08 A BOLA
Quarta-feira
9 de setembro de 2020
SELEÇÃO A jSUÉCIA-PORTUGAL
Futebol
O ‘mister’ de A BOLA
É muito difícil ganhar
a Portugal. Fernando
Santos é o maestro de
orquestra afinada
15 minutos
1
Fernando Santos só fez uma
alteração em relação ao jogo
com a Croácia, saída de Jota
e entrada de Ronaldo, não
alterando o sistema mas
transformando um pouco as di-
nâmicas, sobretudo no corredor
esquerdo, assistindo-se a trocas
posicionais entre CR7 e João Félix
num 4x3x3. No momento defen-
sivo, em 4x1x4x1, com Cristiano
muitas vezes na esquerda, outras
vezes João Félix, Portugal teve di-
ficuldade em controlar o lado di-
reito da Suécia nos 15’ iniciais. A
Suécia apresentou-se no 4x4x2 ha-
bitual, com dois médios interiores
que criaram dificuldades e teve
ocasião aos 2’, única vez em que
criou problemas. Nos primeiros
15’, as equipas tiveram dificulda-
des em controlar o jogo. A partir
daí, Portugal começou a controlar,
mas com défice nos corredores: os
laterais não se projetaram muito,
ao contrário do jogo com a Croá-
cia, talvez por gestão de cansaço,
pois Portugal repetiu 10 atletas.
Não faz sentido, em momento atí-
pico, com apenas 72 horas de des-
canso, haver só três substituições.
Daí alguns selecionadores, como o
sueco, fazerem muitas alterações
(cinco). Fernando Santos não é
muito de mexer, tem a sua equi-
pa-base, mexeu só em Jota. O me-
lhor do mundo justificou.
Histórico
2
Cristiano Ronaldo voltou a
fazer história, num está-
dio onde já tinha sido fe-
liz. Foi feliz outra vez. O
regresso do nosso capitão
foi fundamental. Dizer que a Sele-
ção sem Ronaldo é melhor é um
atentado ao futebol. É insubstituí-
vel. Já ganhámos sem ele, mas com
ele a Seleção fica muito melhor e
ontem assistiu-se a uma demons-
tração cabal. Cristiano volta a ba-
ter recordes, é o jogador a nível
europeu com mais golos na sele-
ção, 101. Houve um grande duelo
entre Ronaldo e Olsen, o melhor da
Suécia, que fez três/quatro gran-
des defesas, mas aos 44’ surge lan-
ce muito importante, a expulsão de
Svensson, que coincide com o golo
do Ronaldo. Já merecíamos, éramos
melhor equipa nessa altura.
Maturidade
3
Com menos um, pensa-
ríamos que a Suécia rea-
parecia num 4x4x1, no
entanto não quis abdicar
dos dois da frente e reor-
ganizou-se num 4x3x2. Mas Por-
tugal, contra 10, foi dono e senhor
do jogo, mesmo sem ser extraor-
dinário. Revelou inteligência, ma-
turidade. Depois surgiu o segun-
do golo, extraordinário, tudo de-
cidido. Poderia ter feito mais um,
o resultado peca por escasso, num
jogo à partida difícil, mas que se foi
tornando mais fácil. Na 1.ª parte,
a saída de Bernardo Silva é natu-
ral, vem de paragem, não terá re-
cuperado nas melhores condições,
mas entrou Gonçalo Guedes, mais
agressivo, e Portugal conseguiu
mudanças de flanco rápidas, crian-
do dificuldades à Suécia. Não tive-
mos a criatividade que tínhamos
tido contra a Croácia, mas fomos
muito objetivos, tivemos Cristia-
no, que é um extraterrestre, que
voltou a fazer história. Jota, pelo
jogo que tinha feito, mereceu en-
trar. Danilo, qual limpa pára-bri-
sas, fez grande exibição, como os
dois centrais, João Félix está cada
vez mais confiante. Vitória justís-
sima, Seleção cada vez mais con-
fiante, sintonia perfeita. Portugal
tem presente e futuro garantidos.
