
Melville Reid, Nancy
Richey e Rosie
Casals) que
ajudaram a formar,
há 50 anos, o
circuito profissional
feminino de ténis,
foi ontem
homenageado, na
Family Circle Cup,
nos EUA
Tributo às
origens do
circuito
feminino