Revista de Vinhos - Edição 370 (2020-10)

(Antfer) #1
NOVIDADES

o seu próprio vinho”, revelando que considera o Pico o sítio mais
extraordinário e deslumbrante para produzir vinho em Portugal.
Paulo Laureano IG Açores Branco 2018, com 4.000 garrafas, tem
como base o Arinto dos Açores, de vinhas velhas, complementado
com Verdelho.
Bucelas é o vinho que finaliza o primeiro momento da prova e que
representa a melhor região do termo de Lisboa para Paulo Laureano.
Há muito consultor de António Paneiro Pinto, de cujas vinhas surge
este vinho, Paulo sempre teve uma atitude que contraria o esque-
cimento que chegou a parecer o epílogo de uma história de glória
antiga. Estagiou em inox onde ficou com uma borra fina de levedura
durante um ano, sem qualquer batonnage. O restante estágio, em
depósito, foi feito sem essa borra durante mais 12 meses. Só depois
se engarrafou e a produção tem uma quantidade de 3.300 garrafas.
Depois, o segundo momento da refeição reuniu novo conjunto
de três vinhos brancos, todos produzidos na Vidigueira, mais uma
grande origem histórica de brancos. Com o primeiro, viajamos até
outra ilha portuguesa. Nos muitos anos a trabalhar com produtores
de vinhos tranquilos na Madeira, Paulo Laureano interessou-se pelo
Verdelho, pela sua história e pela sua plasticidade. Diz-nos que o
“Verdelho português” é aquele que se começou a plantar na Madeira
no século XV e depois foi levado para os Açores. Tem testemunhado
a personalidade forte dos Verdelhos insulares e, por isso mesmo,
foi trazendo varas de vinhas velhas desta casta e enxertando em
vinhas velhas na Vidigueira, completando 1,5 ha. Este branco integra
uma coleção especial, Genus Generationes, que atribui o nome do
membro da família mais parecido com o vinho. Parece que a irreve-
rência caracteriza a filha Maria Teresa e assim conhecemos o Paulo
Laureano Genus Generationes Maria Teresa Laureano Verdelho


  1. Com uma edição de 7.200 garrafas, foi fermentado em inox
    “para não perder as características que o distinguem”.
    Do Verdelho insular, damos um salto para o Antão Vaz, reconhe-
    cidamente um dos pilares da Vidigueira. Mas a proposta é embarcar
    numa viagem pela nossa memória cultural. A Norwegian Sea Food
    Council motivou o aparecimento desta gama, quando desafiou Paulo
    Laureano a desenhar um vinho para acompanhar precisamente
    pratos de Bacalhau, desafio que Paulo nos diz ser “pleno de utopia”
    e que materializou num branco e num tinto.


De seguida, Paulo Laureano Vinhas Velhas Private Selection
Branco 2018, com o qual tivemos oportunidade de conhecer o que é
realmente o Antão Vaz da Paulo Laureano Vinus. As vinhas velhas,
os solos de xisto duro, as pequenas encostas, as noites frescas como
um oásis no calor da região, a Serra do Mendro, as pequenas hortas
aqui e ali. É um vinho que fermentou em barrica de carvalho francês,
onde estagiou 6 meses, numa edição de 13.000 garrafas.
O último conjunto de três vinhos, juntou um branco e dois tintos,
todos das vinhas da Vidigueira e cada um a propor novas viagens. O
primeiro, o Inventum Branco 2018, transporta-nos para a memória
coletiva dos descobrimentos. Vasco da Gama foi o 1º Conde da
Vidigueira e o termo latino “inventum” significa “descoberta”.
Este vinho, assim como o tinto, vai na 3ª edição e foi criado para a
Garcias Gourmet com o objetivo de levar as castas mais emblemá-
ticas da Vidigueira à descoberta de novos consumidores. O branco é
uma outra expressão do Antão Vaz, com estágio em barrica nova e
usada, numa quantidade de 3.300 garrafas. É sério e não por acaso
acompanhou carne. Por fim, dois tintos, ambos de 2015, a partir de
lotes distintos de Aragonez, Trincadeira, Alicante Bouschet e Tinta
Grossa. O Paulo Laureano Bacalhau Escolha DOC Vidigueira, mais
concentrado, com estágio em barrica de carvalho francês durante
18 meses (6.600 garrafas) e o Inventum, com 12 meses de estágio,
também em carvalho francês (4.000 garrafas). Aqui há que recordar
a importância de Paulo Laureano na recuperação da variedade Tinta
Grossa, exclusiva da Vidigueira, que esteve praticamente extinta.
Para o final estava reservada uma surpresa, antecipando uma
novidade que irá surgir no final do ano. Um vinho de sobremesa dos
Açores, cuja certificação (licoroso?) está ainda em curso. Trata-se de
um vinho doce natural, de 2003, que não foi fortificado e apresenta
um grau alcoólico de 17,5º. São apenas 400 garrafas e, mais uma
vez, resulta de uma viagem de descoberta e foi encontrado na Adega
Brum. Depois de muitos outros terem sido encontrados e provados,
este foi o que verdadeiramente desafiou Paulo Laureano e, para o
conhecer, há que esperar até a Natal. Todos os outros estão disponí-
veis no restaurante Impecável e na primeira loja da Paulo Laureano
Vinus, em Queluz, aberta desde o início de Agosto, onde tivemos o
privilégio de fazer esta “Viagem com Vinhos”.

@revistadevinhos setembro 2020 · 370 ⁄ Revista de Vinhos · 129

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