É orquestra afinada por Fernando
Santos, o maestro. É muito difícil
ganhar a Portugal, das melhores
seleções do mundo.
O árbitro de A BOLA
Este árbitro pode vir
a ser um caso sério,
se mantiver os pés
assentes no chão
(e a barra da baliza) a desvio in ex-
tremis para canto: ficou a sensação
de que CR estaria ligeiramente
adiantado no momento do passe de
Cancelo.
Quando uma equipa fica em su-
perioridade numérica, um árbitro
com qualidade percebe que algo
mudará: a vertente tática altera-se,
as zonas ocupadas do terreno são
outras e a predisposição emocio-
nal dos atletas fica diferente. An-
tecipar tudo isso é sinal de inteli-
gência e sensibilidade para o jogo.
Makkelie, que é craque da ca-
beça aos pés (e sabe-o), dominou
os acontecimentos com categoria,
não evitando, porém, algum rela-
xamento nos instantes finais. Esse
perigo, provocado pela inexperiên-
cia e por algum deslumbramento,
pode gerar desconcentração e essa
pode levar a erros fatais. Felizmen-
te não foi o caso.
Logo no reatamento, uma bola
foi desviada pelo braço direito de
Krafth. O defesa fez movimento
instintivo, mas manteve-o bem
próximo do corpo. Lance legal.
Mais tarde, Guerreiro e Félix su-
cumbiram à fadiga e foram bem
advertidos por reações desneces-
sárias. Cancelo, em cima dos 90’,
pisou o pé de um adversário e ar-
riscou amarelo que... foi mostra-
do a quem o pediu: Jan Andersson
Antes (81’) Ronaldo isolou-se
mas foi sancionado por fora de
jogo. O avançado pareceu ter o
tronco inclinado face aos pés do
penúltimo adversário.
Arbitragem competente de ár-
bitro com muita qualidade. Pode
ser um caso sério se mantiver os pés
assentes no chão.
Competente
O
Suécia-Portugal foi ar-
bitrado por Danny
Makkelie, holandês que
dirigiu recentemente a
final de Liga Europa e
que é um dos melhores da atuali-
dade. A prova da qualidade de um
árbitro assenta na forma como im-
põe personalidade em campo e
Makkelie tem esse atributo: é as-
sertivo e credível. Os jogadores
sentem-no e respeitam-no.
Ontem, numa primeira parte
pouco exigente, acertou nas duas
situações mais desafiantes: aos 14’,
exibiu bem o primeiro amarelo a
Svensson, que falhou o tempo de
entrada, rasteirando Bruno Fer-
nandes de forma antidesportiva;
depois, aos 44’, mostrou (igual-
mente bem) o segundo ao mesmo
jogador, no caso por derrubar João
Moutinho de forma negligente.
Duas decisões corajosas, com im-
pacto no resultado (CR marcou na
sequência da segunda infração).
Pelo meio, dúvidas apenas num
ataque conduzido pelo capitão por-
tuguês, que obrigou Robin Olssen
Por
Por DUARTE GOMES
VÍTOR MANUEL
DANNY
MAKKELIE^7
A nota ao árbitro
Na tentativa de atacar a bola, o lateral
português João Cancelo acaba por chegar tarde,
pisando o pé do sueco Robin Quaison, com risco
elevado. Cancelo podia ter visto o cartão amarelo.
Árbitro não o admoestou
A bola é cruzada da direita e acaba por^90 ’
ser cortada pelo braço direito de Krafth. Mas, sendo
verdade que o defesa sueco fez movimento, esse é
feito com o braço encolhido, colado ao corpo, sem
volumetria desnecessária. Lance legal
46 ’
RTP
O médio sueco Svensson chegou tarde
ao lance e entrou de forma claramente negligente
sobre o pé do português João Moutinho. Já tinha
visto, minutos antes, um cartão amarelo; neste
lance, viu, e bem, o segundo...
44 ’
CASOS DO JOGO
RTP RTP
SÉRGIO MIGUEL SANTOS/ASF
Cristiano Ronaldo foi pesadelo para Olsen e companhia
Simplesmente CR