Revista de Vinhos - Edição 370 (2020-10)

(Antfer) #1
Vender a história e o “país” e só depois
o vinho

Carlos Couto lamenta que nos mercados
internacionais, sobretudo aqueles mais
afastados dos mercados da saudade, onde
a emigração tem um papel determinantes
em vários domínios, os vinhos portugueses
estejam perto do “fim da cadeia”. “Num
supermercado, os destaques na secção de
vinhos vão para os vinhos franceses, ita-
lianos, californianos e só lá no final estão
os portugueses. Mesmo que em termos de
qualidade a ordem seja bem diferente”. O
empresário português considera exigente
a tarefa de promoção do vinho nacional
nesses mercados mas não impossível.
“Temos primeiro de colocar o vinho na
boca das pessoas. De nada serve colocar
na prateleira do supermercado se o país e
os vinhos não são conhecidos. E a opção
do vinho barato não é sequer uma opção.
Não temos vinho barato para competir com
outros países produtores de vinho real-
mente barato!”. David Marques Ferreira
corrobora a tese. E acredita que Portugal
vive uma fase particularmente favorável.
“Já não temos vinhos maus. Mesmo nos
entrada de gama. O trabalho é evidente e
a tónica deve manter-se na qualidade. Não
temos de nos envergonhar do que fazemos.
Estamos taco a taco com países consa-
grados. Temos irreverência e consistência.
E há depois uma efervescência em Portugal
que se nota no mundo”, descreve David.
Para já, o objetivo nos Tugas é “fazer o
país todo”. Isto é, ter nas prateleiras de
ambos os espaços todas as regiões portu-
guesas e todas as grandes referências nacio-
nais. “É um objetivo romântico mas tenho
a certeza que vamos conseguir”, afirma
Carlos Couto. “É preciso tempo. Porque
para conseguirmos isso temos de ter um
stock valente. São investimentos consecu-
tivos. Dinheiro ganho, dinheiro investido.
Dinheiro ganho, dinheiro investido. Mas
vamos conseguir”, confia o empresário
que já olha para o futuro: “Há um ano
não imagina estar aqui [em Singapura, no
segundo Tuga]. A minha sócia já fala em
Kuala Lumpur. E eu já acrescento Seul e
Tóquio. Mas para já estou maravilhado com
Singapura e com os resultados que o Tuga
tem tido”, conclui.

“O meu negócio é abrir lojas


de vinhos que fingem serem


restaurantes. Parece-me ser


o melhor modelo. Atraímos


as pessoas pela nossa boa


gastronomia portuguesa e, uma


vez clientes, servimos-lhes o


nosso vinho. Tem resultado”.
Chefe Tiago Martins, David Marques Ferreira e Carlos Couto

@revistadevinhos setembro 2020 · 370 ⁄ Revista de Vinhos · 55

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