NOVIDADES
A Quinta da Lêda, em Almendra, no concelho de Vila Nova de Foz Côa, é uma das pérolas da
Sogrape. Ao longo dos anos, a quinta foi crescendo e ganhando dimensão e diversidade. Aos pri-
meiros encepamentos de Tinta Barroca, Tinta Roriz e Touriga Franca, juntou-se em 1985 a Vinha
do Grilo, na qual se fez a seleção clonal de Touriga Nacional.
Curiosamente, a aquisição da propriedade partiu de um engano. A Ramos Pinto andava à pro-
cura de terras em Almendra e o então proprietário da Lêda decidiu apresentar a quinta aos inte-
ressados. Erradamente, dirigiu-se à Ferreira. Na altura, foi recebido por Jorge Ferreira, que lhe
disse ser a Ramos Pinto a empresa que procurava. Nessa altura, já António Rosas tinha comprado
a Quinta da Ervamoira, pelo que o negócio não se fez. Com todos os equívocos esclarecidos e a
propriedade novamente no mercado, Jorge Ferreira foi até Almendra e adquiriu a propriedade. A
compra aconteceu em 1979 e, nesse mesmo ano, plantam-se as primeiras vinhas.
Hoje com 160 hectares, dos quais 60 localizados junto ao rio Douro, na Lêda estão identificados
16 tipos de solo, na sua maioria xistosos, com proveniências e idades diferentes, existindo também
solos argilosos na margem do rio. A aridez e rudeza, a omnipresença do Monte da Callabriga,
conferem à quinta características únicas. Não é por acaso que é desta propriedade que sai o Barca
Velha.
Mas o vinho Quinta da Lêda é também o seu enólogo. Luís Sottomayor fez a vindima na Lêda,
ininterruptamente, no período de 1989 a 2006. A vindima é totalmente manual e estas uvas
entram em vários vinhos da Sogrape, sendo que o Quinta da Lêda é constituído unicamente por
uvas da propriedade. Para o Douro Especial, que mais tarde será Barca Velha ou Reserva Especial
Ferreirinha, também a maioria das uvas é da Quinta da Lêda.
Provámos o mais recente lançamento desta referência, pretexto para uma prova vertical que
traça o seu percurso e perfil. Os vinhos têm um perfil bastante percetível em todos os anos aqui
provados, com a expressão do Douro bem vincada, a conseguirem fazer coexistir aromas de fruta
muito madura, com frescura e tanino sempre muito presente, a demonstrar muita consistência.
Trata-se de um dos perfis mais aprazíveis da Sogrape devido à sua continuidade e à abrangência
de consumo.
Os vinhos têm um perfil
bastante percetível
em todos os anos
aqui provados, com a
expressão do Douro bem
vincada, a conseguirem
fazer coexistir aromas
de fruta muito madura,
com frescura e tanino
sempre muito presente,
a demonstrar muita
consistência.
@revistadevinhos setembro 2020 · 370 ⁄ Revista de Vinhos · 125