Da sombra de Sagan para a luz
bbb Os ciclistas foram para a
partida sem saber se teriam de
abandonar, pela covid-19, mas,
mesmo partindo, os nervos
não acalmaram ao longo do
dia. A jornada era plana, mas o
vento, que facilitou algumas
vezes, também ditou quedas
e rasgos no pelotão. Guillau-
me Martin (Cofidis), terceiro,
e Tadej Pogacar (UAE) foram
ao chão e tiveram de recuperar
30 segundos para um pelotão
apressado. Os abanicos gera-
ram vários cortes, sendo o
mais preocupante a 15 km da
meta, quando Miguel Ángel
López (Astana) quase deixou
fugir os rivais à entrada da ilha
de Ré, estreante a receber o
Tour. O colombiano lá recupe-
rou e as curvas apertadas na
ilha de apenas 30 quilómetros
não causaram danos na geral:
imperou o sprint e, aí, Sam
Sam Bennett (Deceu-
ninck) ganha na Volta
que lhe faltava, num
dia de muitos nervos
para o pelotão
Bennett ganhou pela primeira
vez no Tour. O irlandês, que se
mudou para a Deceuninck-
Quick Step este ano, depois de
épocas na sombra de Peter Sa-
gan (Bora), comemorou em
lágrimas o triunfo na Grand
Boucle, de onde tinha sido
preterido noutras épocas pela
anterior equipa. Agora já sabe
o que é ganhar em todas, lem-
brando que já vencera no Giro
e na Vuelta. Voltou a liderar a
camisola dos pontos ao bater
Caleb Ewan (Lotto Soudal) e
Sagan na meta. —F.B. Sam Bennett vence etapa
FREDERICO BÁRTOLO
bbb Os protocolos eram cla-
ros: o primeiro dia de descanso
marcava um enorme exame ao
ciclismo na pandemia e a mo-
dalidade resistiu. Como pre-
visto no regulamento, o pelo-
tão da Volta a França foi dupla-
mente testado no dia de des-
canso e nenhum dos 165 ciclis-
tas que ontem partiram para a
décima etapa acusou positivo
ao vírus. Dentro da bolha imu-
nitária, só quatro elementos
do staff, distribuídos por Ineos,
Mitchelton, AG2R e Cofidis,
contraíram covid-19: estes fo-
ram imediatamente afastados
da caravana e a Quick-Step li-
vrou-se do mesmo por o labo-
ratório ter corrigido um falso
positivo. Muitos destes fun-
cionários são quem chega pri-
meiro aos hotéis ou trata da ali-
mentação, o que os torna de
risco, porém o contágio foi evi-
tado. Ainda assim, nos próxi-
mos sete dias, Ineos, Mitchel-
ton, AG2R e Cofidis não po-
dem ter outro caso, sob pena
de serem eliminadas. Não hou-
ve uma debandada por covid-
19 como se chegou a prever:
logo, a Volta a França, que até
teve muita montanha na pri-
meira semana para precaver
um possível final antecipado,
está para continuar... se o país
deixar.
A organização da prova
(ASO) demorou a comunicar
os resultados e os corredores
foram para a zona de partida na
incógnita. A maior surpresa foi
saber que o diretor Christian
Prudhomme era o quinto in-
fetado. O francês não tem con-
tacto com as equipas e não faz
parte da bolha imunitária, po-
rém testou-se pela quarta vez
no dia de descanso e agora verá
ao longe durante sete dias.
“Vou ver pela televisão, o que
não faço há 15 anos”, disse, sa-
lientando que o ciclismo su-
pera outras modalidades: “Eles
vivem como monges. Não me
surpreende que não haja casos
no pelotão.”
Apesar de desvalorizar o fac-
to de estar infetado, a situação
gerou um problema estatal: é
que o primeiro-ministro fran-
cês, Jean Castex, mesmo usan-
do máscara, esteve com
Prudhomme no sábado: colo-
cou-se em isolamento ontem
de manhã, mas os testes à co-
vid-19 foram negativos. Ficou
cancelada a reunião do político
com o presidente Emmanuel
Macron, que assinalou a ne-
cessidade de maior vigilância,
e a corrida continua em risco,
mesmo os ciclistas estando a
dar o exemplo: dos 841 testes
realizados, só cinco positivos,
número que orgulha a França,
que ontem teve 6544 novos
casos, depois de na sexta ter
chegado quase aos nove mil.
Foi surpresa ainda o
diretor da prova estar
infetado. Primeiro-
ministro esteve com
Prudhomme, já testou
negativo, mas o presidente
Macron pede vigilância:
ontem houve 6544 casos
CICLISMO Testes à covid-19 aos atletas deram negativo e dentro da
bolha só quatro membros de staff têm o vírus. Ordem é para seguir
Não há qualquer ciclista da Volta a França infetado com a covid-19
10.ª ETAPA
Ilha d’Oléron-ilha de Ré (168,5 km) (153 km)
1.º Sam Bennett (Deceuninck) 3h35m22s
2.º Caleb Ewan (Lotto Soudal) m.t.
3.º Peter Sagan (Bora-Hansgrohe) m.t.
4.º Elia Viviani (Cofidis) m.t.
5.º Mads Pedersen (Trek) m.t.
6.º André Greipel (Israel Start-Up Nation)m.t.
- º Bryan Coquard (Vital Concept) m.t.
8.º Cees Bol (Sunweb) m.t.
61.º Nelson Oliveira (Movistar) m.t.
GERAL INDIVIDUAL
1.º Primoz Roglic (Jumbo-Visma)42h15m23s
2.º Egan Bernal (Ineos) a 21s
3.º Guillaume Martin (Cofidis) a 28s
4.º Romain Bardet (AG2R) a 30s
5.º Nairo Quintana (Arkéa) a 32s
6.º Rigoberto Úran (EF) m.t. - º Tadej Pogacar (UAE Emirates) a 44s
8.º Adam Yates (Mitchelton) a 1m02s - º Miguel Ángel López (Astana) a 1m15s
10.º Mikel Landa (Bahrain) a 1m34s
66.º Nelson Oliveira (Movistar) a 1h07m35s
VOLTA A FRANÇA
TESTES
841
Foram feitos 841 testes aos
elementos da caravana e
não existe contágio a
registar num pelotão ainda
com 164 atletas em prova
MODALIDADESMODALIDADES
Chris Froome (Ineos), a
competir no Tirreno-
Adriático para ajudar a
Geraint Thomas a tentar
ganhar, descarta a presença
nos Mundiais de ciclismo,
entretanto relocalizados
para Imola. “A Vuelta é o
objetivo e não vou aos
Mundiais. Vou fazer blocos
de treino em altitude e talvez
vá à Liège-Bastogne-Liège”,
afirmou o tetravencedor do
Tour. —F.B.
MUNDIAL FROOME
FOCA-SE NA VUELTA
Pascal Ackermann está em
grande momento. O corredor
da Bora-Hansgrohe foi o mais
rápido na segunda etapa do
Tirreno-Adriático e somou a
segunda vitória consecutiva
na corrida, batendo ao sprint
Fernando Gaviria (UAE) e
Rick Zabel (Israel Start-Up
Nation). Os portugueses
Rúben Guerreiro (EF) e Rui
Costa (UAE) foram 30.º e
39.º, respetivamente, e não
cederam tempo.
TIRRENO BIS PARA
ACKERMANN
Christophe Petit Tesson / EPA
Kenzo Tribouillard / AFP
TOUR SEM TRAVÕES
Quarta-feira, 9 setembro 2020
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